poemas
Dalto Fidêncio
A sala, envolta em meia-luz, cheira à morte.
As chamas das velas bruxuleiam, brincando aos ventos
Carpideiras deitam lágrimas, num teatro de lamentos
E no centro ele jaz, o poeta, já sem sorte.
Pobre Dalto, dizem uns, tão jovem e já partiu!
Ele parece dormir, mas sofreu o abraço eterno
Da Dama de Negro, que o tocou e o feriu
Levando o poeta consigo, para o Céu, para o Inferno?
Os doutores, incapazes, de curar-lhe de seu mal
Que não se sabe o que era, pois doença não havia
Quem conhecia o poeta, sabe que ele não sorria
Mais pra nada neste mundo...e isto lhe foi fatal
Tristeza era o que tinha, o poeta apaixonado
Pois não via sua Musa, que estava tão distante
A saudade foi minando, as forças deste coitado!
Que chorava poesia, com as lágrimas de Dante
Amando tanto sua Musa, tanto, tanto, que sofria
E não tendo-a em seus braços, caminhou ao triste fim
Foi morrendo a cada dia, um pedaço dele assim
Definhou então o poeta, privado de toda alegria
E chegou então o dia, em que parou seu coração
O poeta das trevas e da melancolia nos deixou
Sereno, deitou-se na surrada cama sem paixão
E com uma foto da amada, nos braços ele ficou
Agora na triste sala, o poeta jaz sem vida
Em seu berço eterno de carvalho esculpido
Quem observa diz que ele não parece ter morrido
Mas que apenas dorme ali, sonhando com sua querida
Poderiam ainda sonhar, mesmo aqueles que partiam?
Seria isto um fato, alguém poderia afirmá-lo?
Mas os que sabem do imenso amor que eles sentiam
Não duvidam que da Musa, nem a Morte poderia separá-lo
Partiu aquele poeta, que não conheceu a felicidade
Que teimava em escrever versos, com seu coração ferido
Que víamos a recitar, sempre com seu olhar dorido
Deixou-nos seus poemas...os seus versos de Saudade!
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