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A guerra dos cartoons começou

Divulgação“The Clone Wars has begun”, assim terminava “Ataque dos Clones”, o segundo capítulo do prelúdio baseado na popular "Space opera" de George Lucas, armando neste memorável pronunciamento de Mestre Yoda, o "cenário" pra "Queda dos Jedi" e (logicamente) do misterioso herói-vilão Anakin Skywalker (renomeado como Darth Vader). Conhecidíssima desde que acabou citada por Obi-Wan no filme original, as “Guerras Crônicas” freqüentavam o imaginário jedimaníaco - há anos, sempre despertando a curiosidade nata dos fãs de longa data. Contudo, pouco dela terminou mostrada - propriamente - nos cinemas (excetuando seu início e posterior fim), assim, para não privar ninguém desta bela experiência (com toda a pompa da circunstância), a Lucasfilm decidiu (enfim) explorar o gigantesco mega-conflito entre Separatistas X República - incitado maliciosamente por Palpatine. Desenvolvendo ao lado de Genndy Tartakovsky (criador de “Samurai Jack”) uma série animada que tocaria justamente neste "tema militarista" - por conseqüência, cruzando os explosivos (e perdidos) anos transcorridos entre os episódios II & III.

Logicamente, o desenho acabou sendo muito apropriado para continuar divulgando a “marca título”, mantendo o burburinho do público ecoando até a vindoura chegada de “Vingança dos Sith” - vários meses depois (na peça final que uniria as trilogias). Como uma espécie de comercial cine-televisivo, “Clone Wars” estreou na Cartoon Network em pequenos trechos de três minutos (todos reunidos neste presente DVD). Era evidente que, com o tempo super escasso, Tartakovsky - através de seus traços cartunescos - seria obrigado a fazer uso de todas as habilidades narrativas disponíveis, retratando dezenas de personagens (cada qual com seu próprio background), além de esmiuçar um drama lotado de particularidades, condensando-os em minguados 180 minutos de advertising. E não é que ele se saiu super bem neste difícil exercício narrativo? Genndy criou uma saborosa mitologia que percorreria a temporada inicial, soltando alguns contos paralelos entre as paradas da história central, achando momentos únicos para cada personalidade principal e desenvolvendo uma profunda sede pela ação desenfreada. Nada como deixar o falatório (consumidor de tempo) e encarar o (proveitoso) campo de batalha, principalmente tendo robôs enfrentando exércitos clonados.

Emoldurado pelo imortalizado score de músicas e efeitos da (legítima) biblioteca Jedi, o autor conseguiu consolidar sua obra nos fundamentos desta importante fantasia-ficção científica. Trazendo ao cotidiano do prequel um pouquinho do ritmo dinâmico (e cômico) das antigas matinês homenageadas pelos clássicos movies de Han, Luke e Léia. Mesmo causando - natural - estranheza num primeiro momento, o tradicional “design estilizado” idealizado pelo (igualmente) tutor das “Meninas Super-Poderosas” mistura-se - adequadamente - entre as imagens computadorizadas, formulando um pacote colorido e atraente para os expectadores (jovens principalmente). Apesar de pecar pelos exageros, vide os mega-poderes da “Força” - aka ameaça “mortal” de Gen. Grievous (aqui, apresentado em primeira mão, antes de seu debute cinematográfico). Todavia, a grande "graça" destes mini-episódios se fixa - realmente - na (acertadíssima) interseção entre os elementos mais icônicos/lapidares de “Star Wars”, beliscando casualmente, referências (óbvias) na - dupla - linha temporal do clã Skywalker.

Agradando (inclusive) fanáticos e puristas da Aliança Rebelde, inacreditavelmente. Feito que a recente tríade de filmes não conseguia. Mesmo conectado ao compromisso comercial, este “Wars” também consegue/propicia um agregado de experiências novas e saudosas - conjunto raramente visto no dito "Universo Expandido", por exemplo. Conquistando prêmios e críticas positivas. Além de alavancar a audiência, claramente. Forçando seus realizadores a retornar aos trabalhos numa “fornada” extra, produzindo (na velocidade da luz) outro grupo de “micro-enredos” para dar seqüência à vitoriosa experiência prévia. Como veremos posteriormente.

 

 

Extras

Os tais “bônus especiais” de “Clone Wars Vol. I” são bastante limitados, infelizmente. Duas trilhas (distintas) de comentários de áudio (com Tartakovsky em pessoa falando de sua cria) não compensam o - ridículo - pecado de nem estarem legendados (em português). Aquém aos inúmeros Trailers (inclusive com demo de videogame), fotos, storyboards, rascunhos, e ademais materiais ilustrativos do tipo, a caixa trás (ainda) um decente documentário sobre a produção (pena que tão curto quanto seus - curtíssimos - episódios). Ah, e "certo" featurette, propagandeando o tal “Volume II” (citado acima), só para amaciar - logicamente - o bolso de nosotros para a futura aquisição “obrigatória” nesse crescente mercado de “Clone Wars”.

 

Carlos Campos

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