Comentário do Senhor César Manuel de Castro Martins

O Senhor Martins é Criador de RR, com o afixo Quinta de Ferdais, reconhecido pelo CPC e FCI.

Ele é Fundador e Presidente da Direcção do RR Clube de Portugal.

Para informação sobre quem é o Senhor Martins, clique aqui .

Acreditamos que é importante conhecer a história do Senhor Martins para poder entender a importância de suas palavras.

Informação sobre o canil do Senhor Martins é encontrada aqui .

Citamos as palavras dele (com permissão dele) porque estão em Português (idioma que não dominamos) e porque ele expressa nossa Filosofia de criação.

Para ver o comentário completo do Senhor Martins, clique aqui .

Aqui reproduzimos somente a parte que tem a ver com nossa Filosofia.

Rhodesian Ridgeback World Congress 2004

"Acabei de regressar dos States onde representei o RRC de Portugal no RRWC. Na generalidade, foi uma jornada interessante, principalmente por proporcionar o reencontro com alguns amigos. Stig Carlsson foi a ausência que mais notei, embora tantas vezes com opiniões discordantes, sempre estivemos juntos desde o congresso na Inglaterra. Era respeitado e respeitava as opiniões dos outros e, quer queiram quer, não projectou muito a raça através dos seus livros, dele retenho a sua máxima:

... "no standard can ever teach you to understand and judge a ridgeback, only a feeling for, and understanding of, the idea behind the breed...""

A seguir damos a nossa tradução 'facilitada' desse comentário em Inglês citado pelo Sr. Martins:

..."nenhum padrão de exposição da raça RR poderá ensinar você a entender e julgar um RR, somente um sentimento por, e uma compreensão da idéia por tras dos bastidores da raça (i.e. filosofia)..."

"Que descanse em Paz."

Mais na frente, o Senhor Martins expressa o seguinte.

"Finalmente falou a criadora Bonnie Sykes-Norris, que admite:

E foi isto no essencial o que se passou no RRWC – 2004 at Fort Worth.

Como nota final tenho que desabafar o seguinte:

O RR foi criado para ser um cão polivalente em "Africa", tanto para defender a propriedade e os donos como para a caça grossa, mais especificamente para o leão, tornando-se um cão de eleição em poucos anos pelos seus invejáveis e muitas vezes unicos atributos.

E isto porquê?

Porque em Africa, os cães tem que ter utilidade. Quase ninguém tem cães para guardar e outros para caçar. Tem que caçar em grupo e usar de estratégias, resistindo exclusivamente os mais fortes e espertos, sendo o RR um cão polivalente que satisfaz ambas as necessidades, espertissimo, forte, grande estratega e que sabe operar em grupo preenche todos esses requesitos.

Porque em Africa, os cães tem que ser a guarda pretoriana da propriedade e os guarda costas dos membros mais fracos da familia, condições inteiramente preenchidas pelos RR, que sendo um guarda temivel de propriedade também o é na defesa da sua "familia", dando a sua vida inclusive por qualquer dos seus elementos.

Porque em Africa, temos inimigos selvagens e fazemos parte das suas cadeias alimentares, por estarmos expostos permanentemente aos perigos de intrusões de feras de quatro patas, nunca podendo esquecer também as de duas, ora como o RR é incorruptivel, silencioso e extremamente corajoso e poderoso preenche totalmente esses requisitos.

Porque em Africa, durante uma caçada não se pára para dar de beber aos cães. Porque por vezes uma caçada dura dois ou três dias. Porque as presas são sempre muito maiores que os cães e uma presa ou fera ferida tem sempre que ser abatida nem que demore uma semana, condicionalismos que o RR preenche na totalidade dada a sua enorme resistência, a quase nula necessidade de beber, o seu olfacto apuradissimo conjugados com a sua apetência permanente de agradar e ser util ao dono.

Finalmente...

Porque para enfrentar e encurralar feras, um cão tem que possuir uma enorme concentração, uma grande mobilidade e poder de finta, um poderosissimo arranque e paragem em espaço curto, uma mordida potentissima e coragem desmedida, tudo isso o RR tem (inha), para isso tem que ser forte, atlético, suportado por ossos largos, ter um centro de gravidade baixo e uma frente e cabeça poderosas.

Foi-me dito por uma Norte Americana, como subconstancionamento do estalão / versão do RR que se cria nos USA, que os cães já não necessitam de ser tão fortes porque já não se caçam Leões. Concordo, felizmente que sim, mas também já não existe escravatura para tomar conta, nem se levam os cães para a guerra com armadura, no entanto não se mudou radicalmente os estalões do Fila Brasileiro ou do Mastiff.

A questão que deixo no ar é a seguinte:

Anualmente nascem mais de 8.000 exemplares de RR, desses só 10% é que andam em DogShows. Porque é que se quer modificar o seu estalão, quando os beneficios dessa modificação nada tem a ver com os fins para que a raça foi criada, mais, ainda com a agravante de se querer retirar desse mesmo estalão algumas das suas melhores qualidades e particularidades.

Hoje em dia nos ditos exemplares de exposição dos USA ninguém consegue diferenciar um macho de uma femea pela cabeça, o chamado "Osso" nesses cães não existe, as trazeiras são invariàvelmente mais largas que as frentes, o caracter e desconfiança caracteristicas desapareceram, bem assim como o sentido de caçar principalmente no que diz respeito á estratégia de grupo, e finalmente, com muito mais gravidade ainda, desapareceu grande parte do seu sentido para guardar, da sua nata apetência de fazer frente seja ao que for, em suma da sua desmedida coragem.

Será que os donos dos mais de 7.000 exemplares que nascem por ano, e que não são utilizados como cães de exposição, não se sentirão defraudados e irremediàvelmente desapontados com os seus cães, quando constatarem que as caracteristicas pelas quais elegeram a raça desapareceram?

Todos as raças caninas foram criadas ou adaptadas para uma ou várias determinadas funções, funções essas que foram levadas em conta e que consequentemente condicionaram o tamanho, osso, cabeça, resistência, elastecidade, musculatura, pelagem, cor(es), e coragem dos seus exemplares; em suma, o seu porte e caracter, não se criaram Mastiff’s para caçar ratos, nem Manchester Terriers para levar para a guerra com armaduras de 30 quilos.

Não seria mais lógico que, em vez de tentar alterar o estalão de uma raça com um fim devidamente definido, e já que oficialmente existem mais de 350 raças de canideos, escolher uma outra que fosse ao encontro ou preenchesse as pretensões desses criadores, deixando esta para quem quer realmente criar e possuir verdadeiros Rhodesian Ridgeback’s?"