Galeria da
Fama: Cristiano da Matta
Por Wallace Michel

Cristiano da Matta possui 1 título, 12 vitórias, 20 pódios, 7 poles e 101
largadas na Champ Car.
Cristiano Monteiro da
Matta nasceu em 19 de setembro de 1973 em Belo Horizonte, Brasil, e sendo
de uma família onde se respirava automobilismo por todos os lados. Seu
pai, Toninho da Matta, havia sido campeão brasileiro de turismo em 14
ocasiões e contava com uma carreira de mais de 30 anos. Em 1990 Cristiano
começou a competir no kart e desde o princípio sua trajetória foi
acompanhada de êxito. Com um capacete idêntico ao utilizado por seu pai,
apenas alterando a cor vermelha pela azul, e em dois anos e meio este
jovem brasileiro já havia conquistado todos os títulos que disputou nessa
modalidade.
Cristiano venceu o campeonato de mineiro em 1990 e 1991, o campeonato
brasileiro de 1991, o campeonato Rio-Minas de 1992, e o campeonato
paulista de 1992. O próximo passo da meteórica carreira de Da Matta foi a
Fórmula Ford brasileira no ano seguinte, onde também se sagrou campeão com
quatro vitórias.
Em 1994 transferiu-se para a Fórmula 3 brasileira, onde novamente
conquistou o título, também quatro vitórias e com duas provas por
antecipação. Um ano depois dava o salto para Europa estreando na Fórmula 3
inglesa onde venceu uma etapa e terminou a temporada em sétimo. Ainda
disputou o Campeonato de Fórmula 3000, pela equipe Pacific, terminando em
oitavo. Sem obter grande sucesso na Europa, Cristiano resolveu considerar
seriamente a possibilidade de competir nos Estados Unidos e em 1997 foi
participar da Indy Lights pela equipe Brian Stewart. Em sua primeira
temporada acabou na terceira posição, conquistou três vitórias e foi
escolhido o Novato do Ano.
Em 1998 mudou para a equipe Tasman e ganhou o título com duas provas de
antecipação, conquistando quatro vitórias. A ida para a Champ Car se
consumou em 1999. A equipe Arciero Wells, que contava com os motores
Toyota, apostou no brasileiro e ele não decepcionou. Em sua corrida de
estréia conseguiu uma fenomenal sexta posição no grid de largada. Seu
melhor resultado em corrida foi uma quarta posição, no oval de Nazareth,
finalizando a temporada na décima oitava colocação.
Em 2000, com um equipamento Reynard Toyota um pouco mais competitivo,
Cristiano chegou a sua primeira vitória na Champ Car. Pilotando para a
equipe PPI (antes Arciero Wells) conseguiu subir ao alto do pódio no oval
de Chicago, terminando aquela temporada em décimo. O seu desempenho chamou
a atenção da equipe Newman Haas, uma das mais vencedoras da categoria, que
o contratou para substituir o norte-americano Michael Andretti, campeão em
1991. No ano de 2001 foram três vitórias e cinco pódios, o que colocou Da
Matta como um dos principais nomes da competição e favorito ao título.
O ano de 2002 foi o da consagração ao ser proclamando campeão da Champ
Car. Cristiano dominou o campeonato com autoridade, acumulando sete
vitórias, sete poles e um total de onze pódios, e o título com duas etapas
de antecipação, ajudando a Toyota a conseguir o seu único campeonato na
Champ Car além do primeiro da Newman Haas desde 1993, com o inglês Nigel
Mansell.
Com o título, muitas portas se abrem para ele na Fórmula 1 e após alguns
testes na Europa é convidado pela equipe Toyota para ser o companheiro do
francês Olivier Panis para a temporada de 2003. Apesar de contar com o
maior orçamento da categoria, a Toyota não possuía um equipamento
competitivo, e Cristiano em seus 18 meses na equipe não teve a
oportunidade de demonstrar a sua grande capacidade. Seu momento marcante
aconteceu no GP da Inglaterra de 2003 em Silverstone, quando liderou a
corrida durante 18 voltas, após a entrada do safety car. Foram 10 pontos
na sua primeira temporada, quatro a mais do que o seu experiente
companheiro Panis, com dois sextos e dois sétimos lugares, terminando com
a décima terceira posição.
Em 2004, uma temporada para ser esquecida. Da Matta acabou sendo
substituído nas seis últimas corridas pelo reserva Ricardo Zonta após se
desentender com o inglês sobre os rumos do desenvolvimento do carro.
Cristiano dizia que o problema do chassi na época era mecânico,
principalmente na suspensão. Mas Mike Gascoyne, Diretor Técnico que se
comenta ter sido o responsável pela saída do brasileiro da equipe,
direcionava o desenvolvimento para a parte aerodinâmica, ignorando os
pedidos do brasileiro. Seu melhor resultado foi no GP de Mônaco, quando
terminou em sexto.
Porém Cristiano da Matta não ficou muito tempo desempregado. Em 2005 foi
contratado pela equipe PKV, retornando para a Champ Car. Não foi um ano
dos mais tranqüilos, pois a equipe não era das mais competitivas apesar de
que possuía recursos e potencial de crescimento. Mesmo fazendo uma
temporada irregular, cheia de acidentes e quebras, conseguiu vencer a
etapa de Portland graças à estratégia ousada da equipe, chamando Cristiano
sempre mais cedo para os pit stops e terminou a temporada em décimo
primeiro, sua pior colocação na Champ Car desde 1999.
Na temporada de 2006 transferiu-se para modesta equipe Dale Coyne, onde
ficou até a etapa de Milwaukee, quando se mudou para a Rusport em
substituição ao norte-americano A.J. Allmendinger, que foi correr na
Forsythe. Seu melhor resultado foi o segundo lugar em San Jose que lhe
deixou na sexta posição no campeonato. Então no dia 3 de agosto, durante
uma sessão de testes no circuito de Road America em Elkhart Lake, sua
pista favorita, o piloto sofreu um grave acidente ao atropelar um cervo e
depois bater no muro de proteção. Da Matta estava a uns 120 km/h quando em
uma curva seu carro se chocou com o animal. Tentou desviar, mas
infelizmente não conseguiu.
Acredita-se que quando atingido pelo animal, Cristiano ficou inconsciente
imediatamente. Mesmo assim, quando os médicos chegaram para retirá-lo do
carro, seu pé continuava no freio. Da Matta ficou internado no Theda Clark
Medical Center em Neenah, Wisconsin, onde foi feita a cirurgia que retirou
um pedaço do crânio para aliviar a pressão. Foi ainda induzido ao coma. A
partir daí passou por uma recuperação lenta, porém constante e
surpreendente.
Em 24 de setembro daquele ano, durante a etapa que aconteceu na mesma
pista do acidente, Cristiano deu a tradicional ordem de largada "start
your engines" direito de sua casa em Miami. Agora que foi liberado pelos
médicos para voltar ao automobilismo, Da Matta não decidiu se pára ou
ainda retorna a competir. Ele já esteve em contato com equipes da Grand-Am
e não descarta a Stock Car.
Da Matta sempre leva sua guitarra nas viagens, e quando tem uma
oportunidade fica tocando blues, rock clássico além de um pouco de bossa
nova. Ele tem o esporte no sangue. Durante cinco anos (dos 10 aos 15 anos)
ele fez parte do time de ginástica olímpica do Flamengo Esporte Clube e do
Minas Tênis Clube, conseguindo vitórias também neste esporte. Também gosta
de esportes aquáticos e mountain biking.
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