"Coluna do Hyder" - Fabio
"Hyder" Azevedo
Cenário
Calamitoso

A Renault
anunciou o fim da Fórmula Renault em 2007: crise no nosso monoposto cada
dia mais evidente.
Concluídas as três
primeiras etapas, o campeonato da Champ Car vem bem disputado e com muitas
e agradáveis surpresas como a Minardi, a Walker (Team Austrália) e até
mesmo a Dale Coyne com Bruno Junqueira fazendo uma temporada regular, que
surpreendente para uma equipe considerada sempre tão deficiente em
estrutura quanto de bons resultados. Mas ainda temos muitos problemas no
que diz respeito à organização do campeonato. É fácil ver que alguns
carros possuem, no máximo, dois ou três patrocinadores. Muitas vezes
somente um único patrocinador.
Lembro que cerca de 10 anos atrás era comum encontrar empresas brasileiras
investindo grandes somas de dólares, ocupando destaques de visualização
nos carros e no nome dos times, ou mesmo associando-se a pilotos na forma
de patrocínios pessoais, mas que, de qualquer forma, era combustível
financeiro e de marketing para a categoria como um todo. Mas hoje em dia o
cenário é bem diferente, pois não temos transmissão de TV (aberta e
fechada) como antes, e como conseqüência não existe nenhum tipo de
associação de empresas nacionais com pilotos ou equipes. É triste ver onde
já presenciamos mais de sete pilotos brasileiros em equipes de ponta e
tradição, mas nos últimos anos, inclusive com a ausência de resultados do
Bruno Junqueira - nosso principal representante - desanimou todos os
envolvidos. Perde o nosso automobilismo com o fim das transmissões de uma
categoria vibrante e tradicional, e a própria categoria, pois o país era
um importante mercado. Mas isso o leitor está cansado de ler.
Escrevo preocupado com um cenário que presenciei no final de semana de
abertura da Stock Car. De um total de 50 carros escritos, 12 não foram
qualificados para a corrida de domingo. Gente como Ricardo Zonta e Enrique
Bernoldi, por exemplo, ficaram de fora. Mas o estranho é que, com a Vênus
Cintilante transmitindo e popularizando a Stock, os patrocinadores e times
de outras categorias importantes como a Fórmula 3 e a Fórmula Renault
estão migrando para a nossa bolha-marca. Que fique bem claro que os carros
das equipes divididos em quatro grandes marcas (Chevrolet, Peugeot,
Mitsubish e Volkswagen), emprestam apenas a carroceria. O resto é tudo
igual ao chassi tubular e ao motor V8 da Nascar Busch Series.
As empresas concentraram as suas estratégias mercadológicas no
automobilismo onde está a principal rede de TV do país o que contribui
mesmo que indiretamente, com a falência das categorias de base do
automobilismo no Brasil como o Kart e as citadas categorias de monoposto.
As extintas Fórmulas Ford, Chevrolet e Renault que promoviam eventos pelo
Brasil deixaram como herdeira a Fórmula São Paulo, mas outros pilotos que
não possuem boas condições financeiras (paitrocínio) ou mesmo um esquema
forte com alguma(s) empresa(s) vão ficar a ver navios. Por isso temos
muitos garotos migrando para as categorias de base da Stock, primeiramente
a Jr. e depois a Light.
O automobilismo do Brasil, formador de três campeões mundiais de Fórmula 1
(Senna, Piquet e Fittipaldi) assim como tantos outros grandes nomes como
Gil, Moreno, entre tantos outros, estará fadado a formar somente pilotos
para categorias de turismo. Até enquanto a Rede Globo manter os
investimentos, pois não tenham dúvidas de que, assim que a turma do Luiz
Fernando Lima resolver investir em outras atrações, a Stock vai voltar a
estar no mesmo ostracismo de antes.
Atualmente temos Barrichello e Massa na Fórmula 1, Hélio, Tony e Vitor
Meira na IRL e o Bruno Junqueira na Champ Car. Sem contar os nossos
representantes como pilotos de testes nas equipes de Fórmula 1 e os
garotos que estão tentando a sorte na GP2 e na Fórmula 3 Inglesa. Da
maneira como as coisas estão caminhando, o que vai ser do monoposto,
quando Massa, Piquet Jr. e Bruno Senna resolverem pendurar o capacete,
considerando a possibilidade de todos terem muito sucesso em suas
carreiras?
Não se trata de uma crítica a Stock especificamente, muito pelo contrário,
só que essa concorrência desleal está contribuindo com a extinção da
escola brasileira de fórmula, que formou grandes campeões. Corremos o
risco de ficarmos no mesmo nível de outras nações sem tradição, e como
efeito, não termos bons representantes em competições de prestígio
internacional. Em relação à Champ Car, já estamos colhendo os resultados
dessa política. Estamos há tempos sem um representante capaz de brigar
pelo título ou um piloto capaz de chamar a atenção da mídia de dos fãs por
conta do seu carisma e talento como ocorria nos tempos que uma geração de
brasileiros encantou os estadunidenses nos anos 1990 e no início desse
século. Além que essa crise afeta diretamente no emprego de milhares de
pessoas que trabalham direta e indiretamente nesse meio que ficam
trabalho, pois, com os investimentos concentrados somente em um único
evento, diminui a oferta de emprego. Esse é o cenário calamitoso que se
desenha. Não podemos perder a esperanças, mesmo que os fatos digam o
contrário.
Um grande abraço fiquem com Deus e até a próxima.
Fabio
"Hyder" Azevedo
http://blogdohyder.blogspot.com

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Torcedor do Vasco da Gama
e da Associação Atlética Anapolina, fã da Penske,
atualmente sou Analista de Tecnologia da
Informação mas continuo apaixonado pelas corridas como
nunca. Todas as semanas, falarei sobre as minhas experiências na
categoria, além de contar histórias dos bastidores que poucos
conhecem.
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