Quarteto Fantástico 1.5
Há uma maneira muito fácil de capitalizar dinheiro no atual cinema americano. Se a produção fracassa nas grandes telas, basta fazer uma versão estendida e lançá-la pra telinha. Se for sucesso de bilheteria, basta juntar as mesmas cenas estendidas e fazer uma “Edição Especial”, lucrando um pouco mais.
E os filmes Marvel parecem não fugir desta escrita. Depois de “X-Men 1.5”, “Demolidor - Versão do Diretor” e “Homem-Aranha 2.5”, chega ao mercado este revisado “Quarteto Fantástico”, com 20 minutos de cenas extras, bem a tempo de aproveitar (e aumentar) o “oba-oba” provocado pelo lançamento do segundo filme do grupo: “Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado”.
Independente destas estratégias de merchandising, o novo acabamento dado a estréia cinematográfica dos Quatro Fantásticos (lançado originalmente em 2005) não é suficiente para deixá-lo clamorosamente melhor. Tampouco pior. Quem gostou do primeiro não vai mudar de opinião com as novas adições. E quem já não havia gostado, provavelmente vai continuar detestando o resultado. Os 20 minutos acrescentados são apenas “mais do mesmo”, portanto, incapazes de mudar profundamente o impacto da obra, para cima ou para baixo.
Em geral, o novo corte favorece o filme. Explicando algumas coisas e brincando com elementos que só serão perceptíveis para os fãs dos quadrinhos. De referências ao “Mestre dos Bonecos” (com direito a gancho para uma futura aparição do vilão), passando pela singela aparição de Herbie (o boneco que - no gibi - bancava a babá dos filhos do casal Fantástico - e vivia implicando com o Coisa), a película adquire mais corpo (o original era extremamente curto). Investindo nas tentações que Von Doom apronta para o restante do Quarteto (e não apenas para Ben), no relacionamento de Alicia e Grimm e no arco do personagem Johnny Storm - O Tocha Humana - que ganha um pequeno dilema moral que o fará “entrar para o time” e seguir a “linha” dos seus companheiros “menos aventureiros”.
De destaque mesmo, apenas uma modificação bem sacada na hora em que Reed Richards muda sua face para se tornar “um homem mais forte”, agora, seu rosto faz referência a um importante e cultuado herói mutante. Em uma brincadeira que deve arrancar sorrisos da platéia “marvete”. Entre pequenos enquadramentos diferentes aqui e uma apresentação nova ali, o longa do Quarteto se salva com todos os seus erros e acertos. Ele continua divertido, desequilibrado (muita comédia e pouca ação) e com uma direção (de Tim Story) incapaz de concretizar momentos visualmente marcantes, verdadeiramente. Daqueles que ficam registrados (eternamente) em nossas mentes.
Extras
Os extras, sempre importantes para fãs e cinéfilos inveterados, são um desencanto à parte em “Quarteto Fantástico - Versão Estendida”. A começar pelo horroroso menu, que mal consigo definir com palavras. Se a apresentação já é falha, o conteúdo segue igualmente ladeira a baixo (principalmente se comparado com a tonelada de extras presentes na versão dupla e não-estendida do longa-metragem). Restando para o público um único e mísero featurette (de 8 minutos) sobre o Surfista Prateado (contando sua história - o que é uma boa para quem pretende assistir ao segundo “Quarteto” e desconhece as origens do - importante - herói galáctico). Ah, tem um trailer da continuação também, o básico do básico em se tratando de lançamentos em DVD.