Nutrição: qual o melhor alimento para seu cão?
Por
que alimentar seu cão com ração?
O cão é um animal que tem carências nutricionais diferentes
das nossas. Por isso, sua dieta deve ser direcionada a atender essas
necessidades. Quando alimentamos os cães com comida caseira, na grande maioria
das vezes (quase sempre) não estamos promovendo uma nutrição adequada. Por mais
"sem graça" que possa parecer, a ração é a melhor opção. Por quê?
Podemos dar alguns argumentos favoráveis ao uso de ração,
ao invés de comida caseira:
- necessidades do cão - Por mais variada que seja a
comida do Rex, não conseguimos oferecer-lhe uma dieta
completa e balanceada. Mesmo dando carne, legumes e ovos, ainda assim não
conseguimos balancear esta ração; e macarrão, arroz e fubá não são comida de
cachorro;
- a praticidade - Hoje em dia poucas pessoas têm
tempo para fazer seu próprio almoço, muito menos a comida do cachorro. Para
comprovar, basta observar que as vendas de comida congelada e desidratada têm
aumentado de maneira significativa;
- O CUSTO - Se colocarmos na ponta do lápis a despesa
na elaboração de uma dieta para um cão, com carne, ovos, legumes, complementos
vitamínicos e minerais, e o trabalho que teremos adicionando cada ingrediente
na medida certa para equilibrá-la, comparado ao custo diário da alimentação
à base de ração, sem dúvida a opção mais econômica será a ração (mesmo se
esta for importada).
Onde está a
diferença?
Nossos amigos peludos têm sua origem em outros canídeos selvagens,
como a hiena, o chacal, os cachorros-do-mato... Estes animais, em vida livre,
alimentam-se basicamente do que conseguem caçar ou, mais frequentemente, das
sobras de outros predadores (leões, leopardos...). E foi por este hábito que
os cães primitivos se aproximaram dos homens primitivos, visto que o homem
sempre foi um caçador, até aprender a plantar e colher. Quando um canídeo
se alimenta, come a carne, o pêlo, a pele, os ossos, as vísceras e até o conteúdo
intestinal das presas. E, respondendo à pergunta, o bom e velho Rex
precisa de uma dieta tão variada quanto a de seus
parentes de vida livre, para que tenha uma vida saudável.
O que comprar?
No Brasil, hoje, temos diversos tipos de ração com
qualidades diferentes. Para facilitar o entendimento, vamos classificá-las em
três grupos.
Rações
Populares - São os produtos mais baratos que existem no comércio.
Normalmente formuladas com subprodutos de milho, soja, farelo de algodão, etc.
Tais ingredientes, na ração de uma vaca ou de um cavalo seriam de excelente
digestão, mas, voltando àquela historinha, nosso amigo é um carnívoro, e
precisa de proteína de origem animal, pronta a ser assimilada pelo seu
organismo.
OBS.: Os vegetarianos de quatro patas têm a capacidade de
transformar proteínas e carboidratos de baixa qualidade em "produtos
mais nobres". Os cães e gatos precisam dos produtos nobres já prontos.
Rações
"Standard"
- São produtos de empresas de renome, que, na maioria das vezes, buscam através
da mídia uma fatia maior do mercado consumidor. Por serem produtos de empresas
maiores, têm um compromisso maior com a qualidade, e são formuladas com ingredientes
qualitativamente melhores que as rações populares, ou seja, não são "tão
subprodutos" assim. Contém farinha de carne e ossos, glúten de milho,
gordura animal, etc. Porém ainda não são "ideais" a nível de digestibilidade,
mas são melhores que os "subprodutos". Quanto ao custo, estão numa
faixa intermediária de preço.
Rações
Premium
e Super Premium - São produtos de primeira qualidade
em nutrição canina, por isso mais caros. Têm sua formulação baseada em carne
de frango, ovelha, peru... Porém, realmente carne, ou resíduos de abatedouro,
como digestas de frango, por exemplo (o que é diferente dos "subprodutos").
Tais ingredientes, de origem animal, têm maior digestibilidade, ou seja, o
trato digestivo canino tem menos "trabalho" para metabolizá-los.
Esta é outra característica das rações Premium: como a digestibilidade é maior,
o consumo diário de ração é menor (o que ameniza o preço da ração). Promovem
ainda uma vida mais saudável, e reduzem o volume das fezes do animal.
As Rações Super Premium
são assim classificadas a partir de certo percentual de digestibilidade, o que
pode variar de acordo com os interesses dos fabricantes, pois não há um
"padrão" neste sentido.
Como consumidor, para saber se a ração é de alta
digestibilidade, ou não, basta analisar na embalagem os ingredientes que
compõem a ração. As fontes protéicas devem ser de origem animal (carne de
frango, carne de peru, digestas de frango, carne de ovelha, ovos, etc.). E as
fontes de gordura também, ou pelo menos óleos vegetais nobres como, por
exemplo, óleo de linhaça. Fontes protéicas vegetais como soja, glúten, etc.,
não têm alta digestibilidade. É bom desconfiar de produtos que têm em sua
relação de componentes coisas como "carne de aves" (urubu também é
ave / e de que parte da ave estão falando? Pena e bico são
proteína pura e de baixíssima digestibilidade).
O que pode aumentar a digestibilidade da ração é a presença
de fibras de moderada fermentação (p.ex. polpa de beterraba branca), que aumenta
a eficiência absortiva dos enterócitos. Outro ingrediente que melhora a digestibilidade
são os F.O.S. (fruto oligossacarídeos), que alimentam a microbiota intestinal,
ou seja, beneficia o crescimento de "boas bactérias" no intestino,
o que leva a uma melhor fermentação do bolo alimentar.
Resumindo, quando compramos uma ração para
o amigo peludo, devemos estar atentos aos níveis de garantia (percentuais
de proteína, gordura, etc.) e a qualidade dos ingredientes. Por exemplo, uma
ração para cachorro deve ter, no mínimo, 18% de proteína. O que é relativo,
porque carne é fonte de proteína, e pena da galinha também. Carne é bem mais
digerível que pena. Outro detalhe é o equilíbrio entre percentuais de proteína
e gordura. Não é eficiente uma ração com 30% de proteína e 8% de gordura,
nem outra com 18% de proteína e 20% de gordura.
Um quarto grupo de rações pode ser citado, as rações terapêuticas.
Têm indicação clínica, sendo auxiliares no tratamento de diversas enfermidades.
Seu uso deve obedecer aos critérios do Médico Veterinário responsável pelo
cão.
Alguns Conselhos
Cadelas
gestantes devem comer rações de filhote a partir do 30º dia até o fim da
lactação. Esta prática reduz a chance de ocorrerem problemas futuros com a
cadela prenhe, além de aumentar sua vida reprodutiva.
Os
filhotes devem comer ração de filhote até atingir o tamanho adulto (o que varia
de raça para raça)
Cães
de raças grandes devem receber dieta adequada, sem exageros, para um
crescimento equilibrado e uniforme. Uma dieta reforçada demais pode trazer
problemas de "calcificações indesejadas" no futuro.
Os
cães precisam de abrasão para seus dentes, portanto ofereça o que ele possa
usar para isso. Esta medida é profilática à formação de
tártaro, o que pode causar até a morte de seu cão. Por exemplo: o cão
deve ter cotidianamente um osso, ou um brinquedo rígido, ou qualquer outro
artifício para “escovar"
seus dentes. Esta necessidade diminui à medida que o cão se alimenta
apenas e tão somente de ração seca.
Evite
oferecer ao Rex petiscos do tipo: biscoito humano,
pão, chocolate, pipoca... Mesmo que ele goste muito. Estes alimentos estão
frequentemente envolvidos em casos de alergias alimentares, assim como
macarrão, fubá e outros alimentos à base de amido. Essas alergias alimentares
têm quadros variados que vão de simples coceira até feridas na pele e febre.
A
oferta de carne, somente, pode levar o cão a problemas de raquitismo
nutricional, por causa do desequilíbrio entre Cálcio e Fósforo, que ocorre em
animais com este tipo de dieta.
Uma
ração de qualidade comprovada, preferencialmente as do tipo
"Premium", dispensam qualquer outra suplementação mineral ou
vitamínica. E se for seca, reduz a incidência de tártaro, dispensando, por vezes, o uso de
abrasivos.
Consulte seu veterinário para maiores
esclarecimentos sobre a alimentação mais adequada para o seu cão.
Guilherme Marques Soares
médico veterinário (CRMV RJ 5092)
gms@microlink.com.br
Fonte - Vida de cão...
www.vidadecao.com.br
____________________________________________________