Confira
Formada no "etílico"
Réveillon de 1988 em Brasília, a banda era originalmente um trio. Fãs dos
Ramones, tocavam muitos "covers" da banda novaiorquina e algumas
composições próprias.Na verdade, Raimundos é apenas um aportuguesamento de
Ramones. Após dois anos de shows em pequenos bares da capital, Canisso, Rodolfo
e Digão se separaram. "Cada um foi cuidar de sua vida. O Canisso foi
estudar Direito e teve seus filhos, o Digão largou a bateria porque estava
ficando surdo e começou a tocar guitarra, e eu cantava em uma banda chamada
Royal Straight Flesh", afirma Rodolfo. "A separação nos fez bem.
Todos crescemos muito e chegamos à conclusão de que queríamos ser músicos
mesmo", diz Digão. Em 1992, surgiu a oportunidade de tocar em um bar em
Goiânia e a decisão foi unânime: o Raimundos seria ressuscitado. No final das
contas, o show foi um fiasco: tiveram de tocar com uma bateria eletrônica (Digão
já havia se tornado guitarrista), a platéia queria que tocassem "covers"
dos Ramones, foram vaiados. Mas os três estavam resolutos. Como seria inviável
continuar sem um baterista, Fred, que já conhe- cia os rapazes dos círculos
musicais de Brasília, foi convidado para assumir as baquetas. "O Fred é a
mão que segura os balões, no caso eu, o Canisso e o Rodolfo", diz Digão
às gargalhadas. "Na verdade, se o Fred não tivesse entrado para o
Raimundos, nós nunca teríamos virado o que somos hoje. Ele nos deu um
direcionamento mais sério, botou ordem na casa." Graças aos esforços de
Fred, a banda finalmente gravou uma fita demo, que caiu nas mãos de Carlos
Eduardo Miranda, jornalista e produtor musical. Acabaram sendo contratados pelo
selo independente Banguela, sob a tutela dos Titãs. Gravaram em 94 o primeiro
disco, "Raimundos", que vendeu 150 mil cópias e levou disco de ouro.
Em poucos meses, já estavam tocando nas rádios e emplacaram o primeiro clipe,
"Nêga Jurema", na MTV. No ano seguinte, já consolidados no cenário
musical, gravaram o segundo CD, "Lavô tá Novo", considerado mais
comercial pela crítica, o cd vendeu mais de 250 mil cópias fazendo com que a
banda estourasse em todo Brasil. "Não é mais comercial, apenas não
tocamos a duzentos por hora o tempo todo. Eu acho que ele é mais pesado e mais
lento, não comercial", reclama Rodolfo. Em Agosto de 96 a "consagração",tocaram
no Monsters Of Rock,que tinha bandas como Iron Maiden e outras.No final do ano
lançaram a caixa "Cesta Básica". Esta caixa continha um cd com dez músicas,
cinco delas inéditas. Entre elas havia "Merry Christmas"dos Ramones.
Também tinha um gibi com eles e um home vídeo, com a sua história, shows ao
vivo, clips entre outros. No final de 97 lançaram o álbum Lapadas Do Povo,
muito pesado e com menos Paraibagem. Não rendeu o esperado!!! São 13 músicas
inéditas e possui um Bônus Track.
E se os Ramones tivessem nascido no
Planalto Central e gostassem também de forró popular? Essa é a pergunta que o
Raimundos vem tentando responder há mais de dez anos. Rodolfo e Digão se
conheciam desde pequenos, moravam na mesma rua. Rodolfo já tinha se metido a
tocar baixo, aos 11 anos. Mais tarde, ganhou uma bateria, e Digão se tornou o
amigo inseparável - da bateria.
Por volta de 1987, Digão conseguiu sua
própria batera; Rodolfo cantava numa banda, a Sansculotes; saiu e foi para
guitarra; somados a Canisso, baixista autodidata, e a Titi, nos vocais,
começaram as apresentações dos Raimundos, marcando o reveillón de 1988 na
casa do amigo Gabriel, do Little Quail.
Os covers dos Ramones imperavam no
repertório dos Raimundos; até 1990, foram aparecendo as misturas de hardcore
com triângulo, xaxado e baião. Essa mistura era o forró-core, um antiga
bandeira que hoje a banda prefere esconder na última gaveta do armário: passou
a ser "limitante" para descrever o tipo de som que eles produziam.
O forró não era o gênero preferido de
Rodolfo, mas corria no seu sangue: nos churrascos da família, paraibana, era o
que mais tocava. De toda essa festa, ele gostava mesmo das letras cheias de
malícia do sanfoneiro Zenilton, que depois viria a participar das gravações
de algumas músicas.
Depois de uma série de problemas pessoais,
muitos deles graças à crise econômica de 90, a banda se separou. Dois anos
depois, voltaram a se encontrar para tocar num barzinho de Goiânia. O problema
era que Digão quase tinha ficado surdo e o médico intimou-o a parar de tocar
bateria. Tentaram uma eletrônica, mas foi um fracasso. A vaga de baterista
coube a um antigo fã, presente naquele showzinho na casa do Gabriel: Fred que
acabou se tornando o maquinista do trem: organizou-o e o colocou nos trilhos.
Gravaram uma demo que acabou caindo nas mãos de Carlos Eduardo Miranda, que,
num projeto conjunto com os Titãs, o selo Banguela, ligado à Warner, lançou o
primeiro CD, "Raimundos". Com 150 mil cópias, ganhou o disco de ouro.
O primeiro vídeo, "Nega Jurema",
emplacou na MTV. Começaram a abrir shows para bandas importantes, participar de
festivais - a consagração foi no internacional Monsters of Rock - e o
dicionário do pop rock nacional foi definitivamente obrigado a incluir o
verbete Raimundos em suas páginas.