O Irmanito: As Organizações de Aprendizagem e a Dinâmica de Grupo

Elton Luiz de Oliveira


Consultor e Sócio-Diretor da Desenvolver - Consultoria em Potencial Humano e Organizacional e participante da Comissão de Divulgação da SBDG

Para que construir uma organização que aprende?

Ao longo da Era Industrial, o mundo foi povoado por organizações. Um número grande dessas instituições são corporações. Também observamos um número crescente de organizações não lucrativas e não governamentais. Esta população institucional, por seu tamanho e importância influenciará o sucesso ou fracasso de nossos esforços para fazer deste mundo um lugar melhor para se viver.
A maioria das instituições de hoje ainda segue o modelo da era industrial: hierarquias organizadas em comando e controle, as pessoas são recursos a serem usados para alcançar os objetivos das instituições e gerentes que do topo querem controlar o rumo da instituição. Como nós entramos em uma nova era, instituições que ainda seguem o modelo industrial estão enfrentando mudanças sem precedentes. Não podemos afirmar o conteúdo de todas as mudanças que estão por vir, mas há um consenso crescente que aprendizagem ininterrupta e criação de conhecimento estão se tornando as chaves para uma vantagem competitiva, e só construindo culturas orientadas para o aprendizado é que farão organizações capazes de conquistarem o compromisso mais verdadeiro das pessoas. Sua essência, quando se atravessa toda a propaganda, é o matrimônio do crescimento individual com o desempenho econômico.

As novas habilidades e as disciplinas do aprendizado organizacional.

Sabemos que um ciclo de aprendizado genuíno está funcionando quando podemos fazer coisas que não podíamos fazer antes. A evidência de novas habilidades e capacidades aprofunda nossa confiança de que , de fato, está acontecendo um aprendizado real.
As habilidades e suas disciplinas correlacionadas que caracterizam as organizações que aprendem enquadram-se em três agrupamentos naturais:
- Aspiração: a capacidade de indivíduos, equipes e finalmente organizações maiores se orientarem no sentido do que verdadeiramente lhes interessa, e mudarem porque querem, não apenas porque precisam fazê-lo. Todas as disciplinas do aprendizado, porém particularmente a prática da maestria pessoal e construção de uma visão compartilhada, desenvolvem essas capacidades.
- Reflexão e Conversaç&atiilde;o: a capacidade de refletir sobre premissas profundas e padrões de comportamento, tanto individual como coletivamente. Não é fácil desenvolver capacidade de conversação real. A maior parte do que passa por conversação na sociedade atual é mais um jogo de pingue-pongue do que verdadeira conversa e raciocínio conjunto. Muitas vezes, estamos preparando nossa resposta antes mesmo de ter ouvido o ponto de vista da outra pessoa.. Conversações "instrutivas" requerem indivíduos capazes de refletir sobre seu próprio raciocínio. Como um processo reflexivo de aprendizado, o diálogo baseia-se no trabalho de três pensadores-chave do século XX: o filósofo Martin Buber usou o termo "diálogo" em 1914 para descrever um modo de intercâmbio entre seres humanos, no qual existe atenção verdadeira de um para o outro, e uma apreciação total do outro não como um objeto numa função social, mas como um ser genuíno. O psicólogo Patrick De Maré afirmou na década de 1980, que grandes reuniões de "socioterapia" em grupo poderiam permitir que pessoas chegassem a um entendimento e alterassem sentidos culturais presentes na sociedade - sanar os focos de conflito e violência em massa ou intolerância étnica, por exemplo. E por fim o físico David Bohm sugeriu que essa nova forma de conversação deveria concentrar-se em trazer à tona, e alterar, a infra-estrutura tácita do pensamento. Essas habilidades emergem de modo especialmente forte nas disciplinar de modelos mentais e aprendizado em equipe.
- Conceituação: a capacidaade de ver forças e sistemas maiores em jogo e de construir formas públicas e testáveis de expressar esses pontos de vista. O que parecia tão simples do meu ponto de vista individual , parece muitos menos quando o vejo do ponto de vista de outros. Porém, construir descrições coerentes do todo requer habilidades de conceituação não encontradas nas organizações tradicionais. A disciplina do pensamento sistêmico é vital para essas habilidades, especialmente em associação com a reflexidade e abertura promovidas pelo trabalho com modelos mentais.

A Dinâmica de Grupo na construção das Organizações de Aprendizagem.

Segundo Art Kleiner, editor consultivo do Centro de Aprendizado Organizacional do MIT (e um dos autores do livro citado abaixo), foi a "pesquisa- ação" de Kurt Lewin um importante fundamento para todas as cinco disciplinas. Sabemos também que foi no MIT, origem da teoria das Organizações de Aprendizagem que Kurt Lewin, em 1945, fundou o Centro de Pesquisas em Dinâmica de Grupo. É evidente que outras fontes do conhecimento humano contribuíram para esta construção, podemos citar como mais importante as concepções trazidas pela nova física e a influência das filosofias orientais, principalmente o Zem Budismo.
Para nós, iniciados pelo caminho da Sociedade através da formação e do nosso trabalho com grupos, sabemos da importância que a tecnologia, o conhecimento e a ética que estamos em contínuo desenvolvimento possui para construirmos organizações que tenham as habilidades e as disciplinas trabalhadas com suas equipes de trabalho. Como desenvolver aspiração, capacidade de diálogo e reflexão sem integrarmos tarefa e emoção. Como desenvolver aprendizagem em equipe, modelos mentais e compartilhar visões sem dispor dos aspectos "luz e sombra", bastante natural quanto se trata de grupos e equipes.
Referências bibliográficas
 
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