Introdução

Este trabalho tem como objetivo levar até você, leitor, um pouco da cultura cigana que ainda não teve sua origem comprovada cientificamente. Uma cultura interessante onde a alegria está sempre presente inclusive na morte, que é celebrada com festa.

É importante ressaltar que, em meio a essa alegria, há também muita rejeição em relação à integração em nossa sociedade, mas isso não preocupa o cigano que, com seu jeito maroto, faz com que essa situação passe desapercebida por eles
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Um povo amante da liberdade que decide onde, como e até quando morar em determinado local, caracterizando o nomadismo como característica típica do povo cigano. O caro leitor já imaginou alguém com três nomes? Pois bem, entre os ciganos isso existe sim. Eles fazem com que suas leis se tornem regras a serem cumpridas pelo seu povo, passadas de geração para geração. Quanto aos ritos, esses são pontos fundamentais em qualquer tribo cigana, onde tudo acontece conforme manda a tradição. O outro aspecto a ser tratado nesse trabalho é como vivem hoje essas tribos no Brasil, onde os primeiros ciganos chegaram no ano de 1574, os problemas que enfrentam atualmente e o que está sendo feito por esse povo que luta para manter sua tradições.

ORIGEM

Grandes estudiosos acreditam que esse povo alegre, amante da música, das cores alegres e da magia, tenha surgido na Índia em meados do século III aC. Portanto, é importante ressaltar que ainda não foi feita uma pesquisa científica sobre o assunto e, essa dedução se deve ao fato de que a língua falada pelos ciganos é o Romani, língua indiana. Segundo pesquisas, esse povo permaneceu na Índia até meados do século IX DC., tendo assim se dispersado pelo mundo.

No Brasil, os primeiros ciganos começaram a chegar em 1574, quando foram expulsos da Europa, onde calcula-se que foram mortos mais ciganos do que judeus durante a II Guerra Mundial. Chegando ao Brasil, empregavam-se como feitores de escravos, ou participavam de expedições bandeirantes que conquistaram para o Brasil dois terços da América Latina.

ASPECTOS GERAIS DA CULTURA CIGANA HABITAT

Amantes da liberdade, os ciganos apreciam o ar livre e adoram dormir ao relento. Habitam em tendas, de porta aberta para o sul ou na direção oposta ao vento ou em grandes carros pintados sobre rodas ou, por vezes, constroem uma casa no mesmo modelo da tenda, térrea e com um único cômodo. Cada família cigana estabelece-se num determinado local onde tira o suficiente para sua sobrevivência.

VESTUÁRIO

Sempre alegres, os ciganos apreciam as cores também alegres onde as mulheres usam cores vivas, com saias rodadas e compridas, visto que é proibido mostrar as pernas, para que não sejam tratadas como Merimé ( impuras ). Usam cabelos longos, geralmente com tranças e, quando casadas, usam um lenço que simboliza a aliança. Os homens costumam usar calças de tecidos brilhantes e camisa, e as crianças, muitas vezes, andam nuas.

Adoram comer, sobretudo doces e frutas, sendo peritos na fabricação de pães. Os ciganos têm horror à agricultura e à pesca, tanto que nunca houve uma tribo cigana próxima a rios, mares ou campos onde haja agricultura. Preferem cerveja ao vinho, amam as aguardentes fortes e tanto os homens quanto as mulheres são adeptos do fumo.

OCUPAÇÕES

Com valores diferentes dos nossos, os ciganos estão longe de querer o poder e o acúmulo de riquezas, prova disso é que tudo que ganham dividem entre eles de forma igual. Exploram o artesanato do cobre e da palha, com exceção da tribo Lovarias, onde os homens que se dedicam a venda de cavalos e as mulheres à leitura de mãos. Já na tribo Macwarias os homens se ocupam distribuindo folhetos indicando o endereço para consultas.

RITOS

Para os ciganos, uma criança que nasce é uma esperança de continuidade da cultura cigana. A união entre duas pessoas representa o fortalecimento dos vínculos de amizade contra o mundo dos gadjés (não ciganos). Finalmente, cada velho que morre leva junto parte das tradições. O nascimento, o casamento e a morte são, para os ciganos, as coisas mais importantes da vida, fazendo desses acontecimentos grandes rituais, onde não existe um calendário cíclico, mas sim o ano em que alguém nasceu, casou ou morreu.

Nascimento Motivo de festa. Além de dar continuidade às tradições ciganas,a vida do pai muda, ganhando autoridade, responsabilidade e privilégios iguais aos de qualquer adulto casado. Já a mulher, deixa de ser Bori (nora) e passa a ser mãe, o que dá mais autoridade à figura feminina. Para comemorar, uma festa de dois ou três dias.
O batismo pode ser em uma ou mais religiões mas, o verdadeiro batismo cigano é o nome, este sim deve ser planejado. O ritual tem início na primeira mamada, quando a mãe sopra o nome no ouvido da criança, sendo esse o primeiro nome que só será revelado no dia do casamento. O segundo nome é dado durante a festa, para ser escolhido somente pelos Gadjés.

Casamento Ao contrário do que se pensa, a sensualidade cigana de nada vale no seu casamento. Na formação dos pares, o romantismo dá lugar à critérios mais objetivos como a capacidade da noiva em ganhar dinheiro. A escolha do par pertence ao pai, podendo também ser feita pelos filhos, que dificilmente o fazem em respeito ao mais velho.
Nesse momento não há infidelidade, poligamia e nem homossexualismo. Agora quanto ao ritual, há variações de tribo para tribo, podendo o noivado durar de alguns dias a meses. O pedido é feito à família da noiva pelo pai do pretendente que também combina o valor do dote que será pago pela perda da moça.

Já entre os Sintos, os noivos arquitetam uma fuga e mais tarde pedem aos pais que reconheçam a união. Se a família concordar, eles voltam para uma festa de cinco dias para que o público conheça o novo casal, mas, para essa chegada, a noiva recebe dois tapas que simbolizam o perdão. No decorrer da festa alguém respeitado falará sobre a importância e responsabilidades do casamento.

Nas demais tribos as festas duram três dias, armando-se duas tendas. O primeiro dia de festa é dedicado a preparação da comida, o segundo à uma reunião na tenda da noiva e a distribuição de flores e, o terceiro dia, o ponto alto da festa. Acompanhando o pai carregando uma bandeira vermelha, o noivo vai à tenda da noiva onde entra forçando a passagem, é convidado a beber com os pais num belo diálogo pré-estabelecido e, enfim, a noiva é erguida em cima da mesa e entregue a ele.
Ambos terão as mãos unidas num lencinho vermelho onde um ancião faz votos de felicidade Terminada a festa, mais duas cerimônias: a entrega do lenço a ser usado na cabeça, que é o símbolo da aliança e a prova do lençol, que ao ser usado entre os noivos, deverá ser apresentado ao público sujo de sangue para provar a virgindade da moça. Há também tribos que fogem desses rituais, como os Homens que casam no ritual ortodoxo e os Calons, que casam no ritual católico.

Morte

Para o cigano, a alma de quem morre permanece na terra por mais quarenta dias lembrando de tudo que lhe fizeram e vingando-se dos inimigos. Para evitar essa ira, todos os parentes procuram manter-se próximos sempre que há alguém doente na tribo sendo que, por mais que estejam esperando a morte, quando esta acontece todos gritam, choram e desmaiam.