"Coluna do Hyder" - Fabio
"Hyder" Azevedo
1990 - Uma
batalha de neófitos

Em 1990 a
maior técnica da Al Unser Jr. derrotou o arrojo de Michael Andretti.
Histórias sobre
sabotagem como essa envolvendo a McLaren e a Ferrari não são novas na
Fórmula 1 assim como na Champ Car. Lembro de histórias que mecânicos e
integrantes de equipes como Newman Haas e Galles foram oferecer dinheiro,
em 1994, para que os integrantes da Simon Racing vendessem o segredo
do sucesso da nanica equipe em relação aos grandes times. O segredo era
simples. Um bom acerto pessoal do Raul Boesel coincidindo com os cálculos
loucos que o Dick Simon - dono do time - sempre fazia durante os finais de
semana de corrida, pois testes eram quase impossíveis por conta do pequeno
orçamento. Era uma época divertida e com gente de qualidade dentro e fora
das pistas. Agora o cenário é completamente diferente e, infelizmente,
parece não ter como fazer muita coisa, pois a economia americana – mola
mestra do esporte – está num momento de armazenar recursos e não
disponibilizar montanhas de dinheiro em investimentos tecnológicos e de
marketing. Infelizmente é um cenário feio, mas isso tudo foi causado por
uma má gestão que não sou alinhar tudo isso, num cenário mais que
previsível.
Confesso que com o atual cenário da categoria eu fico cada vez mais
nostálgico e não fico buscando informações que não vivi em outros meios.
Recordo de uma corrida bem interessante que, pra mim, começou a delinear o
campeonato de 1990 a favor de Al Unser Jr. A corrida era em Long Beach e
era apenas a segunda etapa, a primeira tinha sido em Phoenix. Os carros da
Penske vinham com um grande erro de acerto de suspensões e o balanço do
carro não era produtivo em pistas mistas e tendo uma razoável
produtividade em ovais. Al Jr. venceu de forma categoria a prova e deixou
claro duas certezas: Que o campeonato seria uma disputa entre os Lola
Chevrolet, o grande conjunto naquele ano e que apenas dois times estariam
na briga direta. Galles, Newman Haas e equipes como Kraco, Penske e
Granatelli como azarões. A boa surpresa desta temporada seria a equipe de
Chip Ganassi, quem utilizou no início o Penske Chevrolet (Penske PC-18)
utilizando por Fittipaldi na campanha do título de 1989, desta vez
pilotado por Eddie Cheever, que vinha da F1. E as grandes decepções seriam
a Patrick Racing, que perdeu o rumo depois da saída de Emerson para o Team
Penske assim como o Porsche AG Team, que vinha com mais patrocínio, mas
acabou perdendo o foco não repetiu os bons resultados de 1989, como a
vitória de Mid-Ohio.
Al Unser Jr. e Michael Andretti travaram um duelo muito interessante na
temporada, pois ambos eram atrevidos e determinados a vencer. Havia nisso
tudo também uma disputa pessoal, pois seus pais haviam sido rivais
clássicos e os nomes eram altamente tradicionais. A matemática – feita
pelo Elia Júnior, da Bandeirantes, junto com o Tércio de Lima (Rádio
Bandeirantes) e o Luciano da Valle era que quem fizesse 210 pontos
primeiro ganharia este embate. E ele não errou, pois o campeonato foi uma
batalha ponto a ponto. Desde Phoenix até Laguna Seca. Michael Andretti
tinha um pouco mais de carro, pois seu time tinha uma estrutura melhor,
mas Al Unser Jr. tinha mais cabeça para guiar e o Rick Galles era um super
estrategista. Michael tinha a seu favor o fato de Mario Andretti estar ao
seu lado no time, mas ainda assim, parecia certa falta de maturidade, caso
contrário de Al Jr. Este certame foi definido assim como no ano anterior.
Acho que o duelo entre Fittipaldi e Mears foi muito mais técnico e
preciso, mas ver dois grandes heróis duelando com vontade e certo exagero,
às vezes, devido à juventude dos dois, deu um charme diferenciado. Claro
que isso causava certa dor de cabeça, pois as oficinas da Galles, em
Indianápolis, e da Newman Haas em Lincolnshire, viviam nos reparos e
trocas de peças e isso não faz a felicidade de nenhum dono de equipe, mas
acho que tudo isso era compensado pela cerveja Molson no carro da Galles e
por cada Havana mastigado por Carl Haas.
Um grande abraço fiquem com Deus e até a próxima.
Fabio "Hyder" Azevedo
http://blogdohyder.blogspot.com

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Torcedor do Vasco da Gama
e da Associação Atlética Anapolina, fã da Penske,
atualmente sou Analista de Tecnologia da
Informação mas continuo apaixonado pelas corridas como
nunca. Todas as semanas, falarei sobre as minhas experiências na
categoria, além de contar histórias dos bastidores que poucos
conhecem.
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