"O Caminho (...), he elle tal, que põe assombro aos que hão de subir, ou descer. O mais do espaço não he caminhar, he trepar de pés, e de mãos, aferrados às raízes das árvores, e por entre quebrados taes, e de taes despenhadeiros, que confesso de mim, que a primeira vez que passei por aqui, me tremerão as carnes, olhando para baixo. A profundeza dos valles he espantosa: a diversidade dos montes huns sobre os outros, parece que tira a esperança de chega ao fim: quando cuidais que chegais ao cume de hum, achai-vos ao pé de outro não menor (...) Assentado sobre hum d'aquelles penedos, donde via o mais alto cume, lançando os olhos pera baixo me parecia que olhava do ceo da lua, e que via todo o globo da terra posto debaixo dos meus pés: e com notavel formosura, pela variedade de vistas, do mar, da terra, dos campos, dos bosques, e serranias, tudo vario, e sobremaneira aprazível." (MENDES, Denise 1994, p. 119).