O USO DO COMPUTADOR NA EDUCAÇÃO BASEADO NA ABORDAGEM CONSTRUCIONISTA 

Maria Lucia Soares Martins 

O uso de computadores, segundo uma abordagem construcionista teve como base as  diferentes idéias de pensamentos contemporâneos que serviram de suporte para a  proposta filosófica de Seymour Papert. Piaget, Dewey, Paulo Freire e Vygotsky se  constituem nos principais inspiradores do pensamento de Papert. Foi Papert que,  pela primeira vez, articulou conceitos de inteligência artificial com a teoria  piagetiana. Dessa articulação, Papert propôs atividades que resultaram na  criação da linguagem de programação, obviamente de abordagem construcionista,  chamada Logo. Posteriormente, com o advento de novos recursos digitais, suas  idéias foram expandidas e aplicadas em outros ambientes computacionais além do  Logo, tais como redes de comunicação à distância (Internet e similares),  programas aplicativos (processadores de texto, planilhas eletrônicas,  gerenciadores de banco de dados, etc.). 

Papert reforça sempre em seus registros a importância que se deve dar à  experiência significativa para a criação de um ambiente de aprendizagem e  descoberta, no qual alunos e professores se engajem em um trabalho de  investigação científica que possibilite ações de representação e o  estabelecimento de conexões entre os conhecimentos que o aluno possui: do velho  para a construção de um novo conhecimento. O conhecimento em elaboração deve ter  uma relação de continuidade com o conhecimento que o aluno possui, os quais  devem ser acionados na construção de projetos de interesse do aluno ? projetos  significativos em seu contexto social.  

A melhor forma de aprendizagem, segundo a abordagem construcionista, resulta de  uma ação em parceria, onde alunos e professores aprendem juntos, através do  desenvolvimento de atividades que sejam significativas e que despertem o  interesse e o prazer do aluno. O aluno, nesse enfoque, deixa de ser um simples  consumidor de informações quando ele atua como o criador de conhecimento com o  uso das ferramentas computacionais. Para Papert, a verdadeira alfabetização  computacional não se resume em saber como usar o computador, mas apóia-se na  decisão do indivíduo de quando e como é apropriado fazê-lo. 

A ferramenta computacional pode ser o instrumento que permite romper com a  abordagem baseada na simples instrução que caracteriza a Educação tradicional.  Enquanto a Educação tradicional transmite o que ela pensa que as crianças devem  saber, Papert afirma que elas farão melhor descobrindo, por si mesmas, o  conhecimento específico de que precisam (?O tipo de conhecimento que as crianças  mais precisam é o que lhes ajudará a obter mais conhecimento?) e considera o  computador como o instrumento capaz de desenvolver uma ampla possibilidade de  atividades que propiciem ao aluno aprender a aprender. 
Para Papert, a atividade de programação permite observar e descrever as ações do  aluno, enquanto ele resolve problemas que envolvem abstrações, aplicações de  estratégias, estruturas e conceitos, possibilitando transformas as suas ações em  conhecimento. È o computador a ferramenta que propicia ao usuário concretizar os  seus conhecimentos intuitivos, identificando o estilo de pensamento que o leva  ao desenvolvimento de habilidades e à aquisição de novos conhecimentos. 

De forma a promover a aprendizagem em ambientes computacionais, segundo o  enfoque construcionista de Papert, o professor deve trabalhar com conhecimentos  significativos, atuando de forma adequada ao desenvolvimento das estruturas  cognitivas que o aluno demonstra possuir e propiciando situações em que haja o  estabelecimento de conexões entre essas estruturas para a construção de outras  novas e mais complexas. 

Em um ambiente informatizado é essencial incentivar a compreensão através da  reflexão e da depuração, uma vez que nas atividades de programação, a reflexão  propicia a assimilação de conceitos ou de estruturas através da resolução de  problemas ou da implementação de projetos. 

É fundamental que o professor atue adequadamente, considerando as iniciativas,  expectativas, necessidades, ritmos de aprendizagem e interesses dos alunos, não  fazendo de suas atividades simples seqüências de conteúdos sistematizados nem  experimentações espontâneas. Dessa forma, cria-se uma rede de inter-relação de  conceitos e estratégias, conduzindo a um pensar interdisciplinar, provocando uma  mudança no paradigma educacional. Alunos e professores participam ativamente de  um processo contínuo de colaboração, motivação, investigação, reflexão,  desenvolvimento do senso crítico e da criatividade, da descoberta e da  reinvenção. As atividades propostas trazem embutidos conceitos de deferentes  áreas do saber, inter-relacionados em uma situação real, que ignora a  compartimentalização do conhecimento. 

A característica principal do construcionismo é a noção de concretude como fonte  de idéias e modelos para a elaboração das construções mentais. Na abordagem  construcionista cabe ao professor promover a aprendizagem do aluno para que esse  possa construir o conhecimento dentro de um ambiente que o desafie e o motive  para a exploração, a reflexão, a depuração de idéias e a descoberta. Antes de  propor um plano - que deverá ser resultado de um trabalho cooperativo dos  envolvidos na aprendizagem ? o professor precisa conhecer as potencialidades de  seus alunos e suas experiências anteriores.[1] 

[1]      O uso do computador na Educação baseado na abordagem construcionista
 
 
 
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