"Coluna do Hyder" - Fabio
"Hyder" Azevedo
Supremacia da
Burrice

Até o
mesmo o xenófobo Tony George foi obrigado a rever conceitos para evitar a
extinção da IRL.
O evento mais aguardado
do segundo semestre na Champ Car está chegando, o GP de Surfer's Paradise,
na Austrália, creio que teremos mais uma grande corrida, mesmo que,
matematicamente, o campeonato já esteja decidido de forma merecida, em
favor do Sebastien Bourdais. A nós brasileiros, não resta muita coisa a
não ser torcer por uma bela exibição de Bruno Junqueira, coisa que tem
sido uma grande surpresa, tratando-se dele (essa coluna foi escrita antes
da realização da corrida nesse fim de semana).
Tratarei dessa vez de um assunto polêmico. A maioria sabe que, há quase um
ano, deixei o Rio de Janeiro e migrei para Porto Alegre por questões
profissionais e confesso pessoais também. O ritmo de vida aqui consegue
ser bem mais brando em comparação ao eixo RJ-SP, mas existem muitas coisas
que gosto mesmo daqui. Porém, algo me deixa muito incomodado. Como
brasileiro, não consigo ver gente torcer contra o país assim como não se
tratar como brasileiro. Há cerca de 20 anos atrás, um movimento
separatista, mais um, surgiu com força aqui na região e o movimento visava
separar os estados do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) do
“resto”, como muitos consideram o Brasil.
Irton Marx foi uma dos "cabeças" deste movimento, mas acabou faltando
habilidade e a tal "supremacia" que eles diziam ter, não serviu para um
parâmetro e, meses depois, o movimento foi sufocado e os seus líderes,
foram relegados ao esquecimento. Hoje existe um novo movimento como esse,
porém sem destaque como antes. Celso Deucher seria um destes líderes que
estariam transmitindo estas idéias. Para mim, isso soa como um grande ato
preconceituoso. Gente assim deveria ser expurgada e presa, pois existe uma
grande luta pelos direitos humanos e igualdade no mundo inteiro e muitos
ainda resolvem agir desta forma atrasada, fora da realidade de um mundo
globalizado.
Onde pretendo chegar? Onde entra o automobilismo neste contexto? A Champ
Car passou por algo parecido, pois a idéia básica da IRL era fazer uma
categoria para norte-americanos, já que eles não tinham um grande espaço
na categoria maior, a Champ Car. Com isso, o foco seria trazer os
patrocinadores estadunidenses que investiam pequenas fortunas em pilotos
estrangeiros. Isso essa situação era muito desagradável, pois o
estadunidense, capitalista como é, não quer saber quem está dentro do
carro, quer vencer corridas e ganhar muitos dólares em prêmios. Pouco
importa se é brasileiro, árabe, francês, judeu ou mesmo um nativo.
O plano de Tony George durou pouco, pois não havia como combater o talento
e as equipes grandes da Champ Car trouxe seus estrangeiros e contra a
inteligência e capacidade, não há patriotada que resista. Foi assim com o
neozelandês Scott Dixon, o brasileiro Tony Kanaan e com os britânicos Dan
Wheldon e Dario Franchitti. Em 2006, Sam Hornish Jr. venceu o certame da
IRL mais pelo poder de seu time – a mundialmente famosa Penske – e pelo
excesso de azar do Hélio Castro Neves, que parece amarelar nos momentos
cruciais dos campeonatos. Creio que, no campeonato de 2008 teremos mais um
gringo levantando o “caneco”. O restante desta história já é de
conhecimento dos fãs que acompanham o automobilismo norte-americano.
Na Champ Car, o cenário não é diferente já que o último norte-americano
campeão foi Jimmy Vasser e depois veio o domínio do italiano Zanardi, do
colombiano Montoya, dos brasileiros de Ferran e da Matta, do canadense
Tracy e do francês Bourdais – este nos quatro últimos anos. Os pilotos
norte-americanos podem ainda ser fortes e dominantes na Nascar, mas não
tenho dúvidas que, em muito breve, teremos Juan Pablo Montoya, Dario
Franchitti e Jacques Villeneuve dominando as ações na principal categoria
dos Estados Unidos. E os locais – donos de equipes e patrocinadores – não
terão problemas patrióticos para poder vencer, mesmo que isso utilize
pilotos estrangeiros.
Pelo que conheci deste meio, na minha época, quando a Penske ainda
participava da Champ Car, nunca percebi patriotada, pois o que os eles
mais queriam era vencer e receber os polpudos prêmios que a categoria
pagava na época. Esta idéia de um campeonato para estadunidenses é algo
que, se saísse do papel nunca daria certo. Mesmo na Alemanha esse tipo de
bobagem está em grande descrédito, fruto das novas exigências impostas por
um mundo globalizado e democrático. Não tenho dúvida se caso um piloto
brasileiro, por exemplo, surgisse com um grande patrocínio e tivesse
talento, não seria bem visto e aproveitado por uma grande equipe
independente da sua nacionalidade. Abaixo ao preconceito e separatistas,
para fora!
Um grande abraço fiquem com Deus e até a próxima.
Fabio "Hyder" Azevedo
http://blogdohyder.blogspot.com

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Torcedor do Vasco da Gama
e da Associação Atlética Anapolina, fã da Penske,
atualmente sou Analista de Tecnologia da
Informação mas continuo apaixonado pelas corridas como
nunca. Todas as semanas, falarei sobre as minhas experiências na
categoria, além de contar histórias dos bastidores que poucos
conhecem.
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