Um pedaço de céu veneziano

Um "trifoglio"incrustado numa garra

Anda a vagar no seu destino humano

O nômade destino da cigarra.

Muda esse anel de cor quase todo o ano

E quando o sol o esmalte azul lhe barra

Vejo um fauno sorrir,o olhar profano

Enguirlandado de festões de parra

Mas,ao luar sobre a pedra se debruçam

Sombras de dor...Veneza comovida

Cobre as águas de lívidos matizes...

E vejo em meio as sombras que soluçam

Sem gondoleiro a gôndola da vida

Levando a alma dos poetas infelizes...

 

Olegário Mariano