Destaques:

Coluna do Monkeybh

Em Foco:

Críticas

Deu à louca nos macaconautas

DivulgaçãoAh... Adoro astronomia. E por conseqüência, as películas que abordam tal disciplina. Mas seria este o caso? Vou aproveitar a oportunidade e - parafraseando “Star Trek” - resumir o presente filme-estelar: “Espaço, a macacada final. Estas são as viagens de ‘Space Chimps - Micos no (já citado) Espaço’, em sua missão de 81 minutos para exploração de novas vidas (estas, cômicas e bobonas), novíssimas civilizações (para - depois - fugirem correndo, regressando 'são e salvos' pra Terra), audaciosamente indo aonde nenhum símio (animado) jamais esteve”. Sobe musica-tema de Alexander Courage e... Pronto! The End. Contudo, sejamos francos, este desenho copia mais “Os Eleitos” do que “Jornada nas Estrelas”, ressuscitando o mesmo “pioneirismo” da real "Enterprise" na exploração espacial - recorrendo novamente aos primatas, espécie muito utilizada (propriamente) nas primeiras explorações do maquinário "humano-espacial" pela órbita terrestre. Isso, óbvio, sem descaracterizar a temática infanto-juvenil - ou abandonar as piadas de “banana jogada ao chão”.

Roteirizado e (também) dirigido por Kirk DeMicco (prometo não fazer nenhuma macaquice, quero dizer... Trocadilho, com o “pomposo” sobrenome do sujeito), a animação parte de um curioso dilema “vamos cruzar a galáxia de cabo a rabo”, para num estágio intermediário de lançamento, estabelecer o treinamento dos “macaquitos” (em substituição aos cosmonautas, impedidos de levantar vôo). E posteriormente, transpassando as estrelas, acaba realizando uma aterrissagem muito forçada (coloca “forçada” nisso) em outro gênero. Deixando no vácuo a (inutilizada) ficção-científica inicial e abraçando um tom planetário extraído de uma fantasia dessas qualquer (cheguei a pensar que eles haviam chegado à colina dos Teletubbies).

OK. Nós sabemos, os personagens (mesmo aqueles extraterrenos) precisam ser bonitinhos, fofinhos. Estilo “guti-guti”, assim como as paisagens alienígenas - bem coloridas e agradáveis para satisfazer a criançada. Está tudo certo. Entretanto, a produção abortou completamente esta sua experiência “micada” ao puxar (sem freios) tal conceito visual - indo parar num lugar constrangedoramente inapropriado. “Fantástico” demais, principalmente levando-se em conta a linha verossímil estabelecida na dinâmica entre homens e animais. Que não se comunicam entre si, afinal de contas. Nem poderiam, né? Sem contar a paródia inerente ao “controle da missão”, referências claras que só divertem “fingindo” que as coisas funcionam na película exatamente como elas seriam na realidade de uma NASA, por exemplo. Prejudicando uma parte técnica que sequer se destaca na qualidade de sua mediana CG (de poucos detalhes chamativos, excetuando a pelagem do protagonista principal, muito bonita, por sinal).

Todavia, a grande desgraça do produto sequer está nesta (in)capacidade visual. Não para nosoutros brasileiros. O estrago maior (no final das contas) acabou ampliado pela desastrosa banda-sonora. Pois, a dublagem nacional se encarregou de colocar nos papéis principais a infeliz dubla de atores... Perdão, digo... Apresentadores, do “Bom Dia & Cia”: Yudi Tamashiro e Priscilla Alcântara (!). Os dois até são simpáticos e atendem (lá no programa matinal) ao mesmo público-alvo desta atração cinematográfica, o que facilita na comunicação rápida com os expectadores-mirins que freqüentam a "sala escura". Todavia, eles precisariam de alguns cacoetes que só os experientes (e do ramo) possuem adequadamente. Por isso, apesar de se esforçarem, suas frases soam fora do compasso durante a projeção. Bobamente. Defeito perceptível só pelos adultos, provavelmente. Só que críticos, principalmente, para quem já teve aversão (explícita) às cópias podadas do “som original” - que também é fraquinha, diga-se de passagem, tendo apenas Jeff Daniels como nome popularmente conhecido. Para alívio imediato dos que pensavam ter perdido grande coisa indo ver a versão dublada...

 

Carlos Campos

Claquete Virtual | ©2006