Bromélias - Um Verdadeiro Ecossistema

Andréa Ricci da Rocha

Carlos Anderson Garcia Carvalho

Emilia Itakawa

Gladis Mosseri

Classificados tecnicamente como da família Bromeliaceae, as bromélias são herbáceas geralmente acaules, com folhas densamente embricadas na base, dispostas em rosetas, são grossas, em forma de lança, largas, de bordas geralmente espinhosas, recobertas por minúsculos pêlos ou escamas. Suas inflorescências podem se localizar no interior das folhas, ou se projetam para o exterior através de uma haste, geralmente protegidas por brácteas coloridas.

Podem ser epífitas, vivendo sobre árvores ou troncos caídos, nutrindo-se do líquido que se deposita no "copo" constituído da água da chuva, de pequenos animais que se afogam e dos detritos trazidos pelo vento. As terrestres crescem no solo ou sobre pedras e sua nutrição se dá pela raiz.

As plantas também são chamadas de "caraguá", que deu origem ao nome da cidade de Caraguatatuba, ou "gravatá" e "macambira", formando um grupo bem característico de nossas florestas.

Além de consideradas plantas ornamentais, são também economicamente importantes pelos frutos que produzem, como o abacaxi, e pela obtenção de fibras como o caroá.

Quando epífitas, as bromélias são responsáveis pela sustentação da diversidade biológica. Muitas vezes, quando o alimento fornecido por árvores e outros vegetais fracassa, entra em cena o gravatazal como recurso complementar. Independente das flores e frutos – e até do próprio vegetal, não raramente comestíveis – tornam disponível acima do solo, gama infinita de invertebrados, convertido em fonte perene de proteína.

Muitas bromélias formam com suas rosetas, verdadeiros reservatórios d’água, que variam de tubulares, como no gênero Achmea e Billbergia, até infundibiliformes, como no gênero Nidularium. A Vriesia gigantea, por exemplo, chega a conter 4 litros de água na roseta foliar. Estes reservatórios, também conhecidos como "tanques", acumulam água e detritos orgânicos utilizados na nutrição destas plantas. A solução é absorvida pelas escamas absorventes na base da face interna das folhas.

Os "filhotes" que não podem tolerar desidratação, às vezes produzem seu próprio solo coletando detritos entre suas folhas eretas em forma de funil ou com a ajuda de um nicho de folhas sobrepostas. Assim forma-se um solo que é rico em húmus e que retém água de forma a serem bem abastecidas as raízes que crescem dentro desse nicho. Numa floresta densamente povoada de epífitas, o húmus epifítico pode chegar a algumas toneladas por hectare.

Um novo biótopo acima do chão pode ser criado pela água gotejante, a poeira trazendo nitrogênio e outros nutrientes, formigas colonizam estas áreas, constituindo formigueiros e também introduzindo sementes que germinam e crescem dentro das plantas floríferas. Tais "jardins de flores" ocorrem na América do Sul e abrigam uma fauna e microflora especiais, constituindo verdadeiro ecossistema, onde se desenvolvem inúmeros pequenos animais, tais como insetos, coleópteros, aracnídeos, crustáceos, protozoários, etc.

As larvas de mosquitos, os insetos aquáticos e os protistas habitam os funis das bromeliáceas, que muitas vezes assumem dimensões consideráveis.

Este tanque de bromélias é freqüentemente importante para rãs tropicais cujos ovos e girinos se desenvolvem nele. Por causa dessas bromélias muitas rãs de árvores passam suas vidas inteiras nos topos das árvores tropicais, sem jamais tocarem o solo.

Pássaros em grande variedade também visitam as bromélias. Os beija-flores são perfeitos polinizadores, ao lado de besouros, borboletas e morcegos.

Outras espécies que também vivem nas águas das bromélias são caranguejos do gênero Sesarma, que completam seu ciclo de vida dentro de tanques de bromélias.

Entre essas muitas formas de vida que se desenvolvem nesses tanques, estão mosquitos anofelinos transmissores da malária. Convertidas em criadouros desses agentes, as bromélias estão na origem da malária-bromélia que na década de 50, chegou a influenciar direta ou indiretamente cerca de 1 milhão de pessoas em Santa Catarina, atingindo as bromélias que foram praticamente exterminadas dentro de uma imensa área da região.

 

Cultivo e Propagação

Bibliografia

Sobre este trabalho

 

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