Ainda 
      respirando
      
      Mesmo com 
      muitos problemas e críticas, a Champ Car cumpriu uma nova temporada, que 
      ficou marcada pelo uso de muitos pilotos novatos
       
      
      Por Wallace Michel
      
      
       
      
      
      
      
      Bourdais animou a Champ Car com seu tricampeonato.
       
      
      A Champ Car manteve-se 
      viva por mais um ano e  para se sustentar, se viu obrigada a utilizar 
      uma boa quantidade de novatos, o que não foi suficiente para obter um grid 
      superior a 18 carros, nem muito menos para fazer sobra ao francês 
      Sebastien Bourdais. A principal estrela da Newman Haas obteve seu terceiro 
      título de forma consecutiva praticamente sem oposição, colocando 89 pontos 
      de vantagem sobre o inglês Justin Wilson, em um ano com pouca 
      competitividade em que voltaram os rumores sobre eterno tema da 
      reunificação com a IRL.
      
      E essa divisão que já está se prolongado a mais de uma década, faz com que 
      ambas as categorias continuem dramaticamente a perder terreno em relação 
      às categorias organizadas pela poderosa Nascar, que dia após dia 
      consolida-se como a mais poderosa entidade automobilística dos Estados 
      Unidos e que, com um apetite voraz, não está disposta a ceder mercado para 
      seus concorrentes. Mantendo a inércia dos últimos anos, a Champ Car só 
      conseguiu apresentar um curto calendário com apenas 14 etapas. Novamente, 
      cancelou compromissos na Coréia do Sul e na Europa, limitando-se a correr 
      nos Estados Unidos, Canadá e México, antes da animada corrida da 
      Austrália.
      
      A história da temporada de 2006 começou a inclinar-se em favor de 
      Sebastien Bourdais desde a primeira prova, realizada em 9 de abril nas 
      ruas de Long Beach, onde o francês pôde com toda a facilidade possível 
      estrear no campeonato com uma vitória.
      
      Bourdais continuou dominando a temporada, já que venceu a segunda etapa em 
      Houston, também circuito de rua, onde um erro que custou o triunfo do 
      mexicano Mario Dominguez, que havia largado na pole position e estava 
      dominando a corrida desde a largada.
      
      O circuito 
      do Parque Fundidora na cidade de Monterrey fez sua sexta aparição 
      consecutiva no calendário, sendo também a sua última, já que não voltará 
      para 2007, foi cenário para que Bourdais chegasse a sua terceira bandeira 
      quadriculada em seqüência, caminhando firmemente para o tricampeonato.
      
      O domínio do francês continuou no oval de uma milha de Milwaukee, onde 
      Mario Dominguez foi demitido da Forsythe depois de provocar outro ridículo 
      acidente que deixou fora de combate seu companheiro de equipe, o canadense 
      Paul Tracy e o brasileiro Bruno Junqueira, piloto da Newman Haas. Após 
      quatro etapas, Bourdais já tinha 136 pontos, contra 105 do inglês Justin 
      Wilson, o vice-líder na ocasião. Andrew Ranger, o terceiro no momento, 
      somava 75, quase a metade dos pontos do francês.
      
      Essa atitude da Forsythe contra Dominguez originou, curiosamente, uma 
      virada no monótono campeonato, em virtude de que o norte-americano A.J. 
      Allmendinger escolhido como substituto do mexicano teve uma estréia 
      arrasadora na sua nova equipe, ao ganhar a quinta etapa em Portland e 
      quebrar assim a hegemonia de Bourdais. Imediatamente, o destaque passou a 
      ser Allmendinger, que venceu consecutivamente em Portland, Cleveland e 
      Toronto, até que Justin Wilson entrou na disputa pelo campeonato ao vencer 
      em Edmonton.
      
      Em San Jose, as coisas voltaram à normalidade e Bourdais regressou ao 
      ponto mais alto do pódio, enquanto Allmendinger respondeu em Denver com 
      sua quarta vitória no ano. Bourdais não demorou a contra-atacar ao vencer 
      em Montreal, que o colocou a um passo da conquista do título. 
      
      Uma nova vitória do norte-americano em Elkhart Lake deixou a definição do 
      título para uma outra ocasião, o que não serviu de muita coisa, pois 
      Bourdais terminou em terceiro lugar, assim que na Austrália, penúltima 
      corrida do campeonato, concretizou o tricampeonato com uma oitava posição.
      
      
      Antes da corrida final na Cidade do México, Allmendinger anunciou que, a 
      partir de 2007 buscaria os melhores rendimentos financeiros da Nascar. Foi 
      pego de surpresa ao ser dispensado pela Forsythe dias antes da corrida. A 
      equipe preferiu dar uma oportunidade para o norte-americano Buddy Rice, 
      vencedor das 500 milhas de Indianápolis.
      
      A corrida no autódromo Hermanos Rodriguez foi apenas para cumprir o 
      calendário. O título já estava em poder de Bourdais, que sem seu principal 
      adversário na pista se dedicou a aumentar sua imensa vantagem na tabela de 
      classificação, e o vice-campeonato foi para Justin Wilson. Outro forte 
      concorrente que não disputou essa etapa foi Paul Tracy, que fraturou o 
      ombro direito ao sofrer um acidente ao tentar pular dunas de areia com um 
      carrinho de golfe, quando estava embriagado em uma festa.
      
      Os brasileiros tiveram a pior desempenho desde 1998. Bruno Junqueira, 
      companheiro de Bourdais, encerrou a temporada sem vitórias e ficou em 
      quinto lugar, com 219 pontos. Antônio Pizzonia, da Rocketsports, em quatro 
      provas, conseguiu apenas dois décimos como melhores resultados.
      
      O ano no foi marcado pelo grave acidente com o mineiro Cristiano da Matta, 
      da Rusport. Em agosto, durante testes em Elkhart Lake, seu carro atingiu 
      um cervo, que invadiu a pista na curva seis e o piloto sofreu uma forte 
      pancada na cabeça. Precisou passar por algumas cirurgias para a retirada 
      de um hematoma subdural no cérebro. Felizmente, ele vem se recuperando de 
      maneira surpreendente, podendo retornar a categoria já nesse ano.