Instinto
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Instinto*[*]
· n substantivo
masculino
1. impulso interior que faz um animal executar
inconscientemente atos adequados às necessidades de
sobrevivência própria, da sua espécie ou da sua prole. Ex.: <i. sexual>
2. padrão inato,
não aprendido, de comportamento, comum aos membros de uma
espécie animal. Ex.: as abelhas fazem suas colméias sempre
iguais por i.
3. Rubrica:
psicologia. Esquema de comportamento herdado, próprio de uma
espécie animal, que pouco varia de um indivíduo para outro ou no
tempo e que parece cumprir uma finalidade
4. Derivação:
freqüentemente. Impulso interior, independente da razão e de
considerações de ordem moral, que faz o indivíduo agir, esp. se
a ação é anti-social. Ex.: <um homem de baixos i.> <não ceder
aos i.>
5. faculdade de
sentir, pressentir, adivinhar, que determina certa maneira de
pensar, de agir; intuição. Ex.: meu i. está me avisando para
ficar hoje em casa
6. tendência
natural para alguma atividade; talento, aptidão, inclinação.
Ex.: <i. musical> <i. para negócios>
7. Rubrica:
psicanálise. Uso: impróprio. m.q. pulsão.
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Podemos considerar instinto como uma resposta, inata, imutável
e automática a determinada situação.
O ser humano não faz a menor idéia do que seja um instinto seu,
algo que, de fato, podemos, com segurança, atribuir a uma
resposta instintiva. Mesmo respostas que podemos considerar
instintivas por natureza não podem ser assim consideradas, como
por exemplo o ato de fugir diante de um perigo imediato. Nós
humanos necessitamos aprender a considerar algo como perigoso
caso contrario não o consideramos assim. Ao contrario de nossos
irmão mamíferos que, em sua maioria, ao nascer estão plenamente
aptos a distinguir o que é perigoso do que não é. A espécie
humana não tem um comportamento padronizado que pode ser
considerado herdado e que se aplique a toda a espécie.
A resposta pulsional de Freud é no maximo uma atenuação do
instinto, ao criar o inconsciente ele tira a responsabilidade
ultima do homem seus de atos, justificando o comportamento
desajustado com uma falha que está alem do individuo saná-la. E
com certeza a pulsão não pode ser estendida a toda a espécie.
Pulsionar uma atitude nada mais é do que justificar a revolta
pessoal contra a preção exercida pela educação no individuo.
Revolta essa que se bem analisada pode ser plenamente
consciente. Exatamente como são conscientes os atos instintivos
daqueles indivíduos que querem seguir seus instintos mas não
consegue sair de seu emaranhado teórico-conceitual e decidir o
que vêm a ser suas vontades instintivas.
O colapso ecológico e social que tem acometido o planeta,
causado pela espécie humana, provoca em muitas pessoas o desejo
de se tornar mais natural, de agir mais de acordo com seus
instintos. Essa vontade se manifesta em diversas áreas do
cotidiano mas age principalmente no que eles poderiam chamar de
instinto sexual, que como todos os outros é apenas uma concepção
do que deveria ser esse instinto e após as descobertas da
primatologia comparada essa concepção tem se tornado cada dia
mais simiesca, numa tentativa de justificar suas vontades.
O que ocorre ao tentarmos dar vazão aos instintos, visto não
existir um instinto que pode ser considerado humano, é que em
lugar de dar vazão a instintos reais seguimos o que pensamos ser
instintos. formulamos uma concepção de instinto de acordo com o
que acreditamos ser a coisa mais natural a fazer e fazemos.
Neste ato podemos perceber a contradição fundamental dessa
atitude. Pensar o instinto é não ser instintivo
Da mesma forma a expressão “reprimir os instintos” é uma
contradição já que o instinto é, por definição, o que não pode
ser reprimido. Justificar um ato de vontade com um instinto é
não querer assumir a responsabilidade e as conseqüências de seus
atos. É justamente isso que tem causado o colapso
ecológico-social que temos vivido, já que, aparentemente, a
espécie humana não pode deixar de agir de forma destrutiva e
egoísta, porque esse parece ser um comportamento mais ou mentos
homogêneo na espécie.
Definir o que vem a ser vontade é assunto para outro artigo mas
a vontade do homem é soberana sobre seus atos e a menos que aja
erro o que uma pessoa faz é exatamente o que quer fazer. Assumir
essa vontade é a primeira atitude para o amadurecimento
intelectual necessário tanto a espécie quanto ao individuo.
Como animais é bastante provável que nos tenhamos instintos e
isso é obvio, mas esses instintos são exatamente a parte de
nosso comportamento que não questionamos a parte que para nós
não aparece. Ele está de tal forma incorporado a nossa vontade e
ao nosso comportamento que é invisível. A espécie humana nunca
deixou de agir de acordo com seus instintos, porem esses
instintos não são, e já não são a bastante tempo, suficientes
para suprir as necessidades humanas e a parte substancial de
nossas escolhas deve ser tomada conscientemente e com o único
auxilio da razão.
Cássio Silveira Gomides
05/02/2008
[*] *Acepções
retiradas do Houaiss.
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