Como Cuidar das Aves
A
manutenção de seu criadouro deve
ser feita de uma maneira organizada e preestabelecida. Nos primeiros dias você
vai gastar muito tempo, mas, com a prática, tudo ficará mais fácil e rápido.
Nas
gaiolas com comedouros externos padronize a colocação dos alimentos e da água.
Por exemplo: água nos dois extremos e sementes nos das portinhas. Encha um dos
recipientes restantes com areia e use o outro para colocar um alimento de que
uma espécie gosta e outras não, como, por exemplo, quirera de milho para Canários-da-terra.
Deve
ser feita de preferência na parte da manhã. Frutas, verduras e alimentos que
contenham ovo precisam ser troados diariamente. Para os granívoros e onívoros,
que estio habituados tom rações, é possível utilizar comedouros maiores ou
automáticos que permitiriam um estoque de comida para vários dias, embora isso
não seja aconselhável.
Deve
ser trocada todos os dias. A água parada muito tempo num bebedouro fica suja e
permite o aparecimento de germes e fungos que serão nocivos à saúde dos pássaros.
Coloque banheiras duas ou três vezes por semana e se possível retire-as logo após o banho para que as aves não bebam água suja. Na época da reprodução será necessário colocar as banheiras no recinto praticamente todos os dias, pois as fêmeas necessitam tomar banho para umedecer os ovos.
Comedouros
Os usados com alimentos secos devem ser lavados periodicamente
pois com o tempo acumulam poeira
e restos
de sementes e rações, o que provocará a formação de bolor. Os comedouros
dos frugívoros têm de ser lavados todas as vezes em que as frutas forem
trocadas.
Bebedouros
Como
já dissemos, a água pode ser uma fonte muito perigosa de doenças e por
isso a limpeza dos bebedouros deve ser feita diariamente Utilize uma escova que
alcance todos os cantos dos bebedouros e lave-os sob água corrente.
Para
uma desinfecção mais segura, use uma solução de sais quaternários de
amônio a 10%. Dilua 5 ml dessa solução - mais ou menos 2 colheres das de café
— em 1 litro de água e mergulhe os recipientes nesse líquido. Antes de
colocar os bebedouros novamente nas gaiolas, dê-lhes uma boa lavada em água
corrente. A
mesma técnica pode ser usada com todos os utensílios do aviário e das
gaiolas.
Os
bebedouros de Beija-flores e nectarídeos merecem uma atenção especial. Se não
for feita uma limpeza escrupulosa, a solução açucarada fermenta, propiciando
o aparecimento de fungos que atacam especialmente a língua dos Beija-flores.
Alguns
criadores usam areia no fundo da gaiola, mas é mais prático utilizar papel, de
preferência aqueles que são mais absorventes, como o papel-jornal. Se suas
gaiolas são de um mesmo tamanho, mande cortar os papéis na medida do fundo.
Isso facilitará o seu trabalho.
A
periodicidade da troca vai depender do tamanho da gaiola e do tipo e da
quantidade de pássaros. De qualquer forma, nunca demore mais que uma semana. As
grades devem ser limpas mais vezes por semana, com uma escova de aço, água e
sabão.
Os
viveiros e as paredes do criadouro devem ser pintados com cal, que atua como
desinfetante. O piso do criadouro pode ser lavado com desinfetantes de uso doméstico,
na mesma dosagem indicada para cozinhas e banheiros.
Um
outro cuidado com a limpeza e a higiene dos criadouros deve ser tomado em relação
a você mesmo e às visitas. As solas dos sapatos são veículos comuns de
germes. Coloque sempre um capacho embebido com desinfetante doméstico na
entrada do local onde estão as gaiolas e viveiros. Procure não visitar
criadouros e aviculturas que não mantenham um mínimo padrão de higiene. Na
Europa e nos Estados Unidos são proibidas as visitas durante a época de
reprodução.
Viveiros comunitários são aqueles em que coabitam mais de um casal de pássaros da mesma espécie ou de espécies diferentes. Em princípio parece mais lógico construir um recinto maior, em vez de ter várias gaiolas ou viveiros, pois isso diminui o tempo gasto com a alimentação e a limpeza. Em viveiros comunitários é possível ainda utilizar sistemas de água corrente, que assim estará sempre fresca. Apesar de facilitar seu trabalho, esse esquema de água corrente poderá ser desastroso no caso de uma infecção, que se propagará para as outras aves que fizerem uso dessa água. O problema é que muitas espécies dificilmente se reproduzem em viveiros comunitários.
Devido
à grande variedade e à enorme possibilidade de combinações, é praticamente
impossível dizer quantos e quais pássaros podem ser colocados num mesmo
viveiro.
Se
sua intenção é simplesmente ter pássaros, não importando se haverá ou não
reprodução e se a reprodução vai ser ou não dirigida, os viveiros comunitários
são uma boa solução.
Sua
sensibilidade será importante para determinar o número de espécies que poderão
conviver.
Ao
observar o menor sinal de hostilidade retire imediatamente o pássaro agressor
do viveiro, pois isso evitará perseguições que poderão resultar em mortos e
feridos. Não espere que as coisas se ajeitem sozinhas. Isso quase nunca vai
acontecer.
Algumas “dicas” do comportamento das espécies podem ajudar a escolher os pássaros para o viveiro, mas lembre-se de que mesmo nas espécies tidas como mansas e dóceis pode haver espécimes briguentos que devem ser isolados.
Os
chamados pássaros territorialistas podem conviver perfeitamente durante um período
do ano. Na época da reprodução, porém, haverá uma disputa pelo território
e os mais fortes tentarão expulsar os mais fracos, com sérias conseqüências.
Se mais tarde um equilíbrio entre eles for estabelecido, resta ainda a
possibilidade de uma disputa pelo material de ninho e como resultado muitos
deles serão feitos e desfeitos várias vezes, com sérios prejuízos para a
procriação.
Na
natureza, há um certo número de aves que vivem em colônias. Essas são as espécies
ideais para os viveiros comunitários:Tecelões (PIoceidae),
Tirivas (Pyrrhura spp), Caturrita
(Myopsitta monachus), Ararajubas (Aratinga
guarouba) e poderíamos ainda incluir de um modo geral os Estrildídeos que,
se na natureza não são típicos criadores em colônias, o fazem com facilidade
em cativeiro.
Os
Psitacídeos e os Tecelões devem ser mantidos em grupos da mesma espécie. Já
os Estrildídeos podem ser misturados em viveiros com vários casais de espécies
diferentes
O
problema nesse caso é que você não pode formar os casais e assim não terá
os filhotes selecionados na cor que deseja. Nos viveiros com espécies
diferentes sempre haverá a possibilidade de nascerem híbridos e mestiços, o
que deve ser evitado.
Os
melhores resultados em viveiros comunitários se obtém quando neles colocados pássaros
de famílias bem diferentes. Nesses casos, as disputas diminuem e há uma grande
possibilidade de reprodução com um casal de Coleirinhas um de Rolinhas, um de
Saíras, um de Saí-bico-fino e um de Rouxinol-do-japão por exemplo. Nunca
misture pássaros pequenos com grandes; todos têm de ser do mesmo porte.
Os
viveiros comunitários ainda apresentam alguns aspectos especiais de
manejo que serão tratados aqui. Se em princípio esses viveiros facilitam o
trabalho de alimentação eles em Contrapartida oferecem alguns problemas
decorrentes da diversificação de pássaros num mesmo ambiente.
Como
geralmente um viveiro comunitário tem vários pássaros, fica difícil
perceber quando há algum problema com um deles. Uma ave que está mais fraca é
sempre enxotada e obrigada a ficar em constante movimento, dando uma falsa
impressão de saúde, o que dificulta a percepção do que está ocorrendo É
praticamente impossível fazer um controle pelas fezes, e quando se nota que um
pássaro está doente, a enfermidade já se encontra num estado clínico muito
avançado e ele apresenta poucas possibilidades de cura.
Para
que não haja briga entre pássaros com os mesmos hábitos alimentares e para
que não se misturem tipos diferentes de alimentos — alpiste com frutas, por
exemplo — convém colocar os comedouros em pontos diferentes ou construir uma
divisória que não permita que um pássaro veja o outro no comedouro ao lado.
Para Beija-flores, há necessidade de mais de um vidro, se houver mais de um
Beija-flor.
Com
o passar do tempo, irão se formar grupos no recinto, com dominantes e
dominados. Qualquer ave solta no viveiro será recebida como intrusa e será
atacada imediatamente, pois os outros pássaros verão nela uma concorrente na
disputa pela alimentação e pelo território.
O
jeito então é não soltar de uma vez o passarinho. Coloque-o numa gaiola e
ponha-a dentro do viveiro. Alguns virão observa-lo e outros tentarão ataca-lo,
mas ele estará protegido pela gaiola. Depois de dois a três dias as aves se
acostumarão com aquela presença e você então poderá abrir a porta da gaiola
para que o pássaro saia livremente. A possibilidade de ocorrência de brigas
será bem menor nesse caso.