
DEUS, QUEM SOIS?
2°Lugar - Litteris
Editora/RJ-1996
DEUS,
Para mim
sois a chama
Do amor
e das paixões
Que
incendeia e que inflama
De
alegria os corações.
DEUS,
Para mim
sois todo instante
De sonho
e fantasia
Que me vêm
e que se vão
Como
versos de uma poesia.
DEUS,
Para mim
sois a nota forte
De uma
suave canção
Ou o
fremitude do som
No
prazer e na emoção.
DEUS,
Para mim
sois o trabalho
Que se
traduz em conquista
Meu
talento que sustenta
A
confiança benquista.
DEUS,
Para mim
sois a saúde
Que me
destes em gratuidade
A
firmeza dos meus passos
Segurança
em qualquer idade.
DEUS,
Para mim
sois a lealdade
Que
afasta qualquer empecilho
A
fidelidade dos esposos
O amor
entre eles e seus filhos.
DEUS,
Para mim
também sois a dor
Da
derrota ou da loucura
Pois
quando às vezes me assistem
Põem-me
à vossa procura.
DEUS,
Para mim
sois a fome
Que
nunca experimentei
Mas que
conheci nos olhos
Dos irmãos
com quem cruzei.
DEUS,
Para mim
sois o diálogo
Que
emudece os canhões
E reúne
novos homens
Em um
acordo de mãos.
DEUS,
Para
mim, dentre os sentimentos
Sois o
mais nobre: o perdão
Terapia
de autocura
Meta
para a reconstrução.
DEUS,
Sois
para mim sobretudo
A
inspiração que não veio
A frase
de arrebatar.
Porém
bem sabeis de tudo
Sois a
constante energia
A
chance do recomeçar...

NOS PALCOS DA VIDA
Litteris/1996
Poeta
não sou eu
que
busco a inspiração,
na
tentativa poética de descrever com perfeição
os
brilhos da minha ilusão...
Poeta
é você, meu astro,
que
brilha feito uma luz,
o sonho
menor reproduz,
na
fantástica euforia de uma nação-alegria...
Poeta
não sou eu
que na síntese
da trova,
ou na poética
prosa,
vou
dando à luz novos versos,
que
constroem meu progresso...
Poeta
é você, meu ator,
que no
palco se ilumina
e faz
descer com as cortinas
toda
cruel frustração;
e, na
mais eficaz terapia,
transforma
a melancolia em forte determinação.
Poeta
não sou eu
que
busco na rima florida
ou na
cena consagrada
reprogramar
minha vida, descortinar minha entrada.
Poeta
é você, meu atleta,
solto,
exposto, qual gigante, com passos de sete léguas,
ensinando
com grandeza
que, às
vezes, se deve dar trégua ao competir e vencer.
Poeta
não sou eu
que
requinto o meu bom gosto
e dou o
tom ao meu rosto
das
cores do ouro e roxo, como as primícias de agosto.
Poeta
é você, meu artista,
que no
circo vira palhaço e com seus estardalhaços
mostra o
melhor pedaço da vida, que com maestria,
entre
sonhos, fantasias, se renova, nunca morre...
Poeta
não sou eu
que
exercito a leitura
de sábios
pensadores
pra
lapidar a textura na perfeição dos valores.
Poeta
é você, meu cantor,
você
que interpreta, de fato, a vida, em seus melhores tons,
com suas
letras e canções, renova a sonoridade,
quando a
má competitividade quer calar as vozes firmes de uma sábia
geração.
Poetas
são tantos talentos,
que
vestem a vida de encanto,
travestem
anseios e dores, enfrentam adversidades,
erguendo
alto as bandeiras da justiça e da verdade.
Astros
também são os nomes dos cidadãos contra a fome..

CARNAVAL...
(Publicado
no portal português CEN, fevereiro_2003)
No
lusco-fusco das paixões carnavalescas
Rompi as
arestas de um pudor frio e machista
Que
concede à mulher, desde a mais terna idade,
Ares de
gazela ...vaidades chovinistas...
Extenuada em quatro noites de folia
Rasguei
meu coração, insossa fantasia
Vesti
meu tererê, rodei minha baiana
Fantasiei
de cinderela a meretriz....
Descolorindo ébria o fogo da paixão
Desafiei,
inebria a minha triste sorte,
Me fiz
errante, amante vil, fiel consorte
De um
prazer escravo que esfumaça em cinzas...
E venham
outros carnavais, se curem as marcas
Deste
amor louco, que num certo carnaval
Me fez
mulher, sem poder antes ser menina!
Ana
Maria Rosatto Servelhere
