Desaparece o ramal de JAÚ-DOURADO
As fotos dessa página foram apresentam o último trem que correu na Linha da Cia. Paulista em Jaú, em meados dos anos 60, sendo de autoria de Vicente João Pedro. Foram enviadas pelo associado da EFBrasil  Edson de Castro, que ainda comenta, sobre as mesmas:

 "..Notem o clima de fim de festa no pátio da Paulista 1 em Jaú, em meados dos anos 60. Ainda assim, estava tudo em pé e sem depredação, ao contrário dos dias atuais, pós concessão à iniciativa privada, onde o cenário é dantesco, de um extremo a outro das linha. Essas fotos foram tiradas da última composição que percorreu o local regularmente.."

Trata-se portanto de documentação rara, pois apresenta os últimos momentos de toda uma história e tradição ferroviária, que marcou de forma indelével o interior do estado de São Paulo, sendo mola propulsora de seu desenvolvimento e fonte de riquezas e crescimento de muitas cidades. Colaborou ainda nesse site o sr Jose M Demetri, o famoso DAL de Dourado, idealizador e mentor do museu de Dourado que forneceu diversas fotos para o site.

Ainda a respeito do "fechamento" da Douradense, Ralph Giesbrecht também escreveu um texto que transcrevemos abaixo e que ilustra o que foi a erradicação dessa ferrovia em SãoPaulo.

O Último Apito

por Ralph Giesbrecht*. Fotos de Alberto del Bianco e Vicente João Pedro

(clique na foto para vê-las em tamanho maior)
Entre 1947 e 1949, a Paulista comprou a Douradense, que, então, já tinha 350 quilômetros de linhas. Aquisição nunca engolida completamente pelos funcionários da Douradense, foi sem dúvida algo que manteve os seus altos padrões. 

No final dos anos 50, já havia trens a diesel da Paulista, correndo diretamente de São Carlos até Novo Horizonte, pela linha-tronco do agora chamado ramal de Ribeirão Bonito, apenas. 

E a Paulista começou a investir no ramal: o trecho São Carlos-Novo Horizonte, em 1960, ainda passava por modernização, com a reforma da superestrutura, troca de trilhos e empedramento geral.
Com a estatização da Paulista, em 1961, entretanto, tudo mudou e, a partir de 1964, começaram a ser fechados vários de seus trechos. Em 25 de agosto desse ano, o tráfego do ramal de Jaú-dourado foi suprimido, tendo os seus 40 quilômetros e meio de trilhos e acessórios sido retirados no dia 5 de dezembro seguinte. Os motivos que levaram a esse cancelamento foram os mesmos que levaram os seguintes ao mesmo destino: o pecado de serem antieconômicos. A função social da ferrovia não mais interessava.
É curioso que ela era importante enquanto a Paulista era uma empresa privada. Para o Governo, atual dono, isto não valia mais. O ramal de Dourado foi o seguinte a desaparecer.
  “...A Cia. autorizada pelos poderes competentes suprimiu o tráfego...” - assim dizia o comunicado no relatório da estatal Cia. Paulista. Em 01 de dezembro de 1966, ele se foi. Somente dezesseis dias depois, foram-se os ramais de Itápolis e de Bariri. Ainda em 23 de dezembro desse ano, extinguiu-se o tráfego no trecho entre Ibitinga e Novo Horizonte, justamente o trecho mais novo, que não chegaria a atingir trinta anos de existência, e que havia recebido melhorias poucos anos antes.
E o golpe final veio pouco mais de dois anos mais tarde, na alvorada de 1969: em 3 de janeiro, o trecho, de 148 quilômetros, entre São Carlos e Ibitinga, foi eliminado, pois “não apresentava condições de recuperação”.
Esse trecho já tinha autorizada a sua desativação por um decreto de novembro de 1966, portanto mais de dois anos antes, mas sobreviveu até 1969. 

“A linha de Novo Horizonte foi toda remodelada para receber a tração de máquinas diesel RSD-8, colocaram lastro de pedras, regabaritaram as curvas e trocaram os trilhos. 

Foi arrancada poucos anos depois.

Ouvi uma história de que teriam arrancado a linha de Ribeirão Bonito, que alguns apelidam de Ribeirão Buraco, na calada da noite, e que a população protestou e tentou impedir o ato. Conversei com um maquinista do trecho, e ele me confirmou (Rodrigo Cabredo, 1999)".

Clique nas fotos para vê-las em tamanho maior e na sequência          

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*Ralph Giesbrecht é pesquisador e escritor, possuindo entre suas obras publicadas, uma sobre seu avô, Sud Menucci, um expoente no universo cultural paulista e brasileiro. É associado da EFBrasil e possui um Site na Internet dedicado à pesquisa e divulgação da história das estações ferroviárias no Brasil. Clique aqui para conhecê-lo. É excelente.