Dia: 6/11/2006 - As imensas reservas florestais e indígenas criadas pelo governo federal.

As imensas reservas florestais e indígenas criadas pelo governo federal, no Estado do Amazonas, continuam deixando as famílias de ribeirinhos que nelas sobrevivem, há muitos anos, na mais completa miséria e sem nenhuma perspectiva de mudança. Essa caótica situação do homem amazônico, que nessas áreas tem permissão de pescar apenas para seu sustento ou aumentar seu “roçado” somente com autorização do Ibama, foi amplamente discutida na Assembléia Legislativa, com o deputado Luiz Castro (PPS) denunciando a falta de decisão política do governo estadual em investir no setor primário e no próprio desenvolvimento sustentável.

O deputado Liberman Moreno (PHS) disse que na semana que passou esteve próximo a uma dessas reservas e conversou com alguns produtores, ocasião que lhes disseram que se sentiam proibidos de prosperar, por conta da política de preservação. Para o deputado, as regras de preservação são colocadas de forma cruel e desumana, de tal maneira que o jacaré, por exemplo, está sendo bem cuidado, com direitos e melhores regalias, do que o ser humano. “O pior de tudo é que essas reservas estão infestadas de profissionais do Sul, sem nenhum compromisso com a nossa região, apenas com a finalidade de cumprir a lei, concebidas alhures e em nada ajudando o caboclo de nossa região”, afirmou Liberman.

O problema crucial do aquecimento global, que está sendo discutido no mundo, tanto à nível político como cientista, foi destacado pelo deputado Luiz Castro, salientando que essa situação ainda não teve a atenção merecida pelos governos e a sociedade mundial, quando essa situação aponta um clima de dois graus acima da média do século passado. No entanto, segundo ele, a conta é cobrada toda do Brasil, o país que desmata, sendo verdade que devemos desmatar cada vez menos. Também é verdade que temos na Amazônia, uma quantidade expressiva de terra desmatada e pouco aproveitada.

“Mas também é verdade que não investimos o suficiente (poder público e sociedade empresarial) nas soluções alternativas para o desenvolvimento sustentável. Temos boas idéias e projetos, mas o nosso nível de investimento é ínfimo, diante do tamanho do problema. É ínfimo à nível municipal, nos diversos municípios do Amazonas, é ínfimo em nível estadual, apesar dos bons projetos que a SDS do governo tem, mas os investimentos são muito pequenos. É ínfimo em nível federal, apesar do discurso forte da ministra Marina Silva, e é ínfimo em nível internacional”, disse Castro.

Acredita Luiz Castro que o tema é de vital importância para a sobrevivência do homem amazônico e deve ser bastante discutido pelo Poder Legislativo e a sociedade em geral, quando vidas humanas dependem de uma solução urgente. Lembrou que nas reservas o ribeirinho não pode pescar, caçar, plantar, desmatar, tirar madeira para fazer uma canoa se não tiver um plano de manejo, mas o governo não tem como licenciar esse plano de manejo num estado de dimensões continentais. Ao mesmo tempo – observa ele – o Brasil é cobrado, não desmatem, não queimem, porque aumenta a concentração de gás carbono e o aquecimento global. “Mas os EUA não assinam o Protocolo de Kioto, a Rússia também, a China promove seu desenvolvimento de forma insustentável, índices de poluição cada vez maiores”.

No seu entender, o Brasil é um país que investe em biocombustível mas tem uma política florestal que impede o homem da Amazônia produzir, não lhe dando condições para uma melhor qualidade de vida. “O homem do interior está entregue à sua própria sorte e uma má sorte, com algumas políticas paliativas, alguns prefeitos com algumas ações um pouco mais abrangente. Algumas pessoas me perguntam porque saí do Governo do Estado. Eu mesmo pedi demissão e uma das razões, que torno pública agora, depois das eleições porque não quis fazer a minha campanha política de desabafo ou reclamações, mas uma das razões foi a falta de investimento no setor primário”.

Para Luiz Castro a esperança em resolver essa situação, está agora na discussão do orçamento, esperando ele que os deputados da bancada governista, sensibilizem o governador Eduardo Braga, para a ampliação dos recursos a serem investidos em projetos de desenvolvimento sustentável no interior, projetos que não apenas criem reservas, mas mecanismos de renda para que aquelas populações sobrevivam com dignidade.

Como líder do governo na ALE, o deputado Vicente Lopes (PMDB) é necessário ter muita responsabilidade, porque os problemas existem e não são poucos.

Afirmou Lopes que ele e o governo tem a plena consciência da importância da preservação da floresta, mas é preciso saber que preservar em benefício do homem é uma atitude que tem que ser feita agora e não daqui a 100 anos. “Para isso é necessário que haja frentes de trabalho em todos os níveis, nos municípios, nos governos federal e estadual, destacando no entanto o governo de Eduardo Braga, que hoje libera o pirarucu criado nessas reservas para o abate. É preciso voltar no tempo, lá no governo de Gilberto Mestrinho, quando ele já defendia a exploração do desenvolvimento sustentável, tanto das reservas como das riquezas naturais e somente agora isso está sendo feito”, observando ele que a atual cultura precisa mudar, mas mudar com responsabilidade, de forma continuada, sendo ele favorável a uma política de desenvolvimento e renda e de condições dignas para a população do interior do estado.

Texto integral em http://www.aleam.gov.br/noticia_materia_2.asp?id=2370

 

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