Alho
Um só dente (bulbilho) contribui com 31 mg de proteínas - da melhor qualidade, é bom lembrar. Também é bom ter em mente que a melhor política está na moderação. E não só pelo cheiro: o alho tem componentes muito fortes e irritantes para a mucosa do intestino. O ideal é consumi-lo com parcimônia.
O alho é um vegetal com grande número de componentes. Só os derivados do enxôfre (substâncias sulfuradas) somam acima de 33. A mais importante delas é sem dúvida a alicina, responsável pela maioria das propriedades farmacológicas da planta. Trata-se de um líquido amarelo, com odor acentuado, que se forma quando os dentes são macerados ou mastigados. Isso mesmo, a alicina está apenas potencialmente presente no alho in natura. E surge da mistura de duas outras substâncias (aliinase e aliina), por um processo conhecido como fragmentação enzimática.
Experiências com a alicina revelam suas notáveis propriedades: é ativa contra bactérias gram-negativas (causadoras de infecções urinárias e diarréicas, mais resistentes aos antibióticos) e gram-positivas (agentes responsáveis por amidalites e furunculoses, entre outras enfermidades). Também, atua no combate a vários fungos, inclusive o Candida albicans (causador da candidíase ou sapinho). A alicina combate ainda com sucesso, infecções virais. Segundo estudos, camundongos infectados com o vírus da gripe (influenza) melhoraram quando tratados com extrato de alho puro.
Pesquisas têm demonstrado um certo poder do alho na prevenção de tumores malignos. As experiências científicas, em certos casos, confirmam a sabedoria popular. Veja o resultado de um estudo populacional realizado na China, em duas cidades próximas, na província de Shandong. Em uma delas a incidência de câncer era dez vezes inferior à outra - 40 casos por 100 mil habitantes. Explicação: na primeira localidade a população ingeria alho rotineiramente, enquanto na outra o consumo era mínimo.
As virtudes do bulbo milagroso para o coração e sistema circulatório também vêm tendo confirmação científica. Experiências em cobaias medicadas com suco de alho tiveram redução significativa nos níveis de colesterol sanguíneo. O alho provoca perda de sais biliares pelas fezes. Esses sais armazenados na vesícula, são responsáveis pela produção do colesterol no fígado. Na falta de sais biliares, o fígado recorre ao estoque de colesterol do corpo para produzir sais. E queima, assim, as reservas do terrível inimigo das artérias e do coração. O efeito hipocolesterolêmico do alho foi, mais uma vez, atribuído a seus compostos sulfúricos (alicina, polissulfureto de alilo e família).
As virtudes do alho incluem dois minerais, cuja atuação é estudada cada vez com maior interesse pelos cientistas: o selênio e o germânio. Precisamos desses elementos em pequenas quantidades, mas eles fazem verdadeiros milagres para a manutenção da saúde.
O selênio desempenha no organismo função semelhante à da vitamina E: atua como antioxidante, ou seja, liga-se aos radicais livres de oxigênio que perambulam pelo corpo e transforma-os em substâncias inofensivas. Sem esses "raptores" de radicais livres, ocorre a oxidação dos tecidos orgânicos - como se "enferrujassem". O selênio, portanto, retarda a "ferrugem" ou endurecimento dos tecidos.
Já o germânio trabalha de outra maneira, ainda que também ligada ao oxigênio. Análises estatísticas revelam que, a longo prazo, a capacidade de o organismo obter e levar quantidades adequadas de oxigênio às células, tecidos e órgãos, determina sua expectativa de vida. O câncer é um excelente exemplo disso, alguns estudos indicam que as células cancerosas perdem a capacidade de utilizar o oxigênio.
Ainda que o mecanismo por meio do qual o germânio atua não esteja precisamente definido, parece certo que funciona como energizante celular e condutor de oxigênio para os tecidos. Como o selênio, é um antídoto contra os radicais livres.
O germânio age ainda como regularizador do sistema imunológico, ao estimular a produção do interferon. Essa substância é produzida naturalmente pelo organismo, para combater agressões (infecções, tumores malignos).
Se você acha que o Allium sativum é uma legítima panacéia universal, saiba que várias virtudes apregoadas pela medicina popular não têm comprovação científica. Uma delas é a capacidade de combater a anemia. Estudos assinalam que o alho em altas doses provoca diminuição das células vermelhas do sangue. E não o contrário, como querem os alhomaníacos.
Portadores de acne e moléstias de pele em geral também não combinam com o "cheiroso" bulbo. E a razão é simples: a alicina sai pelos poros, com o suor, e irrita uma epiderme que já apresenta problemas. Nesses casos é melhor utilizá-lo apenas como tempero. Finalmente, mulheres em fase de aleitamento também precisam se cuidar; o leite absorve os princípios ativos do alho e pode provocar cólicas no bebê.
Se você gosta de alho mas decididamente não tem afinidade com seu cheiro, alegre-se porque a coisa não é tão irremediável quanto parece. A melhor alternativa é pingar nos dentes crus algumas gotas de limão. Assim, equilibra-se a acidez e desaparece o odor. Ferver o alho, corta o cheiro, mas rouba nutrientes importantes.
Para quem procura os efeitos terapêuticos, dispensando o sabor, as cápsulas de extrato seco ou óleo de alho, representam boa alternativa. Elas conservam as virtudes do produto e o dissolvem no intestino, eliminando o odor do hálito - mas não o da transpiração.
Um alerta: nada de exagero com as cápsulas. Os próprios fabricantes recomendam apenas uma ao dia, principalmente se você já usa uns dentinhos como tempero. E, por falar nisso, se o seu problema é descascar o " cheiroso", não apele para os produtos industrializados. Eles têm excesso de sal. O melhor mesmo é usar o alho ao natural, empregando aqueles espremedores próprios, que custam barato, garantem o sabor e propriedades integrais e evitam contato manual. De qualquer forma. se suas mãos cheiram alho, esfregue-as com o bagaço de um limão.
Nutrientes (composição do alho cru em 100 gramas)
Vitamina B1 224 mcg
Vitamina B2 74 mcg
Vitamina B5 0,29 mg
Vitamina C 14 mg
Calorias 134
Glicídios 29,3 g
Proteínas 5,3 g
Lipídeos 0,2 g
Cálcio 38 mg
Fósforo 134 mg
Ferro 1,04 mg
Sódio 62,9 mg
Potássio 607,6 mg