Universidade Federal do Ceará Centro Acadêmico Clóvis Beviláqua
Entre em contato conoscoSaiba mais sobre o CACBInforme-se sobre o Curso de DireitoConheça o Movimento Estudantil do DireitoLeia artigos e doutrinas aquiTenha acesso a provas, resumos e trabalhosCAJU, NAJUC, Paulo Freire... Conheça todos!A maior coleção de links jurídicosEntre em contato conoscoEntre em contato conosco
spacer
Volte para a página principal

Informe-se sobre o Curso de Direito

Lições do século XVI para os líderes do século XXI

Para navegarmos nos mares turbulentos e complexos do novo século, precisamos de líderes que tenham amor a sua causa e por ela lutem.

Foi numa Europa imersa em conservadorismo, intolerância e preconceito que nasceu e viveu Teresa Ahumada de Cepeda, a Santa Teresa D'Ávila. Mesmo procurando abstrair a dimensão religiosa, Teresa D'Ávila é um exemplo de líder para homens e mulheres no século XXI. 

Reformar uma Ordem no seio da rígida Igreja Católica da época não deve ter sido fácil. Podemos até supor que ela enfrentou situações que se assemelham aos desafios contemporâneos: vencer a rigidez dos modelos, desenvolver uma nova cultura, gerir a mudança e formar novos líderes. 

Livros sobre gestão? Nenhum. Recursos tecnológicos? Pena e papel. Risco? Altíssimo. Mas como competência não é fazer o possível com os melhores recursos e sim fazer o melhor com os recursos possíveis, Teresa D'Ávila tem muito a nos ensinar. 

Em 1562, a construção do primeiro mosteiro, em Ávila, por exemplo, foi marcada por ''contestações, revoltas, críticas e perseguições'', afirma Jussara Lima Dias em Orando com a Bíblia, Santa Teresa D'Ávila e Santa Terezinha. Aliás, desafios não faltaram por ocasião das construções dos outros dezesseis conventos, segundo Ana Carla Bessa, estudiosa da vida desta Doutora da Igreja Católica. 

Certa vez, quando as Carmelitas Descalças já se espalhavam por várias partes do continente, ela foi indagada sobre que orientações daria para as novas monjas. Sua resposta continua atualíssima para os líderes de hoje em dia. O primeiro ponto enumerado foi o AMOR. Fazendo analogias com as organizações, podemos chamar de amor a elevação do nível de consciência, a responsabilidade social, a missão, enfim, a "alma" da empresa. Qualquer grupo que não tenha compromisso com a construção do futuro é vazio de sentido. 

O segundo ponto enunciado foi o DESAPEGO. Mas como uma empresa pode aprender com este item? Quanto mais apegados a símbolos de sucesso, aparências, vantagens momentâneas, menos uma empresa possui independência. A busca de criar competências reais exige o desapego de padrões vigentes. Quanto menos apego mais liberdade. 

O terceiro foi a HUMILDADE, traduzida nas organizações como aprendizado constante, evidenciada pela curiosidade, pela autocrítica, pela consciência que nunca estaremos prontos e acabados. Uma empresa humilde ouve as pessoas que nela trabalham, ouve os clientes, ouve a comunidade, enfim, assume uma postura de ''eterno aprendiz'', na expressão do Gonzaguinha. 

Em uma recente música de Gabriel Pensador existe uma expressão genial: ''Para quem sabe olhar para trás, nenhuma rua é sem saída''. As lições de Teresa mostram que a História está cheia de ''novidades'', tanto do ponto de vista teórico como prático, visto que é na ação que percebemos a consistência da liderança. 

Para navegarmos nos mares turbulentos e complexos do novo século, precisamos de líderes que tenham amor a sua causa e por ela lutem, que sejam desapegados da necessidade de aprovação em tudo que fazem e tenham humildade para aprenderem como as crianças. Pois como disse o municipalista Américo Barreira, ''velho é quem não tem compromisso com o futuro''. 
 

Roberto Matoso é consultor, empresário e apresenta o programa
''Novos Conceitos''  nas rádios Calypso FM e AM do Povo 

 

O POVO -  11 de fevereiro de 2002