Coesão de Grupo

Por: Cartwright & Zander

Uma das maiores dificuldades para os que desejam compreender os grupos e trabalhar realmente com eles é explicar as grandes diferenças de "agrupamento" que distinguem uns grupos de outros. Por que o comparecimento num grupo é tão irregular que provoca sua morte lenta, enquanto no outro, com atividades e lideranças semelhantes continua grande? O que torna um grupo "vigoroso", de forma que os componentes trabalham com mais ardor, fazem os maiores sacrifícios pelo grupo, estão mais dispostos a celebrar suas virtudes, parecem mais felizes quando estão juntos, interagem com maior freqüência e mais rapidamente chegam a acordo do que os componentes de uma organização decadente? Todos os dias são observados esses sintomas, mas não é fácil encontrar uma explicação adequada para a natureza e a origem da coesão do grupo.

A fim de pensar nesse problema, obtém-se um sugestivo auxílio na designação de dois síndromes de sintomas – por analogia com a medicina – tais como "saudável" e "doentio". Contudo essa dicotomia é pouco esclarecedora quanto às determinantes da saúde coletiva, e nem ajuda a explicar as grandes diferenças de comportamento entre os componentes do mesmo grupo. Como explicar que um grupo que, durante muito tempo, mal conseguiu reter seus componentes se torne, repentinamente, mais atraente? Quais os fatores que, segundo a observação dos dirigentes sindicais, frequentemente provocam um aumento da solidariedade do grupo de operários depois de uma greve? Como explicar as flutuações no espirito de um quadro esportivo, que aparentemente independem das vitórias e das derrotas? Quais as razoes pelas quais num ano apresenta boa participação e, no ano seguinte, uma atuação indiferente? E por que um escoteiro frequenta ocasionalmente as reuniões de sua companhia, enquanto um vizinho frequenta a mesma companhia regularmente e permanece, durante anos, um participante entusiasta?

Um primeiro passo para responder a essas perguntas consiste em criar conceitos descritivos que se apliquem a fenômenos relativamente homogêneos. Que queremos dizer quando, intuitivamente, falamos de coesão de um grupo? Logo nos ocorrem vários sentidos. Pensamos, por exemplo, num grupo com um forte sentimento de "nós"; com isso, queremos dizer que os componentes tendem a falar através de "nós" e não de "eu". Pensamos, também, num grupo onde todos são amistosos ou onde seja grande a lealdade aos companheiros. Um grupo coeso poderia ser caracterizado como aquele em que todos os componentes trabalham reunidos para um objetivo comum, ou um em que todos estão prontos a aceitar a responsabilidade pelo trabalho coletivo. A disposição para suportar dor ou frustração pelo grupo é, ainda, uma outra indicação possível de sua coesão. Finalmente, podemos imaginar um grupo coeso como aquele que é defendido, pelos seus componentes, das críticas e ataques externos.

Até certo ponto, todas essas caracterizações são razoáveis. Algumas levaram a úteis definições operacionais e permitiriam medidas para descrever a proporção da característica existente num determinado grupo, em um momento específico. Já se mostrou que os resultados dessas medidas, sob condições especiais, "têm sentido". Por exemplo, nos experimentos de White e Lippitt, sobre atmosfera autoritária, democrática e permissiva em clubes de meninos, realizaram-se diversas observações que poderiam servir como definições operacionais de um ou outro dos sentidos acima descritos. Observaram o número relativo de comentários em que os meninos usaram "nós" e "eu". Registraram, também, o número de comentários amistosos, de afirmações que exprimiam descontentamento, a freqüência de observações que revelavam espírito de grupo. Em todas essas medidas verificou-se que os grupos de clima autoritário estimulavam mais conflitos entre os componentes que os de atmosfera democrática.

Alguns utilizaram o número relativo de ligações de amizade entre os componentes, no interior de diferentes grupos, para medir a coesão coletiva. Festinger, Schachter e Back, por exemplo, determinaram a coesão das várias quadras de um conjunto residencial; pediram aos moradores os nomes dos amigos no local e, depois, verificaram a proporção de escolhas feitas em toda a comunidade. Dimock construiu, também, um "índice de amizade" para pequenos grupos. Esta é a razão do número de escolhas feitas no clube, quando cada sócio dá o nome dos 10 melhores amigos, dividido pelo número que poderia ser escolhido no quadro social do clube. Os dois estudos demonstram que os resultados dessas medidas podem ser empregados para diferenciar os grupos que são também diferentes sob outros aspectos importantes.

O grau em que os componentes do grupo aceitam as mesmas normas de comportamento e de crença, foi, às vezes, considerado como indicador de coesão. Em outro estudo, French verificou que os grupos organizados eram menos suscetíveis à perturbação causada pela partida de um dos componentes que os grupos desorganizados. Essa diferença poderia ser considerada como indicadora de variações na coesão. A atração do grupo foi medida de outra maneira por Schachter, no experimento de laboratório onde utilizou três perguntas: se os sujeitos desejariam continuar como sócios de novos clubes, a freqüência com que desejariam que o grupo se reunisse e se desejariam convidar outros para permanecer no grupo. Também neste caso, os grupos que variaram nessas medidas seriam, provavelmente, diferentes em algumas outras variáveis.

Uma inovação engenhosa na mensuração da coesão é o teste projetivo de figuras, construído por Libo. Baseia-se na suposição de que, quando as pessoas estão numa reunião, o ambiente imediato influencia os sentimentos dos participantes do grupo e estes, por sua vez, se refletirão nas histórias escritas sobre as figuras. Ficou demonstrado que o teste distingue muito bem entre os sujeitos que, quando posteriormente, têm liberdade para escolher, permanecem no grupo e aqueles que o abandonam.

Em estudos de grupos mais permanentes – como firmas comerciais ou clubes formalmente organizados – geralmente é possível medir alguns elementos, tais como o absenteísmo, a mobilidade ou o pagamento de mensalidades. Estes foram frequentemente usados como indicadores grosseiros do grau de atração que a instituição tem para seus componentes.

Mann e Baumgartel realizaram uma cuidadosa análise deste tipo, ao estudar a relação entre ausências e várias medidas de atitudes de satisfação entre empregados de uma empresa pública. De modo geral, verificaram relações estatisticamente significativas entre a taxa média de ausência, num setor da companhia, e o grau de satisfação entre os membros do grupo diante da supervisão, dos colegas e da natureza do serviço. Um resultado notável, especificamente importante aqui, refere-se à percepção que os homens têm da solidariedade de seu grupo. Uma grande proporção (62% para grupos de funcionários de escritório) de participantes de grupos com taxas muito baixas de ausências indicou num questionário: "Nossa equipe é melhor que as outras quanto à união". Apenas 21% dos participantes de grupos com altas taxas de ausências deram essa resposta. Análises semelhantes demonstraram que os supervisores que fortalecem o grupo através de discussões coletivas contam com menos ausências.

O emprego desses tipos de índices comportamentais de coesão de grupo apresenta uma dificuldade, observada por Hill e Trist. A ausência não é abandono do grupo, embora seja um abandono temporário da participação em suas atividades. Podemos Ter boas razoes para esperar que um grupo muito atraente tenha, habitualmente, uma taxa elevada de participação em suas atividades; mas isso não é necessário e invariável. Um participante que se sente atraído pelo grupo pode afastar-se por doença, obrigações simultâneas ou necessidade de evitar tensões provenientes da participação no grupo, sem Ter reduzido seu entusiasmo por este; ou outro, que não sente essa atração, pode participar, constantemente, de suas atividades, sem aumentar seu desejo de freqüência. Num estudo de empregados de escritório, ainda não publicado, Jackson observou que os empregados mais competentes faltavam com maior freqüência que os menos competentes. Talvez os mais competentes estivessem tão seguros de suas relações com a companhia que se afastavam do trabalho sempre que isso lhes parecia necessário.

Evidentemente, incluem-se diversas coisas diferentes nessas descrições intuitivas e operacionais da coesão de grupo. É possível distinguir, pelo menos, três sentidos bem diferentes: (a) atração do grupo, que inclui resistência para deixá-lo; (b) motivação dos membros para participar nas atividades do grupo; (c) coordenação dos esforços dos participantes.

É muito improvável que se consiga construir um único conceito que contenha, adequadamente, os três sentidos. Propomos limitar o conceito de coesão, a fim de que se refira ao fenômeno de atração do grupo. Acreditamos que os fenômenos ligados ao nível de motivação possam receber melhor tratamento com o conceito de objetivo do grupo. A coordenação de esforços num grupo é processo complexo, que pode ser dividido em outros aspectos, tais como a atribuição de funções, a influência exercida e a organização estrutural dos grupos. Todas essas características dos grupos são determinantes importantes de seu funcionamento saudável. Contudo para descrever seus vários aspectos, é conveniente empregar vários conceitos diferentes.

Depuração do conceito de coesão

O termo coesão refere-se a fenômenos que surgem com a existência do grupo e unicamente nesse caso. Uma pessoa precisa Ter alguma noção acerca das características de um determinado grupo, antes de reagir favorável ou desfavoravelmente a ele. A atração que o grupo exerce depende de dois conjuntos de condições: (a) determinadas características do grupo, tais como seus objetivos, programas, extensão, tipo de organização e posição na comunidade; (b) as necessidades individuais de afiliação, reconhecimento, segurança e outras coisas que podem ser obtidas através dos grupos. Em toda formulação adequada de coesão do grupo é preciso incluir tanto a natureza do grupo quanto o estado de motivação das pessoas.

Essa formulação, como se vê, é idêntica às concepções mais gerais e geralmente aceitas da motivação humana. A valência ou atração de qualquer objeto ou atividade é uma função das necessidades do indivíduo e das propriedades do objeto. A atração de um parto de alimento, por exemplo, depende da fome do indivíduo e do tipo de alimento. Na concepção de coesão de grupo aqui proposta, trata-se o grupo como um objetivo no espaço de vida da pessoa. Portanto, sua valência para uma determinada pessoa depende, de um lado, da natureza e da força de suas necessidades e, de outro, da adequação percebida no grupo para a satisfação dessas necessidades.

Com o auxílio dessa formulação tornam-se possíveis várias e interessantes derivações. Por exemplo, se uma pessoa adere a um grupo com a expectativa de satisfazer algumas necessidades pessoais, mas essas necessidades mudam durante sua participação, a atração do grupo decrescerá para ela, a menos que o grupo seja capaz de satisfazer, tão bem ou melhor que antes, às suas novas necessidades. Na verdade, é possível que as necessidades do indivíduo se modifiquem através de experiências no grupo. De fato, algumas organizações tentam deliberadamente transformar as necessidades de seus membros. Essas organizações frequentemente "seduzem" indivíduos, através da promessa de alguns incentivos e, depois, convencem os membros a desenvolver outras necessidades e interesses, considerados mais importantes para o grupo. Estamos, porém, longe de compreender exatamente como ocorrem essas mudanças de motivação.

Condições sociais mais amplas, podem modificar, mais ou menos simultaneamente, as necessidades de grandes segmentos da população. Quando ocorrem essas mudanças, podemos esperar que a atração de alguns tipos de grupos sofra a influência correspondente. Sugeriu-se, por exemplo, que o aumento da freqüência e de adesão à igreja, depois da guerra, se deve à insegurança e angústia populares, resultantes do advento da era atômica.

A formulação da coesão aqui proposta implica também em que toda redução da capacidade do grupo para satisfazer as necessidades de um membro reduzirá, para este, a atração no grupo. Essa modificação pode ser provocada pela alteração das características do grupo, através de modificação de seu programa, da natureza de participação que impõe, da organização interna ou da atmosfera emocional. Naturalmente, por um raciocínio semelhante, devemos esperar que a atração de um grupo aumente com todas as mudanças no grupo que reforcem sua capacidade para satisfazer as necessidades de seus componentes.

Deve-se observar que a capacidade de um grupo para satisfazer os desejos de um indivíduo pode não depender totalmente das ocorrências no interior do próprio grupo. Todo grupo existe num ambiente, e os atributos que uma pessoa vê num dado grupo são, em parte, determinados, para ela, pela posição do grupo no ambiente. Se, por exemplo, o grupo tem um grande prestígio na comunidade, será visto com a capacidade para satisfazer as necessidades de status ainda não atingido por um grupo de pouco prestígio. Esta é uma qualidade do grupo, derivada de fontes exteriores a ele. O grupo pode permitir o acesso a determinados objetivos que não podem ser atingidos pelos não-participantes.

Eisenstadt descreveu vivamente as mudanças num ambiente e como essas mudanças determinaram a capacidade de organizações voluntárias para satisfazer as necessidades dos membros. Observou as mudanças e Israel, imediatamente depois de sua organização como país independente. Enquanto a nação era um Mandato Britânico, quase todas as organizações tinham determinadas características típicas: ligavam-se intimamente a vários movimentos sociais ou a partidos políticos; desempenhavam funções de importância vital, no interior da comunidade, tais como vigilância, defesa, auxílio médico, bem-estar social, educação e agricultura; ligavam-se a centros sociais e políticos do governo; consideravam-se como realizadoras do ideal do renascimento nacional. Quase todos os grupos permitiam que seus componentes participassem da vida cívica do país e sentissem que estavam contribuindo para o seu desenvolvimento. Além disso, através da participação nesses grupos, seus componentes obtinham reconhecimento e prestígio na comunidade. Quando Israel se tornou uma nação, houve uma rápida centralização de poder e serviços nas mãos do governo e um aumento simultâneo do valor atribuído ao poder. Com essas mudanças, as associações voluntárias perderam sua antiga utilidade e reduziu-se o interesse dos componentes por uma ativa vida política e social. Em vez de interessar-se pela ação social, as associações voluntárias transformaram-se, na nova nação, em grupos de pressão, sociedades filantrópicas ou clubes sociais, todos com pouca ligação com o governo. Os novos grupos voluntários proporcionaram pouca satisfação à necessidade de ação e empreendimento e, fundamentalmente, contribuíram para dar aos componentes uma compreensão de problemas sociais e políticos, difundir pontos de vista ou encorajar sociabilidade.

Festinger e seus colaboradores estudaram de uma forma muito diferente as influências do ambiente sobre a natureza dos grupos; interessaram-se pelos fatores que conduzem à formação de grupos numa pequena comunidade e as causas de aumento e redução da atração desses grupos para seus componentes. Verificaram que, no conjunto residencial, a distância em que se vive dos outros e a disposição fortuita de calçadas, caixas de correio, escadas e outros elementos semelhantes, que controlam as probabilidades de contato, são fatores importantes para a formação de relações de amizade e, dessa forma, para a formação dos grupos sociais. Verificou-se também que, quando os grupos de vizinhança satisfazem as necessidades dos componentes, tornam-se mais coesos do que quando isso não ocorre. As pessoas com uma participação mais satisfatória no grupo também ficam mais satisfeitas com os outros aspectos da vida comunitária.

Supondo que a valência do grupo seja uma função das necessidades individuais e das características do grupo, podemos fazer um resumo rápido desse conceito, dizendo que a atração do grupo é uma função das forças resultantes e que atuam sobre a pessoa, seja ou não membro do grupo, a fim de que pertença a este. A coesão de um grupo é a resultante de todas as forças que atuam sobre os membros, a fim de que permaneçam no grupo. Essa formulação exige, evidentemente, que sejamos capazes de identificar os que são e os que não são membros.

Fontes de atração do grupo

Por que as pessoas aderem a um grupo ou nele permanecem? É possível distinguir duas principais fontes de atração: (a) o próprio grupo é o objeto da necessidade e (b) estar no grupo é o meio de satisfazer necessidades exteriores a ele.

O grupo é o objeto da necessidade. Uma das razoes mais evidentes para aderir a um grupo é gostar das pessoas que dele fazem parte. Em alguns grupos, essa pode ser a única fonte de atração; isso ocorre numa reunião de vizinhos que se "visitam", unicamente porque apreciam a companhia uns dos outros, e não necessariamente pelo prazer de falar ou pelo interesse nos tópicos discutidos. Mais frequentemente, no entanto, essa atração pelas pessoas do grupo está ligada ao interesse pela atividade ou por programas da organização. Um homem pode entrar num clube de golfe tanto por gostar do jogo quanto por apreciar as pessoas que lá encontra. Naturalmente, é possível que pudesse entrar no clube unicamente a fim de jogar golfe, sentindo-se neutro diante dos seus frequentadores, ou tendo um ligeiro desprezo por eles.

O grupo pode ser o objeto da necessidade, por causa de uma atração para seus componentes ou pela apreciação das atividades possíveis no grupo, ou por ambas as razoes. Um caso de especial interesse surge quando consideramos a possibilidade de que uma pessoa se ligue a um grupo por dar grande valor a seus objetivos – por exemplo, combater o preconceito, obter o direito ao voto ou aperfeiçoar as formas locais de comércio. Neste caso, a atração do grupo reside, unicamente, no fato de o indivíduo sentir que o objetivo do grupo é valioso. Se vier a acreditar que nunca chegará a atingir essa finalidade, por ineficiência do grupo, má liderança, atritos, falta de dinheiro ou qualquer outra razão, sentir-se-á menos atraído pelo grupo. A valência de um grupo, quando seus objetivos constituem a fonte primária de atração para um participante, é igual à força de atração do objetivo do grupo, multiplicada pela probabilidade de que o grupo atinja esse objetivo.

Grupos como meios de satisfazer necessidades exteriores a eles. Em muitos casos, um grupo pode atrair uma pessoa, principalmente por ser um meio de atingir algum objetivo exterior ao grupo. Fazer parte deste é um caminho para alguma coisa desejável do ambiente. Por exemplo, segundo os resultados apresentados Willerman e Swanson, uma importante razão para aderir a uma irmandade (sorority) na universidade, é o prestígio obtido, na comunidade universitária, pelas moças que pertencem ao grupo. De maneira semelhante, segundo Rose, a principal vantagem que os participantes afirmam conseguir num grande sindicato "local" é a obtenção de salários mais altos e segurança no emprego. Nos dois casos, o indivíduo valoriza o grupo porque este é um auxílio para a realização de um objetivo existente fora do grupo.

Alguns autores acentuaram que um grupo pode tornar-se um abrigo protetor contra um ambiente perigoso e, dessa maneira, tornar-se um meio de satisfazer a necessidade de segurança. Grinker e Spiegel descreveram o aumento de coesão da tripulação de um bombardeiro, quando esta tomou consciência de que, para a segurança de todos, cada pessoa no avião dependia das outras. Num engenhoso programa de pesquisa, Schachter estudou as influências de estados de angústia, induzidos experimentalmente, sobre o desejo de estar com outras pessoas (que o autor denomina tendências de afiliação). Seus resultados mostram nitidamente que um estado de angústia provoca o aparecimento de tendências de afiliação. Ao tentar explicar os resultados da pesquisa, Schachter conclui: "parece teoricamente produtivo apresentar esse conjunto de resultados como uma manifestação da necessidade de redução da angústia e da necessidade de auto-avaliação; isto é, situações ou sentimentos ambíguos levam ao desejo de estar com outros, como um meio de avaliar e determinar socialmente a reação "adequada" e "correta". Portanto, quando as pessoas estão angustiadas, podem ser atraídas pela participação nos grupos que contribuem para a diminuição da angústia, mas até agora são pouco conhecidos os processos que surgem nos grupos, quando seus componentes estão angustiados. Um resultado incidental e de muito interesse, na pesquisa de Schachter, é que os primogênitos ou filhos únicos reagem a situações ameaçadoras com maior angústia e, nesse caso, apresentam maiores tendências de afiliação que pessoas que têm irmãos mais velhos.

O princípio da "autonomia funcional de motivos", proposto por Allport, indica não ser absoluta a distinção entre os grupos, considerados como objeto ou como instrumento de satisfação de necessidades. Allport indica que determinado comportamento, originalmente instrumental para a realização de algum objetivo longínquo, pode tornar-se um objetivo em si mesmo e persistir mesmo depois do desaparecimento do objetivo original. Aparentemente, um fenômeno semelhante pode ser encontrado no caso da participação no grupo. Uma pessoa pode aderir a um grupo a fim de atingir algum objetivo externo, mas nele continuar depois de o objetivo original Ter perdido sua importância. A participação no grupo, a principio unicamente instrumental torna-se um fim em si mesma. Tsouderos, a partir de seus estudos de organizações voluntárias, sugere que indivíduos que desempenham papéis altamente especializados numa organização consideram sua participação como um meio para um fim, enquanto aqueles que não têm responsabilidades especiais tendem a considerar a participação como um fim.

A fonte de atração de um grupo não é igual para pessoas com diferentes tipos de necessidade. Jackson mostra que a atração para as equipes de trabalho, entre os diretores de uma agencia social, surge de sua avaliação das vantagens do trabalho especializado, e não da admiração pelas pessoas da agencia. Ross e Zander verificaram que a atração de uma firma comercial era mais influenciada pela capacidade dos empregados para desempenhar seus trabalhos e pelo reconhecimento que recebiam pelos bons serviços, que pelo número de amigos. Uma organização pode ser uma fonte de satisfação para um tipo de necessidade e não para outro, de maneira que a possível atração se baseia no que o grupo propicia. Num experimento de laboratório, que utiliza grupos de discussão, Wolff observou que os componentes de um grupo em que o presidente aprova seus comentários baseavam sua apreciação no valor evidente de suas contribuições, enquanto os membros dos grupos em que o presidente desvalorizava seus comentários gostavam do grupo por causa dos participantes e do interesse do tópico discutido. A atração mútua dos componentes, segundo a descrição de Newcomb pode Ter várias origens, pois os participantes dão diferentes recompensas uns aos outros, e estas mudam com o tempo, à medida que as pessoas passam a conhecer-se mais ou à medida que se transformam seus papéis no grupo.

É razoável supor que a natureza da vida do grupo se transforma de acordo com diferentes fontes de atração. Por exemplo, quando os componentes de um grupo já são amigos, têm maior tendência para interessar-se uns pelos outros como pessoas, dar maior apoio, ser mais cordiais nas relações interpessoais e assim por diante. Um grupo procurado porque permite atingir um status social numa comunidade – tal como ocorre no clube grã-fino da cidade – pode apresentar mais formações de grupos líderes, mais rivalidade e mais busca de prestígio do que a maioria dos grupos.

Back apresenta comprovação para essa idéia, através dos resultados de uma pesquisa em que criou grupos experimentais, a partir de três bases diferentes da coesão. As diferenças na origem da coesão levaram a padrões diferentes de comunicação e influência entre os membros. Quando a coesão se baseava na atração pessoal, os participantes transformavam sua discussão em longa e agradável conversa, com a qual esperavam convencer facilmente os companheiros. Quando a coesão se baseava no desempenho efetivo de uma tarefa, os participantes desejavam completar rápida e eficientemente a atividade e discutiam apenas as questões que consideravam importantes para a realização de sua finalidades. Quando a coesão se baseava no prestígio obtido com a participação no grupo, os participantes agiam cautelosamente, concentravam-se em suas ações e, de modo geral, procuravam não arriscar seu status. Finalmente, com o mínimo de coesão (isto é, quando nenhuma das bases de atração funcionava ativamente) os componentes do par agir independentemente e apresentavam pouca consideração pelo companheiro.

Há razoes para acreditar que os grupos se distinguem pelo grau de participação, por interesse no grupo, ou por obrigatoriedade. Pode-se antecipar que uma classe de escola dominical, frequentada por crianças entusiasmadas por essa freqüência, será muito diferente daquela em que os alunos são, contra sua vontade, conduzidos pelos pais. Embora existam poucas pesquisas que confirmem estas especulações, Dimock verificou que os grupos, nos grupos formais de jovens, apresentam menos coesão que as "gangs" de vizinhança. Isso pode ser considerado como prova importante, se se supõe que a participação nas "gangs" locais é mais motivada por forças pessoais, e que a participação em grupos formais tende a resultar de forças induzidas.

Algumas pessoas pertencem a número muito pequeno de grupos. Em parte, as diferenças culturais explicam isso, pois diversas culturas fornecem oportunidades desiguais para participação em organizações, ou dão uma acentuação diversa ao trabalho ou à associação com outros. A posição de uma pessoa na sociedade também determina a sua participação em organizações voluntárias. Por exemplo, sabe-se que, nos Estados Unidos, as pessoas que têm status sócio-econômico mais elevado, mais alto nível educacional, muitos amigos e moram há mais tempo na comunidade, têm maior probabilidade de participar em organizações voluntárias. Sem dúvida, existem também tipos de pessoas que, quando possível preferem evitar a participação num grupo. Torrance e seus colaboradores sugeriram que os "isolados" temem o grupo por terem dúvidas a respeito de si mesmos e terem medo do ridículo de rejeição ou da coerção dos outros. Naturalmente, a coesão do grupo pode ser diminuída, se alguns componentes não gostam de pertencer a grupos.

Aumento da valência de um grupo

Pode-se chegar ao princípio geral de que a valência de um grupo aumenta quando um participante (ou participante potencial) toma consciência de que, através da participação no grupo, pode satisfazer suas necessidades. Como é muito mais difícil, embora não seja impossível, mudar as necessidades de uma pessoa, o mais frequente é que as organizações tendem fortalecer várias fontes de atração para os participantes, através da dramatização do valor das características do grupo ou das vantagens obtidas com a participação. Uma organização pode aumentar o interesse ao acentuar, por exemplo, que lá se encontram muitas pessoas amáveis, que um sindicato forte significa salários mais altos, que outras pessoas invejam as que pertencem ao grupo, que a participação no grupo é o caminho mais curto para o céu, que exercícios fazem bem, que as moças nesse "coro" são bonitas, e assim por diante. A utilização frequente desses recursos indica que é possível aumentar a atração de um grupo, seja através da satisfação. Diversos rituais desempenhados nos grupos parecem servir, principalmente, a este último objetivo.

Ross e Zander demonstraram que o desejo de continuar em uma organização comercial sofre a influência da crença na oportunidade de aí satisfazer necessidades. Mediram a força das necessidades dos participantes – necessidade de autonomia, reconhecimento, avaliação justa, e assim por diante – e obtiveram as avaliações, feitas pelos empregados, quanto à probabilidade de, com a permanência na companhia, satisfazerem as suas necessidades. Depois da demissao de um número razoável desses empregados, os resultados destes foram comparados aos de pessoas comparáveis e que permaneciam na companhia. Verificou-se que a força das necessidades dos dois grupos era essencialmente a mesma; todavia, quando comparados aos que saíram, os que continuaram na companhia sentiam que havia maior probabilidade de satisfazer suas necessidades.

Existe pouco conhecimento sistemático quanto às condições que aumentam a coesão, pois apenas alguns estudos tentaram enfrentar diretamente esse problema. Apesar disso, é possível fazer algumas inferências sobre essas condições, a partir das pesquisas em que a coesão é uma parte incidental do problema de pesquisa. Consideremos, em primeiro lugar, as satisfações intrínsecas de participação no grupo.

Quanto maior o prestígio de uma pessoa no interior de um grupo, ou quanto maior parece o prestígio que pode obter, mais se sentirá atraída pelo grupo. É uma das conclusões obtidas no estudo feito por Kelley que criou uma hierarquia de prestígio, ao dar a alguns membros a autoridade para dizer aos outros o que e como deviam fazer. Informou algumas pessoas de status elevado de que estavam seguras em seus empregos, enquanto outros, entre "as superiores", eram informadas de que mais tarde, no experimento, poderiam ser colocadas num status inferior. Da mesma maneira, algumas das "inferiores" sabiam que não poderia ultrapassar suas posições enquanto outras sabiam que poderia ser promovidas. Kelley verificou que o emprego de status elevado, com a ameaça de rebaixamento, e o emprego de status inferior, com impossibilidade de promoção, constituíam nitidamente as posições mais indesejáveis. Observou, também, que as pessoas mais seguras no status elevado e as que sentiam que podiam subir de status eram as mais atraídas pelos outros componentes no grupo.

As pessoas que são participantes valorizados têm maior probabilidade de serem atraídas por um grupo do que as que não têm muito valor social. Jackson demonstra que os indivíduos que, sem o saber, foram considerados, por seus colegas, como os participantes mais valorizados, eram mais atraídos pela participação no grupo que os considerados menos valorizados. Segundo Dittes, os membros que se sentiam bem recebidos num grupo achavam-no mais atraente que os que se sentiam mal recebidos. Essa influência da boa e da má aceitação foi muito maior entre pessoas com baixa auto-estima que entre as de elevada auto-estima, porque os participantes com baixa auto-estima apresentam, aparentemente, maior necessidade de aceitação pelos outros. Snoek estudou as conseqüências da rejeição pelo grupo e observou que uma pessoa que sabe que será rejeitada conservará seu desejo de continuar como participante e, se a rejeição se baseia em algum critério que influi em sua auto-avaliação, como a falta de capacidade ou o fato de os outros membros não gostarem dela, tentará conquistar a aprovação dos outros participantes. Todavia, se a rejeição se baseia em alguma característica que não pode mudar – por exemplo, o fato de ser de um sexo não aceito – tem pouco desejo de continuar como participante e não tenta tornar-se mais aceitável pelos outros.

Segundo Deutsch, uma situação em que os componentes do grupo estão numa relação cooperativa é mais atraente do que outra, em que são levados a competir. Criou grupos cooperativos nas classes, dizendo aos alunos que todos teriam a mesma nota, de acordo com a qualidade do trabalho de seu grupo. Os grupos competitivos foram informados de que cada participante teria nota de acordo com seus méritos relativos aos dos outros de sua classe. os grupos cooperativos apresentaram muitos sintomas de alta coesão. Comparados aos competitivos, seus participantes apresentavam mais estima recíproca, faziam mais tentativas para influir nos companheiros, aceitavam mais prontamente as tentativas de influência e apresentavam um comportamento mais amistoso. Os resultados apresentados por Thomas indicam, além disso, que quanto maior a cooperação entre os participantes tanto mais atraídos são pelo grupo. A respeito, é importante observar que a atração para participar do grupo era maior onde se percebia que os outros participantes eram mais favoráveis à participação que à não-participação. Raven e Rietsema revelam que um participante se sente mais atraído pelo grupo quando compreende, claramente, o objetivo do grupo e o caminho para o objetivo, bem como a maneira pela qual sua tarefa se ajusta ao objetivo e ao caminho, do que quando não percebe claramente essas questões.

Uma elevada interação entre as pessoas pode aumentar a atração do grupo para seus componentes. Isso é apresentado como uma hipótese por Homans, nos seguinte termos: "se aumenta a freqüência da interação entre duas ou mais pessoas, aumentará o grau de apreciação de uma pela outra, e vice-versa". Os resultados de um estudo experimental de Bovard confirmam essa hipótese. Estudou diversas classes de universidade. Algumas eram dirigidas por professores centralizados no grupo, e um número comparável, por instrutores centralizados no líder. Os participantes das classes centralizadas no grupo gostavam mais de seus colegas do que os que estavam sob a outra forma de liderança. Bovard explica esse resultado pela maior interação entre os componentes das classes centralizadas no grupo. Contudo, não existem provas convincentes de que a interação desagradável faça com que as pessoas gostem mais umas das outras. De fato, Festinger e Kelley apresentam dados de um conjunto residencial que tendem a confirmar a conclusão oposta.

Num estudo de mais de 200 grupos de operários, num conjunto industrial, Seashore observou que unidades menores tinham maior probabilidade de ser mais coesas que grupos maiores. Tsouderos apresentou uma descrição das mudanças num grupo, à medida que aumenta de tamanho; essa parece ser uma explicação razoável da influência do tamanho sobre a coesão. Diz ele: "com um aumento crescente do número de membros do grupo, existe uma heterogeneidade correspondente deste último, quanto a sentimentos, interesses, dedicação à causa, etc., e um declínio correspondente num sentimento de intimidade e freqüência da interação".

Alguns tipos de semelhança entre os participantes podem fortalecer a coesão de um grupo. Uma razão para isso é que muitas pessoas entram num grupo a fim de obter melhor compreensão de si mesmas e porque a participação no grupo lhes dá uma oportunidade para se comparem com outras. Como essas comparações sociais são mais fidedignas quando feitas com as pessoas mais semelhantes aos avaliadores, quanto à capacidade, os participantes tendem a selecionar pessoas mais parecidas com eles. Num estudo experimental, Zander e Havelin observaram que as pessoas preferiam ligar-se a indivíduos de capacidade semelhante à sua. O resultado da tendência para que os semelhantes se reunam numa associação coletiva é um aumento eventual da semelhança entre os participantes. Gross propõe que a semelhança que designou como a base do grupo consensual, é uma fonte menos estável de coesão do grupo que uma relação simbiótica, na qual os participantes, em sua interação, satisfazem necessidades importantes. A utilidade da distinção entre grupos consensuais e simbióticos parece merecer outros estudos empíricos.

Acontecimentos exteriores ao grupo podem também influir em sua atração para os participantes. Thibaut e Willerman, num relatório não publicado, apresentam um exemplo disso. As mulheres de uma turma, na mesma sala de uma fábrica de roupas, tinham pouca coisa em comum. Raramente conversavam no serviço e chegavam a almoçar em silêncio. Em certo momento, todas receberam um aumento da administração. Repentinamente, transformaram o grupo. Começou a ocorrer uma interação amistosa no serviço e os almoços tornaram-se períodos de sociabilidade. Segundo os autores, a mudança nas relações interpessoais foi causada pelo destino comum, resultante do aumento de salário. O grupo passou a ser visto como o meio de melhorar sua condição financeira, e o valor do grupo, consequentemente, aumentou para todas.

A coesão de um gruo aumenta se sua posição melhora diante de outros grupos. Num estudo de Deutsch, os componentes eram mais atraídos pelos seus grupos se lhes dissessem que havia maior probabilidade de obter êxito através de suas organizações que nos outros grupos. Nas pesquisas de Stotland e Seashore havia maior coesão entre grupos com realização superior à de outros.

Thibaut demonstrou que a valência das atividades num grupo influencia o desejo de colaborar com outros, no mesmo grupo; as hostilidades entre equipes, que se desenvolvem quando duas equipes são obrigadas a interagir, com base em status desigual, influem significativamente no desejo de colaborar com outros, no mesmo grupo; que os participantes periféricos são mais suscetíveis que os participantes centrais a influências tendentes a produzir mudanças nas afiliações interpessoais. Num experimento de laboratório, com meninos que brincavam juntos numa sala grande, criou um ambiente ameaçador e desagradável para a metade dos meninos, enquanto outros eram tratados de maneira compreensiva e agradável. Para os primeiros meninos, o grupo foi apenas um meio de mal-estar e degradação. Para os outros, foi um meio de obter estima e tratamento satisfatório. Mais tarde, na sessão experimental, metade dos grupos que receberam tratamento desagradável tiveram licença para, se o quisessem, melhorar sua situação, enquanto os outros não tinham permissão para mudar. O autor diz que, com a súbita ascensão no status, não houve aumento de coesão nos grupos. Todavia, aumento a coesão dos grupos que tinham sido bem tratados durante toda a sessão. Os componente centrais dos grupos prejudicados, a que se negou promoção, tornaram-se, também mais atraentes para o grupo.

Em alguns grupos, a coesão parece aumentar com os ataques do ambiente e, em outros, com experiências agradáveis. Leighton, por exemplo, observou um aumento da coesão devido a um ataque ao grupo. Observou que, nos centros de deslocados de guerra, os nipo-americanos reuniram-se em fortes organizações, quando a administração começou a fazer exigências que pareciam ameaçar seus valores. Num conjunto de experimentos com meninos, num acampamento de verão, Sherif e Sherif conseguiram provocar uma considerável coesão num grupo, ao estabelecer objetivos comuns e símbolos coletivos, juntamente com a competição contra um grupo rival. Num outro estudo de grupo num acampamento, Pepitone e Kleiner observaram duas equipes de meninos em certo número de chalés, empenhados num torneio de jogos. Algumas equipes desenvolveram um status elevado e outras, status inferior, segundo o grau de êxito nos jogos. No decorrer do torneio, os experimentadores, apresentados como técnicos de esporte, fizeram previsoes públicas quanto aos prováveis vencedores em cada chalé. Depois dessas previsoes mediu-se a coesão e esta foi comparada com as medidas obtidas antes do início do torneio. As equipes de status elevado aumentaram a coesão, quando ouviram dizer que venceriam; diminuíram a coesão no caso contrário. No entanto, as equipes de status inferior não mudaram quanto à coesão, depois de diferentes previsões, porque segundo os autores, ao ouvir dizer que provavelmente perderiam, criaram cooperação mais íntima e apoio emocional entre os componentes, o que produz tanta coesão quanto a provocada nas equipes que ouvem a predição de vitória. Como acontecimentos favoráveis e desfavoráveis podem Ter conseqüências semelhantes na coesão? Aparentemente, quando se ataca um grupo, ocorre um aumento da coesão provém, aparentemente, da compreensão de que a participação no grupo aumenta o prestígio pessoal.

Em resumo, a atração de um grupo pode aumentar se se tornar mais capaz de satisfazer às necessidades das pessoas. Um grupo será mais atraente quanto maiores o status e o reconhecimento que proporcione, quanto mais cooperativas as relações, quanto mais livre a interação e quanto maior a segurança proporcionada aos participantes.

Condições da redução da valência de um grupo

A valência de um grupo se reduzirá para uma pessoa, se se reduzirem as necessidades que satisfazia, se se ajustar menos como um meio de satisfazer as necessidades existentes ou se adquirir características aborrecidas ou desagradáveis. Uma pessoa tentará deixar um grupo quando sua atração líquida se torna menor que zero, ou seja, quando se torna negativa. Na realidade, só abandona efetivamente o grupo quando as forças que a afastam são maiores que a soma das forças que a atraem e as que a impedem de sair.

Para muitos participantes, de muitos grupos voluntários, parece haver um equilíbrio entre as forças que atraem para o grupo e as que afastam dele. Quando o equilíbrio é quase perfeito, ou quando flutua muito em certo período de tempo, haverá grande mobilidade entre os participantes. Se, para todos os participantes, a valência se inclina para o lado negativo, naturalmente o grupo se desintegra, a não ser que exista alguma forma de proibir a retirada.

Desta formulação pode-se concluir que um membro não dará o passo ativo para sair de um grupo, até que a força resultante, que age sobre ele, o leve a afastar-se do grupo. Isso significa que um grupo pode conservar seus participantes indefinidamente, mesmo quando sua atração se torne nula ou quase nula. De fato, é possível encontrar muitos grupos cuja sobrevivência se deve, unicamente, ao fato de os componentes não terem uma forte motivação para abandoná-los. Desnecessário dizer que esses grupos podem exercer pouca influência em seus componentes e pouca é a atividade que podem mobilizar a seu favor.

As pessoas que estão no limiar da participação no grupo podem ser levadas a Ter sentimentos negativos, se o grupo exigir delas algum dever, o pagamento de maior anuidade ou se, de alguma outra maneira, chegam a ver que o grupo faz exigências desagradáveis. Em alguns casos, em que a participação no grupo se baseia num sentimento de dever, pode ser possível exigir auxílio ou doações, sem afastar o participante, pois o participante periférico pode, com essa contribuição, aliviar sentimentos de culpa por Ter negligenciado o grupo. Salvo nesse caso especial, contudo, podemos esperar que os participantes marginais sejam afastados por quaisquer exigências indesejáveis. Quando um grupo tem grande número desses componentes, ocorre uma espécie de paralisação, de maneira que não se pede a ninguém para fazer alguma coisa para o grupo, com o temor de que este se desintegre.

Pode-se exemplificar essa formulação geral através de uma resenha de diversas pesquisas que demonstram algumas das razoes pelas quais o grupos desenvolvem valência negativa para seus componentes.

Reduz-se a atração de um grupo quando seus componentes discordam quanto à maneira de resolver um problema do grupo. Essa foi a conclusão de French em estudo de grupos colocados em situação frustradora. Verificou que, quando o grupo discordava, algumas pessoas se afastavam da tarefa e frequentemente se sentavam num canto, para resolver um problema particular. French observa que esse afastamento tende a ocorrer quando os componentes discordam quanto ao método que devem usar para resolver o problema. Segundo resultados obtidos por Gerard, os grupos de grande coesão tendem a ser sensíveis a pequenas diferenças de opinião e tendem a disfarçá-las. Aparentemente, portanto, os grupos com grande coesão podem facilmente discordar, mas logo tentarão abolir os desacordos. Todavia, quando parece que as diferenças de opinião não podem ser reconciliadas, a coesão do grupo ficará nitidamente reduzida.

A atração de um grupo pode diminuir, se a pessoa nele tiver experiências desagradáveis. Uma das conseqüências naturais da vida do grupo é que o participante seja chamado a assumir responsabilidade. Algumas delas – por exemplo, os discursos, as cartas, a contabilidade ou a direção de uma discussão – são obrigações para as quais não se sente suficientemente preparado. Portanto, a atração do grupo pode diminuir quando é origem de tal perturbação. Horwitz apresenta algumas observações incidentais, feitas num experimento de laboratório, que exemplificam esse fenômeno. Nesse experimento, as participantes de cada grupo eram moças da mesma associação. Estabeleceu-se uma tarefa de grupo e as moças foram muito motivadas para realizá-la bem. No decorrer da tarefa, algumas moças perceberam claramente que sua incapacidade para contribuir para a tarefa do grupo poderia impedir que este obtivesse bom resultado. Essa compreensão foi muito perturbadora e fez com que a atividade geral do grupo se tornasse menos atraente. As influências do fracasso sobre a atração de um grupo são ainda exemplificadas no estudo de operários de indústria, apresentado por Coch e French. Verificou-se que os operários, cuja taxa de produção caíra exatamente abaixo do padrão do grupo, tinham intensos sentimentos de fracasso e apresentavam uma taxa extremamente elevada de demissão. Conclui-se que um grupo cujas exigências sejam excessivas ou descabidas para seus participantes é menos atraente que outro cujas exigências sejam mais adequadas. Stotland, num experimento de laboratório, observou que, quando devem apresentar desempenho de nível superior, os participantes são menos atraídos pelo grupo do que quando se espera trabalho de nível mais modesto. Os experimentadores fizeram com que alguns sujeitos fracassassem e outros obtivessem êxito, numa tarefa individual, que deveriam fazer para o grupo. Como se poderia esperar, os fracassados se sentiam menos atraídos pelo grupo que os vitoriosos; deve-se notar, no entanto, que houve maior decréscimo para aqueles que fracassaram numa tarefa, quando o grupo não esperava o fracasso, ou quando a tarefa era mais importante para o grupo do que para aqueles que fracassavam, quando o grupo esperava o fracasso, ou a tarefa não tinha importância. Parece claro que havia maior redução de atração quando os sentimentos de fracasso eram mais fortes. Além disso, a influência do fracasso na redução da atração do grupo era limitada quase inteiramente a pessoas com reduzida auto-estima e raramente ocorreu entre pessoas com elevada auto-estima.

Observou-se que as pessoas podem afastar-se de um grupo por sentirem que os outros participantes são excessivamente dominadores ou apresentam outras características desagradáveis. Fouriezos, Hutt e Guetzkow apresentam provas disso, quando demonstram que as conferências de pessoal, nas quais existe uma alta freqüência de comportamento auto-orientado, são consideradas como relativamente insatisfatórias pelos participantes. Festinger e Kelley apresentaram outras provas a partir do estudo de um conjunto residencial em que os habitantes se percebiam como da "classe baixa". Nessa pequena comunidade, era extremamente difícil desenvolver uma organização de inquilinos, mesmo com o auxílio de organizadores profissionais de comunidade. A participação nos programas do conselho de habitantes era vista como capaz de diminuir o status social. Isto apresenta um nítido contraste com um outro conjunto residencial, em que os componentes se apreciavam e, rapidamente formaram um grupo de proteção contra incêndio e destinado a enfrentar outras necessidades comuns.

A participação num grupo pode limitar as satisfações que uma pessoa pode obter em outras atividades. Por exemplo, uma telefonista do período noturno não pode participar da vida familiar normal ou Ter horário para encontros com amigos. Se o emprego interfere na família ou nas atividades comunitárias, isso pode ser tão importante para reduzir a atração da companhia quanto a falta de satisfação no emprego.

Uma causa imprevista de redução da coesão do grupo foi apresentada por Riecken. O autor descreve um campo de trabalho cuja atmosfera dominante atribuía grande valor às interações amistosas e tranquilas. Todavia, no decorrer das obrigações diárias, inevitavelmente apareciam pequenos antagonismos. Como participantes de uma associação que desaprovava a agressão física ou verbal, tinham dificuldade em propor problemas em que alguma pessoa ou subgrupo estivesse em falta. Esses problemas, quando discutidos nas reuniões de pessoal, eram formulados abstrata e intelectualmente, e poucas decisões eram levadas avante. De maneira característica um dos componentes desculpou-se por propor o problema e afirmou que não pretendia culpar ninguém pelo estado de coisas. Consequentemente, a situação resultante provocou o fracasso da comunicação em questões importantes e os antagonismos continuaram, para infelicidade geral. Podem ocorrer tipos muito diferentes de barreiras à comunicação, mas com resultados semelhantes. Numa conferencia internacional, por exemplo, a coesão de grupo pode ser fortemente influenciada pela presença de diferenças lingüísticas; os grupos que trabalham com máquinas barulhentas podem apresentar menos coesão que os que trabalham em tarefas silenciosas, onde os componentes podem conversar facilmente durante o trabalho.

A avaliação negativa da participação num grupo, feita por pessoas da comunidade, pode também tornar o grupo pouco atraente. Grupos que, como tais, têm baixo status, necessitam fazer esforços especiais para manter sua atração para os participantes. Warner e colaboradores, Davis e colaboradores, e muitos outros descreveram as pressões, nos componentes da minoria para que "passem" para a maioria, quando suas características físicas, ou outros indícios empregados para designá-las, permitem essa fuga. Nos Estados Unidos, a forte necessidade de mobilidade ascendente parece produzir, também, muitas mudanças na participação nos grupos, quando estas se tornam possíveis para indivíduos isolados. Um exemplo desse fenômeno é o rapaz de baixo nível sócio-econômico que entra na universidade e evita, constantemente, manter relações com seus amigos, pois teme que ponham em perigo seu novo status.

A competição entre os grupos para obter participação, dá a razão final para que os participantes desejem abandonar um grupo. Um membro de uma igreja pode deixá-la e aderir a outra, na mesma comunidade. Os pais podem mudar de um clube infantil de estudos para outro. Todavia, é importante observar que nem todas as participações em novos grupos fazem com que o indivíduo desista dos grupos a que já pertence. É suficiente lembrar, a propósito, os inveterados participantes que colecionam adesões a grupos da mesma maneira que um escoteiro coleciona medalhas. em que condições a entrada num novo grupo causa o abandono do anterior? É possível notar duas condições: (a) o segundo grupo parece mais capaz de satisfazer as necessidades do indivíduo, e ele tem uma reserva limitada de energia e tempo para empregar na participação; (b) os padrões do segundo grupo entram em conflito com os do primeiro. Neste último caso, um grupo pode até especificar, nas exigências feitas aos participantes, que uma pessoa não pertença a determinados grupos.

A formação de grupos dissidentes

Muitas vezes, os relatos históricos dos esforços organizados do homem descrevem a formação de pequenos corpos que se afastam da associação original a fim de defender programas próprios. É fácil encontrar exemplos desse fato na história dos movimentos religiosos, dos partidos políticos e das "escolas de pensamento". É significativo que essas dimensões apareçam mais frequentemente nos grupos de forte orientação ideológica ou valorativa do que nos outros. As discussões de Festinger, Festinger, Schachter e Back, e Schachter descrevem situações que levam os grupos a rejeitar os componentes com idéias diferentes; o resultado não desejado dessa tendência é criar condições para a formação de grupos concorrentes. Neste ponto, contudo, concentraremos nossa atenção nos subgrupos que se afastam do grupo original, em vez de serem expulsos por ele.

Nas observações de um centro de deslocamento de japoneses nos Estados Unidos, Leighton observou a formação de subgrupos no interior do campo, quando surgiu uma situação de tensão. Sua explicação para o desenvolvimento desses pequenos grupos (no interior de uma organização maior) é que as modalidades anteriores de comportamento, estabelecidas originalmente em seu ambiente natal, não podiam ser utilizadas nessa situação excepcional. A crise exigia formas de comportamento para as quais não havia normas já estabelecidas. Consequentemente, criou-se, entre as pessoas internadas no campo uma nova organização social: os subgrupos reuniram-se em torno de respostas diferentes e conflitivas para os problemas enfrentados. O campo, aparentemente plácido, tornou-se repentinamente uma coleção de facções antagônicas.

Nos experimentos de diferentes estilos de liderança, descritos por White e Lippitt, também ocorreram subgrupos. Verificou-se que, sob o estilo autoritário de liderança havia maior tendência para que os clubes de meninos se dividissem em "grupos aceitos" e "grupos rejeitados" do que sob o estilo democrático, presumivelmente porque as tensões hostis, criadas pela liderança coercitiva, não se aliviavam através da agressão contra o adulto. Consequentemente, os participantes eram forçados a aliviar suas tensões através do ataque a um subgrupo.

Em todos estes exemplos, os limites do grupo são redefinidos pelos participantes. Dentro do quadro geral de participantes, algumas pessoas são vistas como mais capazes de satisfazer as necessidades das outras do que a organização total: por isso se forma um novo grupo. Como um grupo dissidente embrionário é apenas uma idéia, antes de ser uma realidade, além de seus objetivos só pode Ter poucas características de grupo, a fim de atrair adeptos. Essas facções tendem, portanto, a preocupar-se basicamente com a definição da "realidade social", ou seja, com a diferença ideológica ou valorativa. Como já se observou, tende a ocorrer em grupos que dão grande importância às idéias. Num grupo cooperativo, em que todos os membros têm um objetivo comum, existe menor probabilidade de desintegração da organização que num grupo competitivo. Quando surge uma desintegração incipiente entre os componentes, por causa de experiências de tensão para o grupo, os participantes, quando interdependentes, tendem a procurar o restabelecimento da harmonia. A procura de relações harmoniosas, sob condições de tensão, foi observada numa série de pesquisas.

Parece razoável supor que a tendência para a desintegração aumente com o tamanho do grupo. Alguns dados apresentados por Hare apoiam essas suposições. Verificou que grupos de discussão de doze membros apresentam maior tendência para desintegrar-se em pequenos subgrupos, frequentemente antagônicos, que os de seis membros. Todavia, as condições do experimento não permitiam que estes desenvolvessem facções abertas e conflitivas.

As pessoas que procuram satisfazer diferentes necessidades podem formar subgrupos adequados a seus interesses. Elizabeth French, por exemplo, reuniu amigos que apresentavam grande necessidade de afiliação ou grande necessidade de realização. Quando solicitados a escolher as pessoas com quem prefeririam colaborar nas reuniões subsequentes, os que tinham grande necessidade de afiliação escolheram outros que apreciavam como pessoas, e os que tinham grande necessidade de realização, escolheram os melhores trabalhadores no grupo. Pode-se supor que, se tais grupos fossem permanentes, se desintegrariam finalmente em duas facções, baseadas em suas diferentes necessidades.

Nem sempre os grupos dissidentes destroem a organização mais ampla. Pode acontecer que, na realidade aumentem a atração do grupo maior. Considere-se, por exemplo, um departamento de uma grande companhia, onde a participação no time de boliche do departamento ou no grupo de almoço se tornem muito atraentes para um indivíduo. A satisfação aí obtida pode generalizar-se numa calorosa aprovação de toda a companhia. O orgulho do batalhão militar a que se pertence pode levar ao orgulho da organização militar mais ampla. Quando é que a divisão tende a enfraquecer o todo e quando é que tende a fortalecê-lo?

Sugerimos que o grupo dissidente perturba a organização mais ampla quando os objetivos do grupo menor são incompatíveis com os do maior. De outro lado, fortalecerá a coesão do todo quando os objetivos do grupo menor forem iguais aos do maior, ou puderem fortalecê-los. Um exemplo disto é a formação de um clube numa igreja. Suponhamos que comece a criticar os valores sustentados pela congregação. Pode-se supor que os membros entusiastas do clube acharão a igreja menos atraente e o clube muito mais interessante. Se suficientemente insatisfeitos, podem até deixar a igreja e fazer suas reuniões em outro local. Todavia, se os objetivos do clube são iguais aos da igreja, seus sócios provavelmente serão cada vez mais atraídos, tanto pela igreja quanto pelo clube.

Embora essas conjecturas pareçam razoáveis, deve-se acentuar que houve, unicamente, um parco início descritivo no estudo da formação de grupos dissidentes. Evidentemente, ainda existe muito a aprender quanto a essas questões.

Conseqüências da coesão

Se um participante obtém, no grupo, os recursos que pretende, é provável que deseje manter a situação e ajude a manter o grupo ou trabalhe para assegurar a eficiência de uma organização. Em vários estudos, observou-se que os participantes muito atraídos pelo grupo mais frequentemente apresentam um comportamento benéfico ao grupo que os menos atraídos.

Atividade responsável. Os indivíduos que se sentem mais atraídos por um grupo assumem, com maior freqüência, responsabilidade pela organização, participam mais facilmente nas reuniões, assistem mais fielmente às reuniões e permanecem mais tempo como participantes do grupo.

Influência interpessoal. Os componentes atraídos tentam mais depressa, influir nos outros, estão mais dispostos a ouvir os outros, aceitam mais facilmente a opinião dos outros e mudam com mais freqüência suas opiniões, a fim de adotar as de seus companheiros.

Semelhança de valores. Os participantes muito atraídos pelo grupo dão mais valor aos objetivos do grupo, aderem mais intimamente aos padrões do grupo, apresentam um impulso maior para proteger os padrões do grupo através de pressão ou da rejeição de pessoas que os transgridem.

Desenvolvimento da segurança. Os participantes atraídos têm menos tendência para "inquietação" ou nervosismo nas atividades do grupo e encontram, mais frequentemente, segurança ou alívio de tensão nas atividades comuns.

Lembramos que os indivíduos podem ser atraídos por um grupo, mesmo quando não pertencem a ele. Nesse caso, a atração do grupo teria conseqüências semelhantes ou diferentes das acima citadas? Existem poucas provas para responder a esta questão, mas a partir de vários estudos parece que os não-participantes, quando fortemente atraídos pelo grupo, agem como os participantes e, em alguns casos, podem superá-los, aparentemente para provar que merecem ser aceitos. Jackson descreveu diferentes tipos de comportamento que devemos esperar de pessoas em combinações independentes de grande ou pequena atração pelo grupo e grande ou pequena aceitação da pessoa pelo grupo.

 

 

Algumas questões referentes ao conceito de coesão

A coesão de um grupo, segundo a concepção aqui apresentada, é determinada pela atração que o grupo exerce sobre seus participantes. Naturalmente, todo grupo pode apresentar aspectos atraentes e repulsivos, e sua coesão precisa ligar-se à resultante dessas forças opostas. Embora essa formulação auxilie o tratamento de muitos fenômenos importantes do gruo, não decide vários problemas, mais específicos. Alguns destes últimos foram propostos por Gross e Martin numa crítica ao conceito de coesão, e tratados com minúcia por Van Gergen e Koekebakker, numa discussão completa das maneiras pelas quais se tem concebido a coesão.

Qual a importância da fonte de atração? A coesão de qualquer grupo é a resultante de muitas forças distintas, que levam a pessoa a aproximar-se do grupo e a afastar-se dele. Vimos que a atração de um grupo pode derivar de diversas fontes – tais como a atração dos seus participantes como pessoas, as atividades do grupo ou as finalidades a que o grupo conduz. Existe algum denominador comum entre elas, que permita obter relações consistentes entre uma determinada proporção de coesão (quaisquer que sejam suas fontes específicas) e outras características do grupo? Ou as diversas fontes de atração precisam ser sempre isoladas e medidas separadamente? A pertinência desta pergunta é salientada pelo relatório de Eisman, que encontrou pequena relação estatística entre as médias do grupo, em cinco diferentes medidas de coesão, embora, do ponto de vista teórico, não se saiba muito bem por que tais medidas devam ser correlacionadas.

São necessárias outras pesquisas a fim de responder objetivamente a essa questão. A melhor prova ligada diretamente a esse problema é fornecida por Back, cujos resultados tendem a apoiar a conclusão de que fontes diferentes de atração têm algumas conseqüências semelhantes. Os grupos, em seu experimento, estavam estabelecidos em três bases: atração pessoal, atração da tarefa e possível aumento de prestígio para os participantes do grupo. A força de atração para cada tipo foi diferentes. Concluiu-se que os estilos de comunicação e influência eram diferentes para cada fonte de atração, mas que um aumento semelhante no poder do grupo para influenciar seus membros. Quanto ao poder para influenciar, parece provável que diferentes fontes de atração tenham o mesmo resultado.

As atracões de diferentes fontes se reúnem para aumentar a atração total? Back demonstrou que, para três diferentes bases de atração, aumentando a atração de um grupo, aumenta o poder deste sobre o participante, mas não demonstrou que a presença de mais de uma fonte de atração, para a pessoa, dê mais poder ao grupo do que apenas uma fonte. O mesmo problema fundamental pode ser proposto de maneira diferente: se a atração das atividades do grupo é igual em dois grupos, será que um deles apresenta maior coesão se os seus participantes são mais atraentes? Devemos esperar que a soma de atração de diferentes fontes aumente de fato a atração total do grupo para o indivíduo, mas isso ainda não foi verificado através de pesquisas sistemáticas.

Como combinar os graus de atração que diversos indivíduos sentem pelo grupo a fim de formar um único valor de coesão? Mesmo depois de conseguir um método satisfatório para determinar a atração final que um indivíduo sente pelo grupo, continua a existir os problema da combinação, num índice de coesão do grupo, dos resultados individuais. A maneira mais simples de formular a coesão do grupo seria considerá-la como a soma das forças resultantes que atuam nos indivíduos, a fim de que permaneçam no grupo. Atribui-se um peso igual a cada participante. Na maior parte das pesquisas realizadas até agora, empregou-se uma formulação desse tipo básico e, de maneira geral, tem sido satisfatória. Todavia, é quase indiscutível que o grau de atração que o grupo exerce é muito importante, enquanto o grau de atração de outros membros é relativamente pouco importante para o grupo. Apenas outras pesquisas podem determinar o método mais satisfatório para ligar o grau de atração individual ao índice de coesão do grupo.

EPU SP, 1975

 

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