Axioma













inicial

poemas

arquivo

fotos





poemas

Antônio Carlos Sanches



BOCA

Boca louca percorrendo corpo lasso
Boca farta, sorvendo o mel de tantas bocas
Boca amarga, maldizendo tantos filhos
Boca árida, descobrindo tanta fome
Boca fêmea conspirando tantos césares
Boca negra sepultando tantos horrores
Boca muda engolindo tanto sapo
Boca murcha agonizando a juventude
Boca ávida, orgástico acalanto
Boca maldita condenando a paz
Boca santa curando as chagas
Boca insana gerando tantas guerras
Boca pueril sugando as tetas
Boca frívola dispersando palavras
Boca púbere preconizando quimeras

Boca de beijar amores,
Beijar suores salobres,
Beijar hebreus ignotos,
Beijar placentas parideiras,
Beijar terras semitas,
Beijar mãos proscritas,
Beijar bocas adúlteras,
Beijar coxas roliças,
Beijar bumbum de nene,
Beijar de baton o espelho,
Beijar despedindo do morto,
Beijar chorando de saudades,
Beijar recebendo a vida,
Beijar o corpo nú, lascivos lençóis,
Beijar recebendo beijos!
(11/05/2000)



TU

... Desde que te vi, menina ainda.
Silhueta posta em meio à porta
Emoldurada pela luz externa,
Contornos definidos pelo espectro solar
Como aura brilhante de bons presságios!

Eis-me aqui na maturidade.
Tosco poeta, como tolo romântico,
Versejando em segunda conjugação.
Ousadia intrépida dos apaixonados.
Desde que, menina ainda, te conheci...

Inebriado como se a taça tinta,
Esvaziada inúmeras vezes, fosca,
Guardasse ainda o sabor do beijo
No verso suplementar do soneto!

Desde que, enamorado te descobri
Na taça tinta das nossas vidas.
Hoje ainda, tantas taças sorvidas,
Continuas o suplemento do meu soneto.


Voltar