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"Disse Duryodhana: '- Ouça: os livros podem divergir em tudo, assim como os homens discutem e não chegam a nenhuma conclusão; e a verdade está oculta em cavernas. Mas esta história me foi contada. No princípio dos Tempos, os homens viviam na límpida atmosfera, movendo-se livremente e sem esforço. A Terra então era mel, doce e deliciosa, e os homens, pouco a pouco, mergulharem do céu para saboreá-la. Então eles foram além da simples prova, embora não precisassem de alimento para viver, e, à medida que comiam, foram se tornando pesados demais para voar. Suas asas se desprenderam, enquanto a Terra se tornava encrostada e seca, soltando suas sementes, e as chuvas começaram a cair. Até que os homens, do primeiro ao último, não conseguiram mais voar. Surgiram então as mulheres - nós as chamávamos de homens, colmo nós mesmos nos chamamos, você e eu. E aqueles que uma vez voaram não mais se modificaram. Mas começaram a desejar os homens e, depois, a conceber e a parir os seus filhos. Permanecem as mesmas hoje, e são, para nós, mulheres. Todos eram imortais, e a Terra não suportava mais peso. Brahma ouviu-lhes as lamentações e planejou a destruição total de suas criaturas. Mas exclamou; "- não encontro meios!", e mais e mais pessoas viviam na Terra. Em sua ira, Brahma encheu de fogo os céus, o firmamento e a Terra. "- Ah! - refletiu Brahma -, este é o meio. Mas Shiva caiu aos seus pés, implorando: "- tenha piedade; não destrua o que criou!" "- Não há bondade em mim - respondeu o Senhor Brahma -, não há clemência em mim! ""- Se fosse isto verdade, eu não teria vindo suplicar-lhe - disse Shiva - Tudo o que existe e lhe pertence está sendo aniquilado pelo fogo. Volte a encarar as criaturas vivas de outra maneira". "- A Terra (Bhumi) veio a mim cheia de dor - disse Brahma, e disse-lhe: "ó bela, eis que já sei porque está chorando. Mas para este seu pedido ... nada tenho!" E ela se afastou, vergada e acabrunhada. "- Você se transformará em cinzas" - disse Shiva. "- Senhor dos noctívagos - disse Brahma -, recolho a minha ira. Vá agora. Sinto-me em grande dúvida, mas guardarei meu fogo dentro de mim. Mas, quando o fez, dos portais do seis sentidos de Brahma, surgiu uma mulher de olhos vermelhos e pele morena, radiante com seus brincos e braceletes, sorrindo para ele e para Shiva, e que prosseguiu em seu caminho rumo ao sul. Brahma gritou-lhe: "- Espere, Morte! Mate todas as criaturas, incluindo idiotas e sacerdotes!" Mas ela lhe respondeu: "- Não! E correu para longe, escondendo-se em algum canto a chorar. Brahma encontrou-a, e disse: "- Ninguém haverá de maldizê-la, pois estará fazendo a minha vontade. Ó more, só as criatura de vivem morrerão!" "- Não - disse ela -, isto é cruel. Vá embora. E assim, Brahma deixou-a e não falou com mais ninguém. Sorria apenas, sem ira, para os mundos, A Morte vagou pela Terra, sem ceifar vida alguma, durante cem trilhões, duzentos e setenta e sete bilhões e oito mil anos. Brhma vboltou então a procurá-la e disse: "- Ó Morte, por um momento não a vi. O que estás fazendo? "- Não me chame de Morte! - retrucou ela. - Jamais matarei por você!". Brahma olhou para moça encantadora e cativante. "- Eu os farei todos iguais. Você não precisará arrebatá-los, nem homem nem deuses em demônios. Criarei a cobiça, a avareza, a raiva, a malícia, a vergonha, a inveja e a paixão. Eu os farei assim, dessa e de outra maneira. Com essas suas lágrimas, criarei a doença e a guerra. Só essas duas eu farei dessa maneira. Não faça nada; eles cedo ou tarde, virão a você. Nada há para se fazer, nada para se deixar de fazer, por você ou por eles. Saúde-os apenas, quando for chegada a hora de cada um. Nada mais terá a dizer, eles próprios se matarão. E sometne os tolos lamentarão e chorarão pelo que ninguém pode evitar. E então Shiva começou a sua dança, pois, até então, embora houvesse erguido o pé, não pudera baixá-lo".
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