ESTIMULANDO O HÁBITO EPISTOLAR
João Alves da Silva (*)
Participante das comemorações do DIA DO MAÇOM, ocorridas em 1987, o produtor cultural Francisco das Chagas de Carvalho Neves trouxe à tiracolo outros propósitos de igual envergadura ao pisar nas Alagoas naquele recuado tempo. Chegou disposto a divulgar a criação do CERAT- CLUBE EPISTOLAR DOS REPRESENTANTES D’A TROLHA - entidade que sempre visou congregar os intelectuais Maçônicos contemporâneos nos diversos Estados da Federação - e com muita vontade de reatar um intercâmbio cultural entre as cidades de Maceió e Teresina, que existia de forma embrionária nos idos de 1980. Em seus 30 anos de militância cultural, respeitada no país inteiro pela competência em não só empunhar com vigor a bandeira da Cultura onde quer que esteja, mas produzir eventos e entidades do porte de um Clube Epistolar dos Representantes d’ A Trolha - hoje cognominado CERAT - CLUBE EPISTOLAR REAL ARCO DO TEMPLO Homem
acostumado a fazer frente aos mais extravagantes e inusitados desafios, com
vistas à promoção cultural Maçônica, Carvalho Neves é uma daquelas
incansáveis militâncias que vai até as últimas conseqüências, quando a
questão é defender a instituição e a necessidade de aperfeiçoar o hábito
de trocar correspondências por parte dos Maçons.
Carvalho Neves justifica os 15 anos de dedicação exclusiva à
literatura Maçônica declarando-se um apaixonado por tudo que faz.
“Abracei a causa e faria tudo outra vez. Acho que o idealista tem que ser realmente um criador de
ideais, um apaixonado. Nada me fez
desistir até hoje, nada. Nenhuma
dificuldade, nem a falta de estímulo que sofre a Cultura ou mesmo o problema de
recursos específicos”, observa o criador e fundador do CERAT,
ressaltando que “nada existe de pior do que a insensibilidade daqueles que
querem relegar o hábito salutar da troca de epístolas a um plano secundário
ou mesmo cassá-lo”. Tendo
como preocupação maior a informação e a circulação, entre os 26
membros, de peças de arquitetura, o CERAT - CLUBE EPISTOLAR REAL ARCO DO
TEMPLO, criado em 1987 em Teresina - onde aglutinou-se vários escritores,
historiadores e personalidades da Arte Real como o Irmão E. Figueiredo,
de São Paulo, e Francisco de Assis Carvalho, o Xicotrolha, ex-presidente
da Loja de Pesquisas Maçônicas “BRASIL”, de Londrina - surgiu com a
proposta de modificar usos e costumes na prática do exercício epistolar,
criando um intercâmbio à altura do novo patamar alcançado pelos
estudiosos e intelectuais Maçônicos. O
CERAT
é uma cadeia de promotores culturais, independentes de Obediências,
sediados em todo o território nacional, voltado para a difusão do
hábito salutar de ler e escrever epístolas aos contemporâneos
residentes nos diversos Estados. Sob
a direção de um Núcleo Central, coordenado pelo escritor E. Figueiredo,
o CERAT está aberto a
todos os Maçons do país, que dele desejarem participar, para trocas de
informações de cunho Maçônico, com intercâmbio entre os associados
brasileiros. Quero
crer que não me engano, neste meu juízo, mas dado mesmo que haja
ilusão, como aliás a esse respeito quisera iludir-me, contudo não
hesito em declarar: a
literatura Maçônica brasileira, essa pobre e acanhada literatura que
não tem podido mostrar grandes feitos em nenhum dos círculos de sua
capacidade, é justamente no domínio da troca de epístolas que se revela
mais pobre e infecunda. Por
isto é fascinante a idéia de tentar estimular o hábito epistolar que
não deixam aos seus autores senão o prazer resultante da consciência de
haverem empregado, ainda que
inutilmente, todos os esforços
possíveis para a completa realização do CERAT.
In magnis voluire tantum set
est, é o que resta a E. Figueiredo como consolo e como uma desculpa. (*)
O autor, além de Ceratiano, Publicado
n'O CRAVO nº 28, Nov/95, de Maceió/AL
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