"Coluna do Hyder" - Fabio
"Hyder" Azevedo
O belo
crepúsculo do Rei

Momento
decisivo: Rick Mears ultrapassa Michael Andretti de forma magistral para
vencer sua última Indy 500.
Escrevo esta coluna
antes do Bump Day em Indianápolis - vivendo as expectativas de uma grande
corrida e um bom desempenho das equipes Penske, esta em especial, e também
da Andretti Green e Panther deixam claro que os brasileiros são favoritos
para a prova. Porém confesso que ando preocupado com a equipe do Chip
Ganassi. O Dallara da equipe Target Chip Ganassi Racing está realmente
muito bom e Dan Wheldon tem pilotado de forma extremamente agressiva.
Conhecendo o Chip com o seu temperamento tipicamente italiano, o Dan não
faria barbaridades com este carro sem a devida autorização do chefe. Então
vamos ter um grande espetáculo. Além das citadas equipes, Indianápolis
sempre reserva surpresas. Ao contrário da Fórmula 1, a pole position em
Indy nada significa, a não ser uma boa premiação e algumas fotos para a
posteridade. As ultrapassagens são infinitas e cada curva pode trazer um
diferencial. Fora que o clima também é sempre uma incógnita.
Uma edição marcante desta prova, tirando claro, as vitórias obtidas pelos
nossos pilotos, foi à de 1991 quando Rick Mears e seu Marlboro Team Penske
(Penske PC20 Chevy Turbo Goodyear) roubou a cena do então favorito Michael
Andretti em seu Lola Chevy da equipe Newman Haas. Émerson Fittipaldi havia
largado na 15ª posição numa mancada durante a estratégia de classificação,
pois tinha um carro e acerto infinitamente superior a qualquer outro carro
envolvido na disputa. Chegou a assumir a liderança da corrida e quando
todos já tinham a certeza de mais uma conquista brasileira em Indy, então
na saída de mais um pit perfeitamente executado por sua equipe, houve um
problema na sua caixa de câmbio e duas voltas depois, o brasileiro estaria
encerrando sua participação de forma frustrante. Já que o carro da equipe
estava naquele momento com uma difícil configuração de suspensão e asas
traseiras. Retornando ao assunto principal, Michael Andretti era
considerado o grande favorito a esta prova devido ao bom acerto da equipe
e por seu estilo sempre desafiador. A Galles Kraco, visando desenvolver os
próprios chassis (Galmer), não disponibilizou um bom carro à Al Unser Jr.
e ao Bobby Rahal enquanto Mario Andretti e Arie Luyendyk tinham
estratégias problemáticas, além de deficiências mecânicas.
Depois do abandono de Fittipaldi, todos davam como certa a conquista de
Michael na pista de Indianápolis, seria o seu "début" que na verdade nunca
aconteceu como piloto até a etapa de 2006 (ele tem uma grande chance
novamente este ano). Só que a equipe Penske tinha uma carta na manga e
numa estratégia completamente agressiva e, até de certa forma, um pouco
fora dos padrões do seu proprietário, resolver colocar Rick Mears colado
no Lola da Newman Haas. Então após uma relargada, o talento, experiência e
genialidade do grande especialista em circuitos ovais na América superaram
o jovem Andretti e conquistou, com uma ultrapassagem pelo lado externo da
pista mais uma vitória no lendário templo do automobilismo mundial. Esta
foi uma prova verdadeira de trabalho de equipe já que o Émerson preparou o
carro durante o mês de classificação e toda a equipe estava centrada em
Rick após o abandono de Émerson já que o norte-americano era considerado
um dos grandes favoritos a vitória.
Aquela seria uma espécie de despedida do piloto que, no ano seguinte,
sofreria um terrível acidente afetando, definitivamente, seus movimentos
no tornozelo após fraturas múltiplas. Desde então, este grande ídolo - que
tive a feliz oportunidade de conhecer e conviver nos meus tempos de Champ
Car - assumiria uma função estratégica de consultor da equipe e
determinava chefia de estratégia durante os campeonatos da Cart e também
na IRL. Uma relação super-interessante é que sua esposa sempre esteve ao
seu lado e era figura presente, mesmo com sua postura sempre discreta e
recatada ao contrário de Thereza Fittipaldi. Em conversas durante
intervalos sempre perguntava ao Rick sobre alguns momentos de sua carreira
e uma vez ele disse que o grande nó que levou foi na temporada de 1989
quando perdeu para Émerson Fittipaldi guiando um Penske cedido para a
equipe Patrick. A piada que sempre rolou nesta época era que a Penske
tinha a sua matriz e uma filial, que seria a Marlboro Patrick Racing.
Então, perder desta forma foi dura, sem contar que o Emmo era muito
respeitado pelo seu conhecimento e pelas suas conquistas, sempre
valorizadas na América e muitas vezes, depreciadas por aqui por, digamos,
certos "especialistas" e "entendidos" que mal sabem manobrar um autorama.
Um grande abraço fiquem com Deus e até a próxima.
Fabio "Hyder" Azevedo
http://blogdohyder.blogspot.com

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Torcedor do Vasco da Gama
e da Associação Atlética Anapolina, fã da Penske,
atualmente sou Analista de Tecnologia da
Informação mas continuo apaixonado pelas corridas como
nunca. Todas as semanas, falarei sobre as minhas experiências na
categoria, além de contar histórias dos bastidores que poucos
conhecem.
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