A Psicologia Hospitalar
- Na clínica psiquiátrica e na clínica geral –
Por: Marcelo Ribeiro Dantas
A Psicologia entrou definitivamente no meio hospitalar. Reconheceu-se, finalmente, sua necessidade ímpar em ambientes tão carentes por apoio e compreensão , fundamentais à cura. Os resultados do trabalho de profissionais sérios e dedicados a seu propósito foi reconhecido, porém ainda se faz necessário traçar algumas características desta nova atuação, inclusive diferenciando a prática no hospital psiquiátrico e no hospital geral.
A psiquiatria passa atualmente por uma reforma nos seus meios de tratamento e leva consigo propostas inovadoras da Psicologia. Objetiva-se, psiquiatras e psicólogos, tornar cada vez mais humana a atenção ao paciente, agindo mais do que nunca na busca de cidadania. Cada especialista através de sua técnica, visa a melhor possível reintegração sócio-familiar dos indivíduos. O psicólogo tenta capturar e facilitar a comunicação, a espontaneidade, criatividade e o equilíbrio dos afetos. Tenta construir a auto-estima, aumentar a suportação de frustrações e fortalecer o ego vulnerável. Estimula mudanças de hábitos. Busca desenvolver a capacidade de atenção e concentração, atitudes de respeito pela expressão e modo de ser do outro, e o espírito de cooperação. Incentiva a capacidade de iniciativa e atitudes de independência socializada. Procura clarear a natureza dos mecanismos defensivos que impedem o desenvolvimento pessoal e a relização do sujeito. A técnica do psicólogo na clínica psiquiátrica baseia-se principalmente na psicanálise, na psicoterapia de grupo, no psicodrama, nas terapias corporais, no aconselhamento psicológico, na musicoterapia, na terapia recreativa e em todas as formas de expressão artística.
Não sendo menos importante, o psicólogo na clínica geral busca fundamentalmente a minimização do sofrimento causado pela hospitalização e da própria doença. Ora, hoje já é óbvio que muitas patologias tem seu quadro clínico piorado a partir de complicações emocionais. Seu dblquote público alvodblquote aqui é vasto: pré e pós operatórios, distúrbios emocionais diversos, hospitalismo (segundo Galizzi (1994): quadro de reinternações ou de permanência hospitalar além da média prevista para o quadro clínico, em que há desejo consciente ou inconsciente do paciente de ser cuidado pela instituição), tentativas de auto-extermínio, internamento infantil, casos terminais e sentimentos de luto, somatizações e familiares. É necessário ser trabalhado o sentimento de abandono e dicotomização do interno. É irrefutável a consequência nociva da despersonalização do paciente sendo chamado por um número, por uma patologia, por um sintoma (o cardíaco do 5º andar, o do leito 12, etc.) e para tal vale-se do trabalho do psicólogo como gerador de "sujeito". Para tanto, o trabalho do psicólogo hospitalar baseia-se nos seguintes aspectos, como destacou SEBASTIANI (1994):
1) Atender integralmente o paciente e sua família, considerando-se os parâmetros de saúde da Organização Mundial de Saúde (total bem-estar biopsicossocial do paciente/atenção primária, secundária e terciária à saúde);
2) Desenvolver as atividades dentro de uma visão interdisciplinar (médico, enfermeiro, assistente social, fisoterapeuta, nutricionista, etc) baseadas na integração dos serviços de saúde voltados para o paciente e sua família;
3) Possibilitar a compreensão e o tratamento dos aspectos psicológicos (psicogênicos) nas diferentes situações, tais como: quadros psico-reativos, síndromes psicológicas, distúrbios psicossomáticos, quadros conversivos, fantasias mórbidas e angústia de morte, ansiedade frente a internações (doenças, evolução, alta).
Um fator que o psicólogo tem que se adaptar no meio hospitalar é da baixa demanda e do curto período de contato para a criação do setting terapêutico. O interesse pelo seu trabalho depende de seu próprio trabalho. O valor que lhe é dado é o próprio valor que ele lhe dá com sua postura e dedicação profissional.
Com essas poucas palavras pretendo ter dado uma noção do indispensável e importantíssimo papel do psicólogo hospitalar.