Anima Mundi: junção de cinéfilos, loucos e crianças
Esperar alegria do cinema já é uma tarefa fácil de superar a cada produção. Ele causa admiração por si só, ou então, passamos o último século na contramão tentando fazê-lo evoluir. Admira-se todos os gêneros nos quatro cantos do planeta. E o da animação está como estilo que representa este acontecimento do cinema. Diria mais, está como feição artística do prazer inesperado. O sucesso de gente como nós, parte criança, parte louco e parte cinéfilo só aconteceria mesmo se fosse através do cinema de animação. Contando histórias.
Foi contando histórias que Alê Abreu pode contar a história do Garoto Cósmico este ano no Brasil. A UPA (United Productions of America) foi revolucionária nos anos 1950 porque expôs seu estilo de fazer animação nos Estados Unidos. Relatou-se, descreveu-se e desenhou-se para fazer os contos da mente humana ganharem projeções. As práticas destes loucos, cinéfilos, cada vez mais moleques, é o que preserva o movimento de milhares nos festivais. Gente da sociedade que vive de histórias. Pessoas com perspectiva de vida pela óptica do cinema com a qualidade da animação.
Afirmam os sociólogos que juntando os grupos se tem a sociedade. A convivência (e sobrevivência) de todos está assegurada pelo ajuntamento. Unir-se permite existir. Aqui temos um grupo de seres humanos que começam a criar, pessoas ingênuas, crianças, outro grupo de indivíduos que perderam o uso da razão, e mais um grupo de apaixonados pelo cinema. É notável a parceria e participação deles no que diz respeito a formar uma sociedade: festival de animação. Entenda-se que perder o uso da razão é o mesmo que deixá-la quase toda fugir. Se salva o bom senso de viver.
Acredita-se que preservar a prática de produzir filmes de animação está relacionada a resguardar o pouco de razão que ainda nos resta, carinho e propriedades de criança. Fundamental, se não, algo que merece consideração para durar os motivos de nossa existência. Para existir por muito tempo e realizar sonhos é importante ser louco, moleque e cineasta. Prolonga-se a arte e a jovialidade.
O Anima Mundi 2007 teve muito para contribuir com a curiosidade, admiração e busca daqueles que por vários pretextos pagaram para se aproximar do que temos a oferecer com sensação de movimento. E pagaram pra se alimentar entre uma sessão e outra, na maratona do festival, seis reais num cachorro-quente de pão seco e dormido, com uma salsicha genérica e um purê de batatas de procedência duvidosa. Pelo-amor-de-deus!
Mas isso é outra história, que talvez daria um filme de animação pro Anima Mundi do ano que vem.