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O Vale mostra seus talentos no traço

DivulgaçãoO estabelecimento profissional de um artista no mercado dos quadrinhos é uma tarefa presumidamente árdua e seu caminho pode apresentar ainda mais obstáculos do que o já óbvio alpinismo editorial. Curiosamente, estes profissionais começam sua maturação desde muito cedo, riscando desenhos cuja trajetória obedece a uma natural ordem evolutiva. "Sempre desenhei desde criança, por diversão. Comecei a me interessar mesmo quando entrei na faculdade e fiz um curso que tinha Luke Ross como professor. Aí minha vida mudou e eu só queria trabalhar com desenho. Trabalhei como ajudante de Ross por quase um ano", confessa o joseense e quadrinista profissional Luís Henrique Ribeiro, autor da ilustração ao lado.

O Vale do Paraíba conta ainda com outros artistas que merecem atenção especial, um deles, Maurício Rett, também manifestou a paixão pelo desenho desde muito pequeno: "Nos meus primeiros contatos com a TV já fiquei fascinado pelos desenhos animados", diz o cartunista. Sobre o aparecimento de inúmeros talentos valeparaibanos e a abertura de mercado, Rett comenta: "Acho que a maior responsável pelo aparecimento de tantos talentos novos é a internet. É claro que sempre houve interessados na área, mas antigamente ficavam muito restritos à sua região e acabavam não seguindo carreira. O que aumentou foi a visibilidade, mas ainda é cedo para se falar num crescimento do mercado".

Luíz parece concordar com o diagnóstico de dificuldade. "É difícil pegar um trabalho nessa área, e tem muito cara sacana querendo passar por cima de você", desabafa Ribeiro, que tem no currículo sólidas experiências de trabalho para a editora americana Avatar, além de desenhar a revista Paradox para a editora Arcana. O exemplo de Ribeiro mostra que é bem mais provável se estabilizar e ser reconhecido no exterior do que no Brasil. "Acho que a internet ou os fanzines ajudam muito na divulgação, pois as pessoas que estão nessa área, como artistas, editores, sempre estão ligados nesse tipo de material", finaliza o ilustrador.

Um destes atentos profissioniais é Vitor Ishimura, cuja função ele mesmo comenta: "Sou um agente que representa a agência americana 'Glass House Graphics' --- (site oficial) www.glasshousegraphics.com --- dirigida e criada por David Campiti (responsável por achar e lapidar TODOS os maiores desenhistas do Brasil que estão trabalhando pra fora). Agencio e represento artistas através do Bubba Gump Studio, do qual o Adriano Batista (outro importante artista da região) também faz parte".

Além da parte empresarial, Vítor ainda realiza outras importantes funções: "Eu basicamente treino o artista até ele atingir um bom nível, mostro seu trabalho aos meus contatos no exterior, consigo um trabalho e o gerencio (faço contato, traduções, negocio preços das páginas, capas, contratos, traduzo o roteiro da revista, envio referências, etc, etc, etc). Fico no pé do artista pra ele cumprir prazos e no do editor para ele cumprir os prazos de pagamento. Faço tudo isso e ainda desenho minhas revistas, fazendo as páginas, capa, etc". Completa o prolífero quadrinista.

O segredo para tanto sucesso (e trabalho)? Vitor nos conta: "Cheguei onde estou graças a minha atenção com prazos e a imensa responsabilidade e dedicação que tive até agora. Tenho muitos amigos importantes que tem outros vários amigos importantes. Se você é responsável e tem credibilidade com o pessoal lá fora, fica fácil ser indicado por esses amigos para grandes trabalhos". Ótimas dicas para aqueles que pensam em seguir os passos de quem conseguiu seu merecido espaço.

Carlos Campos e Sidnelson

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