TEIA DOS AMANTES
O fio tecido desce do teto até o meio do espaço vazio. Tão tênue, tão
delicado, tão disfarçado...
Armadilha.
Eu sei, eu sei...
O que você quer de mim?
Envolver-me com estas artimanhas?
Ser minha viúva negra?
Com o simples movimento do ar o fio dança pra lá e pra cá querendo me
alcançar.
Com o simples movimento da vida o fio invisível tenta prender-me. Pra quê?
Para me fazer sua presa?
Para sugar-me lentamente?
Diga-me: o que você quer?
Por que esta dança de caça?
Não é preciso, pois agora mesmo vou atirar-me sobre seu fio armadilha,
sobre suas presas mortais, em seus abraços, para nunca mais.
Quero somente fechar os olhos e suspirar o suicídio dos amantes...
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