Enquanto
eu crescia vocês me forçaram a ser como vocês...
todos riam de mim, das coisas que eu acreditava, das coisas que eu sonhava...
não me deixavam falar... fui obrigado a ficar só...
...me trataram como a um doente que carregasse uma praga contagiosa,
e essa solidão me corroeu...
fantasmas surgiram a minha volta, e passaram a me fazer companhia...
eles me sussurravam coisas... palavras sem sentido, conhecimentos arcanos...
e ficavam me observando com tristes olhos vazios...
e então fugi e vocês me perseguiram com seus cães...
tentaram
fazer eu acreditar em ideais sujos e doentes como os que mandam seus filhos
para a morte como um sacrifício à Bezerros de Ouro
... venderam suas mulheres aos sádicos infratores das leis naturais...
.... venderam as almas de suas crianças aos deuses da infelicidade...
... venderam o suor, a carne e os ossos dos pobres aos carniceiros materialistas,
transformando seus irmãos em gado para o abate...
...tentaram fazer eu acreditar na mentira como esses zumbis que vagam pelas
ruas perdidos, cegos, com suas vontades mutiladas...
...me
aprisionaram e agrediram meu corpo, dilaceraram minha carne quando eu disse
não, violentaram minha alma e minha mente quando não aceitei o errado
... tiraram de mim tudo que eu tinha, destruiram meus sonhos, meus sentimentos
queimaram minha casa, mataram minha família...
...e meu filho...
...meu filho que nunca teve o direito de uma escolha...
e me deixaram
sozinho para morrer...
e enquanto minha alma sangrava, algo aconteceu... algo se perdeu...
e então chorei com a alma derrotada...
...olhei
para o espelho e chorei pela última vez...
mas nessa época eu ainda tinha algo de humano
que se perdeu naquele reflexo turvo...
...e então
os olhos dos fantasmas que assistiam minha morte se arregalaram,
e eu me levantei...
Eu sou a dor que vaga na noite,
...a solidão que sussurra no escuro...
...o sonho dos desesperados, o desejo de vida do suicida...
...o sentimento de humilhação do irmão que dorme na rua...
...a lágrima das crianças violentadas...
...o sonho de felicidade da prostituta que chora sozinha na madrugada de
sua alma...
...a dor das crianças rejeitadas no aborto...
...o desespero das mães...
...o grito silencioso da alma dos viciados...
...o Amor morto e enterrado... esquecido...
o Amor morto de fome, sede, frio e solidão... ...esquecido pelos homens...
...eu sou o Anjo da Morte...
...eu sou a Espada...
...as sombras se curvaram, lágrimas de sangue foram vertidas...
e os fantasmas fugiram com gritos silenciosos em seus rostos vazios...
...e em seus lábios um nome...
Bauhausiel
...agora vocês
me criaram...
e terão de arcar com as consequências!
...e que Deus me perdoe...