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Ela achava que era um erro, ele, um grande equívoco. Absolutamente impossível para ela, distinto, um homem de outro diapasão. Arrumadinho, mauricinho, perfumado. Um erro, uma chatice conhecê-lo. Aquela conversa longa já a fazia dormir. Despediam-se não sem enfado, quando uma língua veio de soslaio em seu pescoço. Ela estava distraída, se arrepiou e se contraiu se defendendo. Mas logo uma dentada leve em sua nuca e uma série de beijinhos espalhados no pescoço e costas a fizeram estremecer. Como podia? Um erro transmutado em acerto? Transubstanciação da água em vinho? Como podia aquela aparência tão servil, amanuense, ter assim, num paradoxo toda aquela fome selvagem. Sim, porque beijava bem. Alternava, vários tipos, leves, longos, duros, molhados, leves, breves... nos pontos certos, nas horas inexatas e ela desfalecia. Não queria, mas calava, consentia...
Era um erro?
Pelo menos um erro cheiroso. Ela sentia como uma felina o cheiro dele. Como uma fêmea, bem mulherzinha ali, sendo mordiscada e beijada por seu macho e ia se deixando esvair num turbilhão de impulsos e delírios. Era o contrário do que ela queria. Arrumado, sem boinas, cavanhaques, camisetas pintadas, o extremo oposto de seu paradigma de macho. Mas, agora, arrancando a camisa dele e sentindo os pelos dele, as pintas, nada mais pensava. Saboreava com a língua a pele dele peluda e perfumada, lambia e era lambida. Ali ela era uma pantera, devorando pedacinho por pedacinho e sendo devorada.
Ela agora de costas, a língua dele na linha das costas dela, até ela o sentir beijando a dobra dos joelhos.
Que arrepio, meu deus!
Uma mordiscada na bunda. Agora o volume por dentro das calças roçando a polpa. Ela se virou de frente e o puxou para si. Beijava a boca dele.
E que beijo bom. Longo, duradouro, intenso, profundo, gostoso. Sensação boa, excitante. Ela se sentia inundada. Sem perceber o apalpou. Duro, palpitante.
Como podia ser assim? Tão intenso se aparentava tanta docilidade?
Ela agora estava deitada, de pernas abertas e dobradas e o deixava roçar de roupa no seu corpo. As peças caiam aos poucos, entre beijos no ventre, mordidinhas, suspiros, palavras indecentes. Cheiros, fluidos, o quarto inundado pelo cio dos amantes...
Ela o desejava, e como. Ela só de blusa, levantada e de calcinha, ele já nu, desnudado por ela.
E a boca dele, carnuda, suculenta, os lábios, grossos, a língua áspera, brincando com a calcinha, pequena. A calcinha de lado, a língua nos lábios da rosinha dela.
Estava doida, seu sumo saía aos borbotões, sentia a xotinha beijada como se fosse a boca, suspirava, estremecia, todos os poros abertos, arrepiados e gozava loucamente com aquele homem no meio de suas pernas.
Ainda gozando sentiu ele entrar nela. Sem pedir licença, como seu macho, como seu gato selvagem, duro, de uma vez, mas sem dor. Ela estava inundada. A sensação dura, quente, forte, viril de ser penetrada sem dó, de uma vez, toda, no fundo, intensamente a desfaleceu. Ela o abraçou, tomou sua boca, fechou os olhos. E ele a escavava, ia, voltava, entrava, os dois rebolavam, dançavam, ela era a sua casa. Perdeu os sentidos e o controle, dançava loucamente no cio e foi sentindo o leite quente e abundante, gritou, se abriu mais, o sentiu tocá-la lá dentro...
Estava exangue, entregue, ele ainda dentro dela, os dois se beijando...
Um erro... um erro delicioso, maravilhoso...
Como era gostoso errar.
Roberto Ponciano