João Andrade

A Queda

     Nunca quis ser o que era. Não era feliz como nascera, achava que o destino havia sido ingrato com ele. Tudo que desejava era ser normal como qualquer um de sua idade. Passear, freqüentar festas, praticar esportes e
principalmente cortejá-las.
    As jovens, as meninas arrebatavam seu pensamento, o cheiro do sexo das meninas invadia suas narinas como um bálsamo, como um narcótico lhe tirando a resistência. Não podia senti o que sentia, o remorso lhe corroia como um ácido, mas sempre que surgia uma oportunidade espreitava uma delas
a se banhar. A água escorria suave sobre os seios, os mamilos duros, os pêlos ralos cheios de gotículas formando cristais dissipando raios de luzes, arco-íris, luzes estrobósicas dançavam e giravam lhe tirando a lucidez.  Algumas pareciam sentir sua presença, pois faziam seu desejo aumentar com inocentes toques, mãos escorrendo pelas nádegas volumosas,
dedos ágeis desvendando grutas virgens. E ele, entorpecido, se dividia entre a delicia e o pecado, chegava ao impensado para alguém de sua condição: tocava-se. Procurava partes proibidas, até palavras como trovões ecoarem em sua cabeça. Sempre recuava, nunca foi além, temia o fogo eterno.
    Tudo piorara, não sabia a quem recorrer, não podia revelar seu segredo, temia represália, mas seu coração perdera o rumo, sua mente perdera o senso, estava apaixonado.
    A jovem era mais bela de que qualquer coisa que já vira na vida. Nada se comparava ao azul celeste do seu olhar, cabelos claros com longos cachos caídos, ar angelical, boca cor de amora, os seios fartos e hirtos, coxas roliças, nádegas rijas, andar insinuante.
    Estava perdido, algo precisava ser feito, ele sabia que não
resistiria, que logo cometeria o pecado da luxúria, condenaria sua existência ao fogo, ao sofrimento sem perdão.
   Conhecia todos os hábitos dela, o que fazia, por onde andava, a que hora se banhava.
   Lá estava ela, nua, uma deusa em carne, seus seios rosados pareciam apontar para ele.  Escondido entre galhos, observava de cima de uma árvore a razão de sua loucura, nada mais conseguia enxergar, ela sorria um sorriso lascivo, quase perverso, parecia ter pleno controle da situação, parecia ocupar toda a cena e todo o entendimento do pobre enamorado. Ele, hipnotizado, deixa-se levar pelos movimentos atrevidos de uma mão delicada buscando partes mais delicadas ainda. Sabia ele que não iria se conter, se ela se tocasse, ele iria para o inferno, condenaria sua existência ao pântano ácido e sulfúrico das criaturas caídas. Ela passou as mãos sobre os mamilos, fez uma pequena pressão, suspirou suavemente, lambeu os lábios
com volúpia, desceu a mão pelo ventre, acariciou os pêlos ralos, sentou, abriu suavemente as pernas, roçou de leve. Ele caiu da árvore, quebrou uma asa.


AUTOR:  João Andrade



João Andrade   

 

 

 
 
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