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DivulgaçãoEscrever o editorial é uma tarefa árdua, difícil e por vezes burocrática demais para quem deseja soltar o verbo e rosnar contra todo tipo de hipocrisia. Pior ainda é latir forte contra as estapafúrdias idéias de articulistas que sentem prazer em balbuciar impropérios só para chamar a atenção das orelhas que, por ventura, se direcionam a dar uma “espiadinha”.

É patético e desajeitado posar de santo e desferir todo o fígado contra uma incontável série de problemas, que não raro, decorrem apenas de um inconveniente "pré-conceito". Afinal, dar a opinião não é se limitar a passar uma impressão pessoal, de quem no seio do poder da oratória se sente no direito de ecoar sua voz como se dotado de clarividência e sabedoria para contar sobre as verdades (irrevogáveis) do mundo.

Ser articulista, para a surpresa de muitos que usam desta alcunha, é saber articular todos os pontos de vista, não resumir tudo a uma única fonte absoluta e, por vezes, burra. Pena que poucos são os letrados reconhecedores de que seu ponto-de-vista é tão “ignorante” e insignificante quanto à de qualquer “Zé da Esquina”.

Lógico que existem aqueles que só recitam seus versos graças à farta e respeitada bagagem que ostentam, a alça quebra quando os “malas” de plantão, confortavelmente em suas poltronas, alugam suas tribunas e disparam em “gusparada” como se carregassem sozinhos o peso do mundo, confundindo equivocadamente as dores mundiais com sua própria dor nas costas.

Ser um agente comunicador não é ter o direito de legislar em causa própria, muito menos é encarar contendas em nome de terceiros, é abrir um democrático espaço onde as questões serão revisitadas no calor do debate público. Agir de mal-agrado, travestindo a multiplicidade das formas em interesses monocromáticos é atentar contra o alicerce básico de qualquer noção de igualdade - em um pressuposto estado de direito.

Escrever palavras grosseiras é libertador, sedutor, e porque não dizer, empolgante. Nada como o glamour de poder responder a todas as questões, em um surto egocêntrico de quem se reporta apenas às questões levantadas por si próprio. Difícil é deixar de se postar a frente das vozes que ficam ao fundo, com a benevolência de quem sabe que está na mira dos holofotes, mas que humildemente saí de cena e se contenta com um importante papel (coadjuvante): dar as deixas para quem realmente entende do assunto. Do contrário, escrever um editorial acaba ficando muito fácil...

Carlos Campos

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