A diversidade do clima brasileiro reflete-se claramente em sua cobertura vegetal. A vegetação natural do Brasil pode ser grupada em três domínios principais: as florestas, as formações de transição e os campos ou regiões abertas. As florestas se subdividem em outras três classes, de acordo com a localização e a fisionomia: a Selva Amazônica, a Mata Atlântica e a Mata de Araucárias. A primeira, denominada Hiléia pelo naturalista alemão Alexander von Humboldt (do grego, hilayos, "da floresta", "selvagem") é a maior mata equatorial do mundo. Reveste uma área de 5.000.000 km2, equivalente a quase o dobro do território da Argentina.
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Florestas |
A Hiléia, do ponto de vista de sua ecologia, divide-se em: mata de igapó, mata de várzea e mata de terra firme. A primeira fica inundada durante cerca de dez meses no ano e é rica em palmeiras, como o açaí; os solos são arenosos e não cultiváveis nas condições em que se encontram. A mata de várzea é inundada somente nas enchentes dos rios; tem muitas essências de valor comercial e de madeiras brancas, como a seringueira, o cacaueiro, a copaíba, a sumaúma e o gigantesco açacu. A mata de igapó e a mata de várzea, as duas primeiras divisões da hiléia, têm árvores de folhas perenes. Os solos das várzeas são intrazonais, argilosos ou limosos. A mata de terra firme, que corresponde a cerca de 90% da Floresta Amazônica, nunca fica inundada. É uma mata plenamente desenvolvida, composta de quatro andares de vegetação: as árvores emergentes, que chegam a 50 m ou mais; a abóbada foliar, geralmente entre 20 m e 35 m, onde as copas das árvores disputam a luz solar; o andar arbóreo inferior, entre 5 m e 20 m, com árvores adultas de troncos finos ou espécimes jovens, adaptados à vida na penumbra; e o sub-bosque, com samambaias e plantas de folhas largas. Cipós pendentes das árvores entrelaçam os diferentes andares. Epífitas, como as orquídeas, e vegetais inferiores, como os cogumelos, liquens, fungos e musgos, convivem com a vegetação e aumentam sua complexidade. A mata de terra firme é geralmente semidecídua: 10% ou mais de suas árvores perdem as folhas na estiagem. Árvores típicas da terra firme são a castanheira, a balata, o mogno e o pau-rosa. A heterogeneidade da floresta dificulta sua exploração econômica, salvo onde ocorrem concentrações. O tipo de solo predominante na hiléia é o latossolo. A mata da encosta atlântica estende-se como uma faixa costeira, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. Suas árvores mais altas chegam, geralmente, a 25 m ou 30 m. No Sul da Bahia e na vertente marítima da Serra do Mar, é perenifólia; mais para o interior e em lugares menos úmidos, é semidecídua. Do Paraná para o Sul, toma um caráter subtropical: é de menor altura (10 m a 15 m), perenifólia, mais pobre em cipós e mais rica em epífitas. A peroba, o cedro, o jacarandá, o palmito e o pau-brasil foram espécies exploradas na Mata Atlântica. Além de madeira, a Mata Atlântica contribuiu muito com seus solos para o desenvolvimento econômico do Brasil. A maior parte deles pertence ao grande grupo dos latossolos vermelho-amarelos, entre os quais se inclui a terra roxa, e nos quais se instalaram várias culturas, como café, cana-de-açúcar, milho e cacau. O terceiro tipo de floresta é a Mata de Araucárias. Fisionomicamente, é uma floresta mista de coníferas e latifoliadas perenifólias. Ocorre no Planalto Meridional, em terras submetidas a geadas anuais. Das matas brasileiras, é a de menor área, porém de maior valor econômico, por ser a mais homogênea. Suas árvores úteis mais típicas são: o pinheiro-do-paraná, produtor de madeira branca; a imbuia, madeira de lei, escura, utilizada em marcenaria; e a erva-mate, com cujas folhas tostadas se faz uma infusão semelhante ao chá, muito apreciada nos países do Prata.
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Formações de Transição |
A caatinga, o cerrado e o manguezal são os tipos mais característicos da vegetação de transição. As caatingas predominam nas áreas semi-áridas da Região Nordeste e envolvem grande variedade de formações, desde a mata decídua (caatinga alta) até a estepe de arbustos espinhentos. Suas árvores e arbustos são em geral providos de folhas miúdas, que caem na estiagem, e armados de espinhos. São a jurema, a faveleira, o pereiro, a catingueira, o marmeleiro. São também típicas as cactáceas, como o xiquexique, o facheiro, o mandacaru e outras do gênero Opuntia. Nos vales planos são freqüentes os carnaubais. Os cerrados, ou campos cerrados, predominam no Planalto Central, desde o Oeste de Minas Gerais até o Sul do Maranhão. São formações constituídas de tufos de pequenas árvores, até 10 m ou 12 m de altura, retorcidas, de casca grossa e folhas coriáceas, dispersos num tapete de gramíneas até um metro de altura, que na estiagem se transforma em um manto de palha. Os cerrados penetram no pantanal mato-grossense, onde se misturam a savanas e formações florestais e formam um conjunto complexo. Os manguezais ocorrem em formações de 4 m a 5 m de altura, na costa tropical.
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Regiões Abertas |
As áreas de vegetação aberta, no Brasil, se agrupam em
tipos variados. Os campos de terra firme da Amazônia, como os campos do rio
Branco (Roraima), os de Puciari-Humaitá (Amazonas) e os do Ererê (Pará), são
savanas de gramíneas baixas, com diversas árvores isoladas típicas do
cerrado, como o caimbé, a carobeira e a
mangabeira. Os campos de várzea do médio e baixo Amazonas
e do Pantanal (rio Paraguai) são savanas sem árvores, com gramíneas de um
metro ou mais de altura.
Os campos limpos são estepes úmidas que ocorrem na campanha gaúcha, em partes
do Planalto Meridional (campos de Vacaria, no Rio Grande do Sul; campos de Lajes e
Curitibanos, em Santa Catarina;
campos gerais, campos de Curitiba e de Guarapuava, no Paraná) e no extremo Oeste baiano
(os gerais). Têm solos geralmente pobres, salvo na campanha, onde se enquadram
no tipo prairie degradado.