Cativeiro
A grande
maioria dos pássaros criados em cativeiro é granívora os motivos para a
escolha desse tipo de ave são conhecidos: disponibilidade e facilidade para
obter e oferecer alimentos, maior higiene nas gaiolas e viveiros, maior resistência
e facilidade de adaptação ao cativeiro. É interessante, por exemplo, notar a
rapidez com que um Papagaio aprende a descascar e comer sementes de girassol,
que nunca viu na natureza. O mesmo acontece com os granívoros brasileiros com
relação ao alpiste, que não é uma semente nativa.
Frugívoros
e nectívoros
O problema está no constante risco de doenças acarretado pela falta de
higiene própria desse tipo de alimentação. Em algumas espécies, a primeira
dificuldade está em ensinar esses pássaros a comer — e isso é devido,
geralmente, ao total desconhecimento de como certas aves se alimentam na
natureza. Um outro fator ocorre com os Piprídeos (tangarás) e particularmente
com os tucanos, além de um outro grupo de pássaros, os Cotingídeos, do qual
fazem parte, por exemplo, as arapongas (Procnias
spp). Tais aves, com seus bicos largos, são mais “engolidoras” do que
bicadoras, têm dificuldade em aprender a comer frutas inteiras e pegam com mais
faci1idade frutas picadas em pequenos cubos de 0,5 a 1 cm. Se colocarmos esses
pedaços numa papa, os tangarás, por exemplo, aprendem mais rapidamente a
alimentar-se desse novo tipo de alimento.
Um outro problema com os frugívoros e com os pássaros que se alimentam de
néctar está ligado às características de seu aparelho digestivo, onde
praticamente não há um armazenamento de comida e a própria dieta de frutas não
permite que o organismo faça reservas para as horas de necessidade. Assim, ao
contrário dos granívoros, que, com seu papo e moela bem desenvolvidos,
sobrevivem sem se alimentar durante várias horas, os frugívoros e nectívoros
necessitam de alimento a todo instante. Já se percebeu que nessas espécies a
interrupção do fluxo alimentar provoca um colamento das paredes do intestino,
o que na quase totalidade dos casos é fatal.
Além da vigilância para que não falte alimentos, é necessário tomar
cuidado para que as frutas e papas de frutas não se estraguem. Esses alimentos
nunca devem ficar expostos ao sol. Quando vários exemplares de frugívoros e
beija-flores são colocados num mesmo recinto, algumas espécies costumam tomar
conta do alimento e não permitem que outras se aproximem. Por isso é
totalmente desaconselhável a colocação de muitos pássaros num mesmo recinto.
Em viveiros grandes, a divisão entre comedouros será de grande valia.
Os beija-flores aprendem facilmente a beber nos bebedouros próprios. E os
onívoros também não oferecem grandes problemas de adaptação ao regime
alimentar do cativeiro.
Alimentação
básica e diária
Sementes, frutas e grande parte
das rações à venda no mercado são aproveitadas pelos pássaros como ração
de manutenção. Tanto as sementes (a maioria delas) quanto as frutas têm uma
baixa porcentagem de proteínas e são carentes de certos aminoácidos
essenciais.
As sementes também são pobres
em algumas vitaminas. Portanto, para obter pássaros que se reproduzam melhor,
com um número maior de postura, um melhor índice de eclosão dos ovos e
filhotes mais fortes e sadios, será necessário fazer uma ração especial.
Embora existam algumas à venda, muitos criadores - que, no fundo, são também
pesquisadores - preferem desenvolver suas próprias rações de criação. Isso
é válido tanto para o Brasil como para qualquer país do mundo. É
interessante notar que mesmo nos Estados Unidos ou em países da Europa, onde se
pode comprar rações até com ovos de formigas ou com frutas desidratadas,
muitos criadores preferem fazer suas próprias rações.