Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção
Mestrado em Mídia e Conhecimento
Disciplina: Teorias Contemporâneas de Aprendizagem Aplicadas à Tecnologia
Professor Orientador: Francisco Antônio Fialho
Regina F. F. de Bolzan
O artigo que escrevi é composto fundamentalmente de três partes:
A critica da critica às escolas brasileiras. Algumas idéias de Seymour Papert e Paulo Freire sobre a situação e o futuro da escola, permeada pelas tecnologias, e uma breve contextualização sobre a implantação da Informática Educativa nas escolas públicas no Brasil.
The article that I wrote is composed fundamentally of three parts: The critic of the critics to the Brazilian schools. Some ideas of Seymour Papert and Paulo Freire on the situation and the future of the school, permeated by the technologies, and a brief contextualization on the educational computer science in the public school in Brazil.
Palavras-chave: escola, tecnologias, aprendizagem, informática nas escolas públicas, crítica.
Atualmente não nos parece necessário discutir se precisamos ou não mudar os rumos da escola. Mesmo quem não está diretamente envolvido com as questões educativas, tem conhecimento dessa necessidade. O ponto a ser discutido é como fazer essas mudanças ou essas inovações.
São infindáveis as teorias que tentam dar suporte para a construção de um novo ambiente, onde deve acontecer a aprendizagem.Cada uma delas vê o indivíduo de uma forma, com diferentes maneiras de aprender e acredita nas mais diversas maneiras de poder contribuir para que o aluno desenvolva-se como um ser autônomo, reflexivo e construtor do seu próprio conhecimento, fazendo-se cidadão, em tempos onde viver é sinônimo de conhecer.
Também muito já se debateu sobre a inclusão das tecnologias na educação. Hoje já chegamos ao consenso que esta inclusão também não precisa mais ser discutida, mas sim norteada através de uma concepção pedagógica, que se possa gerar mudança de comportamento via aprendizagem.
A sociedade da era em que o fator de produção relevante é o conhecimento requer um indivíduo cognocente, informatizado, digital, que interpreta linguagens icônicas, conviva com um mundo permeado de sons e aparatos eletrônicos de toda sorte, que não conheça distâncias, e que pense no tempo, muitas vezes como questão de tudo ou nada.
Symour Papert é defensor da substituição da escola por um novo sistema em que o computador teria um papel central. Por outro lado, Paulo Freire luta pela transformação da escola, com ênfase no papel do corpo docente.
Concomitante a essas teorias e inclusões, o MEC/ PROINFO vem demonstrar sua preocupação com a atualização das escolas públicas brasileiras, implantando em todo território nacional o Programa Nacional de Informática na Educação.
A escola vem sofrendo, por parte da sociedade, dos educadores e principalmente através das teorias de aprendizagem, críticas severas no sentido de que não cumpre seu papel. Com afirmações mais radicais, se deixasse de existir, causaria menos mal.Essas críticas estão se tornando cada vez mais constantes, duras, e muitas vezes com uma forte conotação pejorativa.
Frases do tipo: “cemitério dos mortos vivos”, “A escola massifica, mata a curiosidade, a espontaneidade e a criatividade das crianças”, “A escola finge que ensina e o aluno finge que aprende”, são utilizadas até pelo professor principiante. Elas foram formuladas por teóricos mundialmente conceituados e servem de parâmetro para os demais educadores e para a escola rotular sua auto-estima de forma depreciativa e desgastada.
Podemos observar, ao fazer a leitura dos Planos Políticos Pedagógicos das Unidades Escolares, introduções do tipo: “Sabedores de a escola não cumpre o seu papel fundamental que é o de ensinar...”.
É preocupante constatar que nenhum outro profissional critica tanto e menospreza o seu fazer, a sua prática cotidiana quanto o profissional da educação, levando a sua instituição a ponto de ser colocada em cheque por todo contexto social, que apesar de saber do que acontece, insiste em encaminhar seus filhos para ela, apostando ainda ser um dos meios mais efetivos de se conseguir igualdade social e ter alguma chance de torná-los futuros trabalhadores. Filas são organizadas, nas portas da escola, em tempo de matrículas. Já vi pais passarem a noite em uma cadeira, ao lado dos muros da escola, na dura espera de conseguir uma vaga para seus filhos, ou retornarem sem ressalvas, no ano seguinte, a uma reprovação com sua criança pela mão.
Se pararmos para pensar sobre os congressos e encontros que tratam da educação, veremos que sua tônica principal são críticas à escola. Ficamos perplexos e por vezes entediados com tanto discurso repetitivo e sobre a contribuição para mudar o não está bom, pouco trazem resultados.
Geralmente essas falhas recaem sobre os professores, pois são estes que estão na linha de frente do processo educacional e em contato face a face com os alunos.Podemos considerar como exemplo dessa sobrecarga de responsabilidade solitária, o papel do Ministério da Educação, quando realiza a avaliação do aproveitamento escolar do aluno, centrado somente nos resultados, esquecendo-se totalmente do processo.
Faz-se necessário responsabilizar e analisar também as demais dimensões da esfera escolar.Portanto pensar que uma proposta pedagógica vai se efetivar, investindo-se somente nas teorias de aprendizagem, é querer fazer somente falácia, faz de conta, como nas histórias de contos de fadas, que gostamos tanto de narrar aos nossos meninos.
Para que uma concepção pedagógica seja aplicada na educação temos que pensar pelo menos em mais três dimensões: a familiar, a administrativa e a governamental.Constatamos que essas dimensões praticamente não interagem ou dialogam.O que acontece normalmente é a busca de culpados para as falhas encontradas nos resultados.
Também dizemos que temos uma escola do século XVIII vivendo no século XX (ou XXI), para ressaltar o sentido de desatualização, de obsolência.Uma das sugestões apontadas seria incorporar o uso das Tecnologias de Comunicação e Informação –TIC, a serviço do ensino. Assim foi feito com a TV, as antenas parabólicas, o vídeo cassete, a filmadora e agora será com o computador.
E novamente vamos nos questionar: basta somente equipar a escola com esses aparatos? O que precisamos é pensar como fazer uso das tecnologias,juntamente com quem achou por bem e possibilitou introduzi-las com quem vai fazer uso delas, para não termos que fazer e ouvir mais um número infindável de críticas.
Seymour Papert, matemático nascido na África do Sul e radicado nos EUA atualmente trabalha no MIT (Instituto de tecnologia de Massachusetts, nos EUA). Estudo por quatro anos com Jean Piaget em Genebra, No Centro de Epistemologia Genética, ë um dos programadores da linguagem de Programação Logo para computadores e seu livro mais recente, The Children’s Machine, de 1993 analisa diferentes formas de relacionamento computadores no ensino aprendizagem.
Paulo Freire, pernambucano, Professor emérito da Puc/SP, é o renomado criador do método de alfabetização popular empregado em vários países do mundo. Participou do governo João Goulart, foi considerado subversivo e exilado em 1964, só podendo voltar ao Brasil em 1979. Foi um dos fundadores do PT e secretário de Educação da Prefeitura de São Paulo.
No seu livro Pedagogia da Autonomia Paulo Freire se refere às tecnologias dizendo, “Nunca fui ingênuo apreciador da tecnologia: não a divinizo, de um lado, nem a diabolizo, de um outro. Por isso mesmo sempre estive em paz para lidar com ela. Não tenho dúvida nenhuma do enorme potencial de estímulos e desafios à curiosidade que a tecnologia põe a serviço das crianças e dos adolescentes das classes sociais chamadas favorecidas. Não foi por outra razão que, quando secretário da educação da cidade de São Paulo, fiz chegar à rede das escolas municipais o computador. Ninguém melhor do que meus netos e minhas netas para me falar de sua curiosidade investigada pelos computadores com os quais convivem”.
Seymour Papert: Eu gostaria de falar uma coisa sobre como vejo o papel da tecnologia no aspecto de como aconteceu a construção do aprendizado e do ensino> Claro, eu estou simplificando demais, mas vou enfatizar os três estágios do aprendizado. Esses não são os estágios dos quais Jean Piaget poderia falar mostrando a natureza do cérebro ou da mente, são os estágios do relacionamento entre o indivíduo e o saber.
O primeiro estágio acontece quando a criança nasce. Desde então começa o processo de aprendizagem por meio do ato de explorar, tocar, colocar coisas na boca. Isso não inclui apenas os objetos, mas as pessoas. O processo de aprendizagem está acontecendo e sendo conduzido pelo indivíduo. A criança está determinando o processo. Os pais podem até acreditar que eles estão determinando o que a criança está aprendendo, mas na verdade a influência deles é pequena. Em primeiro lugar, o bebê a criança se autoguiando.
Depois chega o momento em que a criança começa a ver o mundo que é muito maior e não pode ser tocado nem sentido. Então começam as perguntas na cabeça das crianças, sobre as coisas que ela ouviu falar, ou que ela viu numa foto, ou ela imaginou. Eu acredito que aí a criança entra numa situação precária e perigosa. Porque existe agora uma transição que não é necessária, mas acontece de fato em nossas sociedades do aprendizado experimental, há uma outra maneira de aprender que é o aprendizado através do que é contato, porque a criança vai ter de procurar os adultos para que lhes contem sobre as coisas. Esse estágio alcança o seu auge na escola. Eu acho que não é um verdadeiro exagero acreditar que é verdade quando falamos: “Quando você vai para escola o trauma é que você tem que parar de aprender e deve aceitar ser ensinado”.
Agora isso é o estágio dois , é a escola. Aprendemos por meio do ato de ser ensinado, então vem os depósitos. Eu acho que muitas crianças são sufocadas e destruídas por isso. Claro, algumas sobrevivem a isto, todos nós sobrevivemos. Esta é a razão pela qual é perigoso discutir estas questões com as pessoas, porque, apesar da escola, foi durante esse estágio que aprendemos certas habilidades. Aprendemos a ler, a usar a biblioteca, a ser capazes de explorar um mundo maior. Agora, acho que é muito importante o jeito como o terceiro estágio volta ao primeiro. Aqueles que sobrevivem ao segundo estágio tornam-se pessoas criativas dentro dos laboratórios, nos seminários de filosofia, tornam-se artistas, empresários, jornalistas, enfim, todas as pessoas que são capazes, apesar de todas as restrições do mundo em que vivemos, de achar um jeito criativo de viver.Eles são muito parecidos com a criança que explora tudo e está se autodirigindo. É um processo experimental. Não é verbal nem igual ao de ser ensinado.
Agora quero contar uma história sobre o meu neto. Ela mostra como as novas tecnologias podem mudar esse padrão. Meu neto tinha três anos na época. Eu estava sentado. Observando-o. Ele foi à estante, pegou uma fita de vídeo, colocou-a no vídeo, apertou os botões e depois disse: “Esqueci de voltar a fita”.Apertou o botão rew, voltou a fita e deu start no filme. O interessante é que essa criança passou os 30 minutos seguintes mergulhada num mundo que estava fora do seu alcance. Essa fita era sobre máquinas de fazer estradas, aquelas máquinas grandes que fascinam as crianças. Ele adorou o filme e teve a chance de saber coisas que eu nunca poderia saber sobre essa máquina. Eu percebi a diferença quando estávamos no carro e ele viu uma dessas máquinas. Ele fez perguntas mais inteligentes do que as minhas porque já havia pensado no assunto antes.
Veja bem, o que me surpreendeu nessa história foi essa criança operar a máquina. Fiquei maravilhado ao ver essa criança operar o vídeo, quando muitos adultos ainda não sabem faze-lo.
(...) Mas o que é realmente surpreendente é a comparação entre o que ele pode fazer com os 3 anos e o que eu podia fazer com a mesma idade. Mesmo que tivesse interessado em máquinas de fazer estradas numa idade mais avançada do que a dele eu só poderia saber alguma coisa sobre o assunto perguntando a alguém e sendo informado.
É ai que vejo a grande ruptura. O segundo estágio está deixando de ser obrigatório. Essa criança está começando a contornar o segundo estágio. O que vi com meu neto, que só tem algumas fitas, é algo superficial, é o começo. Depois de alguns anos - isso aconteceu há dois anos- ele poderia ter um CD Rom e um interativo ou usar a internet e ter não só algumas fitas de vídeo e alguns Cds, mas uma série inteira de saber humano, que, em princípio, é acessível.
Para finalizar meu discurso, eu acho que o principal passo da tecnologia e da educação é contornar o segundo estágio. Isso nos permite poupar as crianças desse processo do ensino escolar que é traumatizante, perigoso e precário.
(...) Vejo nessas pequenas situações a possibilidade de crianças pequenas terem novos instrumentos que as ajudem a rejeitar a opressão, a se recusarem a ficar nessa posição e manterem a curiosidade e o senso de próprio poder intelectual que elas tinham quando nasceram.
Nada é mais ridículo do que a idéia de que a tecnologia possa ser usada para melhorar a escola. Ela irá substituir a escola que conhecemos. Esperamos que haja sempre lugares para as crianças se encontrarem com aprender. Mas a natureza fundamental da escola nesse processo está acabando e daqui a 10, 20 anos vamos colher os resultados.
Paulo Freire: A fala dele é profundamente estimuladora e, por isso mesmo, desafiadora.
(...) Eu tenho um neto hoje de 23 anos de idade que bate qualquer especialista nesta coisa de Net, já faz o diabo. Tenho uma neta de 6 anos que já opera o computador. Mas isso é a minoria da sociedade brasileira. E o que dizer dos filhos dos 33 milhões de brasileiros que neste momento estão morrendo de fome? Qual é a repercussão da tecnologia junto à maioria das crianças brasileiras hoje? Daqui a 20 ou 30 anos estes milhões de meninos estarão mais distantes da tecnologia ainda.
Eu concordo com a analisa dele dos três estágios, sobre a experiência da produção do conhecimento, acho que são muito lúcidas. A crítica que ele faz ao segundo momento, que é a escola, é uma crítica com a qual eu concordo, mas deixo de aceitar a proposta, que na verdade não é uma proposta O Papert não propõe, ele diz que esta coisa está para acontecer, que será o fim da escola. Ele está contatando.
Para mim, isto não é uma constatação ainda. Eu contato que a escola está péssima. Mas eu não contato que ela esteja desaparecendo e vá desaparecer. Por isso eu apelo para que nós, que esperamos a morte da escola, temos uns sobreviventes aqui, modifiquemos a escola. A minha questão não é acabar com ela, é muda-la completamente, é radicalmente fazer com nasça dela um novo ser tão atual quanto a tecnologia.
Eu continuo lutando no sentido de pôr a escola à altura do seu tempo. E pôr a escola à altura do seu tempo não é soterra-la, mas refaze-la.
Para mim, o problema que se coloca hoje é o de corrigir os equívocos do segundo estágio. Para mim, esses equívocos não são didáticos ou metodológicos, mas ideológicos ou políticos.Por isso é que tem de mudar o mundo politicamente, é o poder que tem que ser mudado. E para isso não tem de dizer que a história morreu, nem que as classes desapareceram. Isso tudo é conversa para não mudar o segundo estágio. Todos os discursos sob a perspectiva da nova ideologia liberal trabalham juntas para preservar o segundo estágio. Par mudar o segundo estágio deveremos mudar o discurso liberal.
Seymour Papert: Posso dizer uma coisa? Quando eu digo que não haverá mais escola, isso depende de como você entende a escola. Eu acho que o que precisamos notar está muito evidente. Afinal de contas, esta é uma outra coisa que aprendi com você, é que devemos estar conscientes e críticos do que está acontecendo fundamentalmente. O que há de errado com a escola não são detalhes. O que há de errado com a escola é absolutamente fundamental. Se mudarmos isso, estaremos mais perto de não ter escola. Talvez eu devesse fazer uma lista de erros (...). É ridículo ter uma escola que diz: agora você está aprendendo, e não vivendo. Agora segregamos pessoas por idade, agora segregamos por...
Essa importante conversa ente Freire e Papert foi mais além, nesse ponto começou-se a discutir se os problemas da escola são de ordem ontológica ou política, mas o que se tem dessa conversa já é o suficiente par podermos ponderar sobre aos dois entendimentos, ou pontos de vista.
Sejamos diretos e tomemos de antemão a defesa do ponto de vista de Freire, pautando-nos nos processos evolutivos que tudo possui, ao ser construído pela sociedade.
A própria técnica nasce, quando do nascimento da humanidade. Nela reside a característica marcante de que uma vez inventado o primeiro instrumento, desencadeia-se um processo de melhoria de suas formas e usos para satisfazer as características crescentes da sociedade.
O processo progressista das técnicas requer da sociedade onde se instala, um profundo conhecimento de teorias científicas para a resolução de seus problemas, dos seus porquês e de como seus objetivos são alcançados. Uma reformulação de suas estruturas e metas, compatíveis com a atualização dos benefícios que trouxer. Segundo M. Dugud (1981), “Uma técnica não se converte em ferramenta, até que a saiba aplicar manejar e lhe aplicar o saber”. Nesse contexto nasce a tecnologia.
Assim a escola nasce e transforma-se, modifica-se, evolui e principalmente deve tornar-se competente para as novas exigências sociais.Os indivíduos do início da escola da memorização, da lousa, da invenção da imprensa são agora outros indivíduos. Os filhos do novo milênio interagem com uma nova paisagem cultural, social e econômica, inovada pelos aparatos tecnológicos. Seja no lar, na escola, na indústria ou na igreja, na cultura ou no lazer, seja qual for nosso campo de atuação, a tecnologia nos trouxe uma nova linguagem, um novo conhecimento, um novo pensamento, uma nova forma de expressão.
Dizem, os estudiosos desta área como Adam Schaff, que estamos em plena segunda revolução industrial, a qual se caracteriza por novas bases do processo produtivo, que é o conhecimento.
Esta nova era exige dos indivíduos novas maneiras de pensar e de agir, alto nível de habilidade cognitiva, raciocínio lógico abstrato, operado pela linguagem simbólica, cooperação, relacionamentos, dentro e fora do seu campo de atuação, qualificação para desempenhar diversas competências, visão sistêmica ou holística e principalmente, que sejam capazes de obter conhecimentos e construí-los, através de uma atitude reflexiva e questionadora sobre eles.
Esses conhecimentos poderão ser construídos, tendo como suporte uma educação baseada na concepção transformadora, progressista, crítica, que dê lugar tanto aos fundamentos básicos teóricos como à prática social que ela caracteriza.
Uma das mais recentes iniciativas para implantar o uso do computador no ensino público se deu com o PROINFO - Programa Nacional de Informática na Educação. Oficialmente lançado pelo Ministério da Educação e da Cultura em 10 de abril de 1997.
O programa prevê a aquisição de equipamentos de informática destinados aos NTEs – Núcleos de Tecnologias Educacionais e às escolas incluídas no Programa.
Foi implementado em parceria com os estados e municípios, sendo o CONSED - Conselho Estaduais de Secretarias, seu principal parceiro.
Um dos pontos considerados principais pelo PROINFO é a capacitação dos Recursos Humanos.
A capacitação dos multiplicadores, termo usado para denominar a pessoas que trabalham junto aos Ntes, se deu através de especializações em cada estado que aderiu ao Programa. Esses multiplicadores depois de capacitados, passaram a atuar nos NTEs de sua região e são responsáveis pelas funções de: sensibilizar, motivar e capacitar os professores atuantes em escolas com SIs - Salas Informatizadas para usar o computador no ensino.
Os professores, por sua vez são capacitados, através de uma carga horária distribuída, para contemplar tanto as questões teóricas, como as instrumentais, referentes ao uso da máquina.
Vários encontros no sentido de discutir, apresentar resultados e buscar soluções para o uso do computador pelos alunos e professores foram promovidos pelo MEC, reunindo multiplicadores de todo o Brasil. Desses encontros tem participado consultores do Programa, como Fernando José Almeida, José Armando Valente e outros.
José Armando Valente, coordenador do NIED – Núcleo de Informática Aplicada à Educação, da UNICAMP, levanta questões como: “Por que o computador na educação?” Trata das visões céticas e otimistas da informática na educação. E conclui: “Desenvolver o raciocínio ou possibilitar situações de resoluções de problemas, certamente é a razão mais nobre e irrefutável do uso do computador na educação”.
Fernando José de Almeida, vice-reitor acadêmico da PUC, propõe o uso do computador na escola, baseado na Pedagogia de Projetos, fundamentando que: “É sempre importante frisar que o uso do computador na escola só é eficaz quando norteado por adequado Projeto Pedagógico.
O Programa tem como concepção pedagógica norteadora o Construtivismo, mas cada estado tem liberdade para inserir o uso do computador no ensino, através de sua própria concepção de educação já adotada.
A princípio também nenhum software em específico foi indicado, para que fosse adotado pelas escolas, mas a orientação foi para que, quando fosse usado , deveria se optar por software abertos, possibilitando o aluno criar, utilizar seu pensamento e suas idéias.
Neste sentido, foi organizado um encontro para multiplicadores, tendo como objetivo colocá-los em contato com as mais variadas empresas de construção de softwares educativos de todo o país. Estas se encontravam presentes realizando oficinas para apresentar seus produtos.
Muitos entraves e questões negativas ao processo de informática das escolas públicas referentes a esse Programa estão ocorrendo, como também várias críticas sendo feitas, mas não constam como objetivo desse trabalho serem pontuadas, ele preocupa-se em pontuar entendimentos, visões e iniciativas a respeito do uso da tecnologia pela educação.É pertinente dizer que alguns desses projetos já realizados pelos alunos, sob a orientação dos professores fazendo uso do computador, estão sendo mostrados nos encontros de multiplicadores que estão se realizando, embora não se perceba, através dessa utilização, mudanças substanciais no interior da escola.
Devemos nos preocupar com a Pedagogia dos Tempos globais, que, por um lado, tem um compromisso com a transmissão do saber sistematizado e, por outro, deve conduzir à formação do educando, fazendo-o capaz de viver e conviver na sociedade, participar de sua vida na relação com o outro. Não podemos, então, separar tecnologia do homem, tanto no sentido de possuir os conhecimentos e saberes para produzi-la, como para saber como essa tecnologia pode e vai influir na sua subjetividade. Essa educação tende a ser tecnológica, como afirma Bastos (1997), o que por sua vez, vai exigir o entendimento e interpretação de tecnologias.
Belloni (1998), ao discutir a questão da tecnologia e formação de professores, coloca que:
“(...) a escola moderna, formadora do cidadão emancipado e autônomo, nascia sob o signo da palavra imprensa que tinha uma conotação democrática e subversiva. A escola da pós-modernidade terá que formar o cidadão capaz de ler e escrever em todas as novas linguagens do universo informacional em que está imerso” (pp. 146-7).
O homem, mais do que nunca, então, está presente com sua competência e sensibilidade neste novo paradigma. Mas que paradigma é esse de uma educação para a modernidade? Graz vai nos apresentar uma alternativa de paradigma em educação, baseando-se nos trabalhos Klafki, que fala sobre uma “ciência educacional crítico- construtiva” que ainda não foi elaborada. Há que se refletir sobre os avanços e as implicações que os aparatos tecnológicos causam sobre a sociedade, visando o entendimento de que, quando transformados, transformam e interferem nas mais variadas esferas do contexto social, cultural, econômico e educacional, onde os indivíduos se encontram presentes e atuantes. Estudos, pesquisas e definições no plano das gestões macropolíticas, realizados no presente, respeitando o passado de sua evolução, com os olhos direcionados para o futuro constituem-se em ações imprecindíveis para a construção de bens voltados, principalmente, para o melhor desenvolvimento do homem.
A informática, em especial, como outros avanços tecnológicos, está nos obrigando a uma nova alfabetização. Esse assunto é da educação e, portanto, precisamos dele para ler os dados específicos, mas principalmente para termos uma nova leitura do mundo.
Três valores, voltados para uma educação tecnológica precisam ser desenvolvidos e cultivados: a responsabilidade, a liberdade e a autonomia. A incorporação destes valores, por certo, é tarefa de todos na formação de cidadãos responsáveis, libertos, autônomos e críticos capazes de fazer a história de seu país.
ALMEIDA, FERNANDO, J. Col.Polêmicas do nosso Tempo.Cortez.São Paulo. 1989.
VALENTE, J. ARMANDO -Por que o computador na educação. Campinas, São Paulo Gráfica UNICAMP
BASTOS, João Augusto de Souza Leão de Almeida. Educação e Tecnologia. Educação & Tecnologia. Revista Técnico Científica dos Programas de Pós-graduação em Tecnologias dos CEFETs PR/MG/RJ, Curitiba, ano I, nº 1,abr. 1997,pp.4-29.
BELLONI, Maria Luiza. Tecnologias e Formação de professores: rumo a uma pedagogia pós-moderna? Educação & Sociedade. Campinas, CEDES, ano XIX, nº 65, dez. 1998, pp. 143-162.
Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Paz e terra. 1995.
GRAZ, D. Paradigmas lost. Erosion of paradigms and sense of crisis in contemporary science of education. The case of Federal Republic of Germany, mimeo, s/d.
SCHAFF, Adam. A sociedade informática - as conseqüências sociais da segunda revolução industrial. São Paulo, Brasiliense/Unesp, 1991.
Entrevista realizada entre Seymour Papert e Paulo Freire – Encontro Puc. São Paulo, Publicada no caderno de sábado-20-01-1996 JORNAL DA TARDE| Início | Dados Pessoais | Artigos | Textos | Interesses | Furdunço |
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