Além da ilha

 

Descobri que sou ilha.

quando  pensei ser istmo.

Olho no espelho a face do abandono

e descubro no verso o meu retorno.

 

Descobri que sou pó,

fragmento, célula, microorganismo cósmico.

 

Avó  de meus desejos,

neta da esperança, filha do presente...

 

Sou gota,

sou germe,

sou semente.

 

Faísca incandescente,

sou o resultado da colisão

de cometas .

Sou o  último eco do trovão.

 

Gerei  a chuva,

o vento,

a dor.

 

Entre desiguais

pari a vida

e o esplendor.

 

Urdi meu caminho alheia ao mar

e sobre ele assentei meus pés,

esquecendo meus olhos no horizonte.

 

Mal percebendo que sobre a minha fronte

o sol toda noite volta a se deitar.

S.O.S.

Do pó ao pó

Do tédio ao pranto

Do sentimento doce

ao sofrimento ( tanto!)

Da vida à morte

um passo

 apenas

nos separa.

Paro.

Ignoro os sussurros de minha antiga alma

carcomida

por desejos vãos

e ouço os gritos de um espírito,

novo em folha,

 em  luta

 pela vida.

Opto

pelo despertar da aurora.

(Ao diabo, o que me espera !)

Tenho urgência  absoluta

do agora !

 

 

Henriette Effenberger

Pecado Original

Herdeira de Lilith,

me encolhi na dor

dos amores natimortos...

Assombro...

Rondo...

Percorro o escuro e sombrio

coração

– berço vazio -

.

Filha de Eva,

deliberadamente

 mordi o fruto

dos amores fortuitos...

Desobedeci...

Transgredi...

Alma errante,

nem no Édem,

nem nas profundas trevas

me encontrei.

Depuro  o pecado original

buscando

 meu espaço

entre o sagrado e o carnal.

                                                                  Butterfly

                 Henriette Effenberger