Resvalar
a alma.
Como
pode ser, se tão etérea?
Abrandar
o tocar das pontas dos dedos -extremidades- sobre a face
exposta ao mundo.
Resvalar
os sonhos.
Como
pode ser, se tão "antimatéria"?
Arrastar-se
entre as armadilhas de um encanto poético.
Como
pode ser, se tão desejado?
Ouvir
o pisar sobre as folhas.
Como
pode ser, se mortas?
Como
ser sereno, se as mãos procuram o toque?
Amar
é sentir o frisson da alma.
A
eletricidade estática, estala.
Os
beijos estalam.
O
imensurável "Big-Bang" é o beijo divino?
É
assim... acreditando no impossível, perguntando o que não
tem resposta.
É
aguardando no cais do particular porto, a vinda da próxima
esperança.
É
um pé na estrela e outro na lama.
É
o grito e o silêncio.
Gozo.
Satisfação. Revolta. Tudo se mistura. Tudo é atração.
Tudo é repulsa.
Ponderar
o irracional é possível? É imaginável?
Esconder-se
entre as estrelas, e mostrar-se com os pés no chão. É
suportável?
Friccionar
as línguas, os corpos, as almas, os elementos, as experiências,
é o que se espera, sempre.
Friccionar
a paz é a guerra?
O
amor é palpável. Aproveitam-se e reduzem-no a pó.
O
amor é contra-senso e nisto está sua lógica.
Resvale
os lábios, as extremidades.
Aos
extremos, as extremidades!
Aguardar.
Aguardar.
Aguardar...
Autor:
Nilton Bustamante