Produtos piratas ganham a preferência dos consumidores
A economia brasileira perde anualmente 30 bilhões de reais e deixa de criar 2 milhões de empregos formais por causa da pirataria, é o que revelou Reynaldo Puggi, presidente do Sindicato Nacional dos Técnicos da Receita Federal (Sindireceita), durante o 24º Seminário Nacional da Propriedade Intelectual.
A divulgação dos dados colocam o Brasil na quarta posição mundial no consumo e contrabando dos produtos ilegais, atrás apenas de Paraguai, Rússia e China. Segundo o representante da Interpol, John Newton, também presente no evento, o mercado "alternativo" já representa quase 7% da economia mundial.
Não é difícil notar na prática o crescimento dos piratas, na verdade é muito fácil encontrar os produtos “alternativos” espalhados em lojas e nos camelôs. O que confirma Alessandro, dono de uma loja em São José dos Campos que comercializa (além de “bugigangas”) jogos de videogame, CDs e DVDs, os produtos preferidos da indústria pirata. Ele conta que mesmo com os problemas de fiscalização muitos compram o “alternativo” sabendo que estão levando um produto ilegal para casa. A justificativa fica por conta da diferença de preço entre o produto oficial e o pirateado, que chega a proporção de 10 para 1 na loja citada.
Mesmo sabendo que os produtos piratas são de baixa qualidade e estragam rápido, na ponta do lápis de Alessandro, saí mais em conta comprar o “alternativo” e arcar com o eventual (e provável) custo de manutenção do produto quebrado do que investir no produto oficial (tamanha a discrepância entre os preços), alimentando não uma indústria, mas uma cultura de aceitação dos produtos ilegais.
Na opinião do deputado Júlio Lopes (PP-RJ), vice-presidente da "CPI da Pirataria", não basta mudar a legislação e aplicar maiores penas (a mudança na legislação é um dos projetos propostos pela Comissão Parlamentar de Inquérito), para coibir a comercialização dos produtos “falsificados” é necessário, também, criar uma consciência popular para o combate à pirataria, mostrando o quanto ela é nociva para a economia formal. Outro ponto importante para Lopes é realçar o caráter criminoso da comercialização ilegal.
Segundo o relator da CPI, Josias Quintal (PMDB-RJ), a ligação da indústria da falsificação com o crime organizado já foi comprovada pela "CPI da Pirataria".
Pelo que diz o vendedor de “alternativo”, se as empresas interessadas em acabar com a pirataria conseguissem criar alternativas para reduzir a diferença de preço entre o original e o ilegal, seria melhor vender o produto legalizado do que o “falsificado” (afinal, pirataria é crime previsto em lei), mas devido ao baixo poder aquisitivo do consumidor, o pirata acaba sendo mais tentador e lucrativo, o que deve perdurar enquanto existir pessoas no Brasil dispostas a consumi-lo.