Capítulo 8 Novos rumos
Os dias que se seguiram à partida de Salazar foram os mais sombrios para Rowena, desde o dia em que ela partira de Glastonbury. Sentia um grande vazio, e tudo o que ela pensava em fazer sempre estava ligado, de alguma forma, a Salazar. Durante o dia, ocupada com as aulas e com os cuidados que o castelo exigia, conseguia manter a sanidade. Mas era à noite que a solidão e o sentimento de impotência diante de tudo o que acontecera tomavam conta de Rowena, e ela não conseguia dormir. Lembrava-se a todo instante dos poucos e bons momentos que passara ao lado de Salazar.
Godric recuperava-se dos ferimentos, e embora ainda estivesse fraco e abatido, já se sentia em condições de retomar suas atividades no castelo, interrompidas pela guerra. Sua primeira providência foi convencer Gawen a assumir parte da turma de alunos de Salazar. Alguns dos jovens recusaram-se a permanecer em Hogwarts sem o antigo professor, e deixaram a escola. Além de todos os seus deveres em Hogwarts, Godric preocupou-se pela primeira vez em anos com o destino de toda sua herança deixada na Cornualha. Embora não tivesse sido reconhecido como filho, era o único herdeiro do duque. Escreveu uma longa carta ao rei da Inglaterra, lembrando-lhe dos laços de parentesco e pedindo a autorização real para reaver toda a herança e fazer uso do título de Duque da Cornualha. Logicamente, não citou Hogwarts nem o fato de ser um bruxo.
Helga e Gawen decidiram adiar por mais algum tempo o casamento, até que Godric estivesse em boas condições de saúde, e esperar passar o luto pela morte de Ídris. Gawen lamentava-se por não ter voltado a tempo de encontrar a mãe viva, e muitas vezes Helga o surpreendeu com o olhar perdido, embora nunca o tivesse visto chorar. E jamais o veria. Agora, o rapaz mudara-se definitivamente para o castelo, e tornou-se o braço direito de Godric. Helga gostava de vê-los juntos: uma amizade sólida, muita cumplicidade e compartilhamento de idéias a respeito de Hogwarts e de toda a sociedade bruxa e não-bruxa. Havia finalmente paz no castelo, e o nome de Salazar foi esquecido durante algum tempo. A harmonia podia ser considerada total, se não fosse os silêncios prolongados de Rowena, suas ausências cada vez mais freqüentes às refeições e sua total apatia em relação ao que acontecia a sua volta. Mais uma vez, ela via seu mundo desmoronar... mas desta vez, ela não tinha certeza se alguém lhe estenderia a mão...
Era noite, e Helga entrou silenciosamente no quarto de Rowena. Mais uma vez, a moça não aparecera para jantar. Helga decidiu trazer-lhe um pouco de leite com mel e pão. Rowena estava recostada na cama, e alisava um filhote de gato que trouxera de Hogsmeade. Levantou os olhos quando sentiu Helga aproximar-se.
Rowena não respondeu. Permaneceu com o olho parado, olhando para o nada. Helga levantou-se, e foi até a janela. Abriu-a, e contemplou a bela lua cheia que iluminava a noite.
Por alguns instantes, Rowena encarou Helga incrédula, e em seguida se jogou na cama novamente e desatou a chorar compulsivamente. Helga, que jamais vira Rowena se descontrolar daquela maneira, correu a socorrê-la. Sentou-se na cama, e acariciou os cabelos da moça, tentando fazê-la se acalmar. Para Rowena, no entanto isso apenas aumentou a sua vontade de chorar. Não se lembrava há quanto tempo alguém se preocupara de fato consigo, após a morte da avó e da mãe.
Helga levantou-se furiosa, e encarou Rowena.
Godric estava na sala de poções com seus alunos naquela manhã, quando Helga entrou discretamente e o chamou. O rapaz deixou os alunos e a acompanhou, sem dizer nenhuma palavra. Durante toda aquela noite, Helga relutou se devia ou não contar a Godric o que descobrira. Somente depois de muito refletir, chegou a conclusão de que ele seria o único que poderia impedir Rowena de cometer uma loucura.
Entraram numa sala longe de qualquer olhar curioso, e Helga rezou para que Gawen não a surpreendesse a sós com Godric. Já havia problemas demais naquele castelo e não desejava provocar um mal-entendido entre os dois rapazes.
O rapaz a encarou, agora mais interessado naquela conversa.
"Deus... me ajude agora... estarei fazendo a coisa certa?"
O rosto de Godric tornou-se vermelho, e ele precisou de todo o seu autocontrole para manter a sanidade. Sentiu o ciúme mais uma vez lhe remoer o peito. Por muitas vezes, tentou ignorar as palavras de Salazar a respeito de Rowena... procurou não acreditar que eles realmente haviam mantido relações... mas Helga jamais iria inventar uma história daquela.
No entanto, apesar do seu aparente descaso, Godric sabia que em breve teria que abordar Rowena e saber o que ela pretendia fazer. E sabia também que a permanência dela em Hogwarts e grávida era praticamente impossível. Nenhum pai de família deixaria seus filhos ao cuidado de uma mulher que não soubera manter a própria honra. Afora a maledicência que ela teria que enfrentar, o preconceito, a rejeição. Ele mesmo não sabia agora como encará-la. O rapaz dispensou os seus alunos, e passou o dia todo recluso no pequeno gabinete que montara para si.
Sozinho, pensou em todos aqueles anos de convivência junto à Rowena. Ele a desejara desde o primeiro contato, mas fora cavalheiro o suficiente quando Salazar começou a demonstrar interesse pela moça. Se ele soubesse que aquilo iria acontecer, jamais teria desistido. "Desistido..." ele sorriu, amargurado "Eu jamais demonstrei o meu interesse, isso sim...". Agora, ela esperava um filho de Salazar... e a dúvida ocorreu a Godric: se Salazar sabia ou não da gravidez... porque se ele soubesse, então ele era ainda mais mau caráter do que mostrara até então.
"Rowena precisa de um marido..." fora essa a conclusão lógica que Godric chegara naquela tarde. "Ela tem sangue nobre.. .o pai dela foi um grande aliado do rei... se nós nos casássemos... então o desejo do Duque Ravenclaw seria cumprido... mas eu terei que assumir o filho dela como meu..." sorriu, resignado. Agora sabia que desde o início iria escolher esse caminho...
O jantar daquela noite fora tenso. Pela primeira vez em dias Rowena sentou-se à mesa, mas sentia que todos os olhares estavam dirigidos para si, embora ainda não soubesse o quanto Godric estava informado a respeito do seu estado. Forçou-se a ingerir um pouco de carne e vinho, mas logo sentiu-se nauseada. Pediu licença e retirou-se da sala. Já estava quase entrando em seu quarto quando foi surpreendida por Godric.
A moça assentiu. Agasalhou-se e juntos saíram do castelo. Fazia uma noite clara e fria, e podiam ver as estrelas no céu. Godric caminhava silencioso, imaginando como iria abordar aquele assunto. Mas para seu alívio ( ou não ) foi Rowena quem falou primeiro.
Rowena o encarou por alguns instantes e riu. Não de alegria ou exultação. Era um misto de surpresa e escárnio.
Novamente o silêncio. Rowena caminhou até a beira do lago, e viu o próprio reflexo na água, iluminado pela lua. E logo atrás, o de Godric. O rapaz tocou-lhe o ombro, e a fez virar.
Por alguns instantes, Rowena hesitou. Mas por fim deu a mão à Godric, e ele a puxou para si, abraçando-a . A moça encostou o rosto no ombro de Godric e sentiu-se segura, pela primeira vez desde que Salazar a deixara. O rapaz acariciava os cabelos da moça desajeitadamente, mas ela parecia entender o que aquele gesto dizia... "eu te amo" ela pensou ter ouvido, e isso foi suficiente para fazê-la sorrir.
A Cornualha foi durante anos governada pelas mãos justas do Duque August Griffyndor, e seus habitantes jamais tiveram motivos para reclamar do seu senhor. Mesmo sendo cristão, ele jamais fez qualquer tipo de distinção ou discriminou os bruxos que ali viviam. Muitas moedas de ouro foram precisas para aplacar a indignação do clero frente aos "pagãos", e para que estes não incitassem o povo contra os bruxos. Ele passou a defender ainda mais aquele povo que pouco compreendia, mas que respeitava a partir do momento que se apaixonou por uma jovem plebéia e bruxa. Mesmo não podendo levá-la para o castelo como esposa, foi com aquela mulher que passou os melhores anos da sua juventude e recebeu o seu bem mais precioso: o seu filho. Desde o nascimento de Godric, o Duque decidiu que ele seria seu herdeiro. Nem que para isso fosse preciso mentir e enviar mais dinheiro à Igreja.
No entanto, quando Godric era apenas um bebê, um episódio abalou a região: um grupo de bruxos rebeldes, que não aceitavam o governo do Duque e resolveram instaurar um governo paralelo. A revolta foi sufocada em poucos dias, e o líder capturado e enforcado para seguir de exemplo. Os outros foram enviados para uma ilha ao sul da Cornualha, onde deveriam passar o resto de suas vidas. Teriam autonomia para governar a ilha, mas com o compromisso de jamais pisarem na Cornualha novamente. Desses fatos, sobraram conseqüências: o povo passou a desconfiar dos bruxos, mesmo aqueles que foram contra a revolta. Nos anos seguintes, até a sua morte, o Duque tentou em vão restabelecer a antiga paz entre os dois povos, sem resultado. Aos poucos, os bruxos passaram a se isolar na vila de Tintagel. Enquanto isso, os renegados procuravam prosperar em sua ilha, estabelecendo um comércio clandestino com os normandos...
Os anos passaram, e um dia chegou à ilha a notícia de que uma guerra instalara-se em toda a planície de Salisbury. As comunicações eram escassas, e os habitantes dependiam de pessoas de fora para saberem o que acontecia longe dali. E souberam então quando a guerra acabou, com a vitória das forças de Godric Griffyndor . Apenas a menção desse nome provocava raiva entre aqueles homens e mulheres.
Assim, quando um barco encostou no cais improvisado e dele desceu uma jovem loira e miúda, esta foi recebida com grandes honrarias. E Ayrel Fahol sorriu satisfeita por ter encontrado aquele povo do qual apenas ouvira falar. E passou a compartilhar do mesmo ódio à Griffyndor. E jurou para si mesma que um dia teria Hogwarts sob o seu controle. Nem que para isso tivesse que ajudar aquela gente a dominar a Cornualha. Esperaria anos, se fosse preciso.
Os dois casamentos foram realizados no mesmo dia. Havia um grande contraste entre as duas noivas: enquanto Helga deixava transparecer a sua alegria, Rowena se encontrava apática. Mesmo sabendo que aquela seria sua única chance de ter uma vida digna, até o último instante não deixou de pensar em Salazar.
A rotina em Hogwarts pouco se alterou após isso. Rowena e Godric estavam casados, mas continuavam a dormir em quartos separados. Isso fora determinação da moça, pelo menos enquanto a criança não nascesse. Sua esperança era que, com o tempo, Godric se cansasse e não a procurasse como esposa. Ela só não esperava como o seu marido podia ser paciente...
Helga engravidou logo nas suas primeiras noites de casada, o que lhe trouxe enorme alegria. Durante muito tempo, jamais cogitara a idéia de um dia ter sua família, mas agora adorava a idéia de ter o seu bebê. Comentava animada com Rowena, imaginando o dia em que as crianças estariam brincando no jardim. Para Rowena, no entanto a gravidez era sinônimo de incômodo. Além de enjoar constantemente, via o seu corpo inchar, e era obrigada a alargar os seus vestidos. Tentava se conformar, imaginando quando o bebê finalmente nascesse. E muitas noites seguidas acordava apavorada, despertando de algum pesadelo envolvendo o seu filho. Eram nestes momentos que seu pensamento recaía em Salazar...
A vila, naquela madrugada estava silenciosa. Nas poucas ruas enlameadas,apenas uma ou outra meretriz andando ocultas pela penumbra, evitando um encontro com os soldados mantidos pela Igreja para garantir a ordem e o respeito no lugar. Assim, ninguém percebeu a chegada do estranho ao vilarejo. Ele não parou na pequena estalagem para descansar ou se dirigiu a taverna para beber vinho e apostar seu ouro em algum jogo.
Desde que partira de Hogwarts, Salazar não sabia muito bem aonde ir. Durante semanas, ele andou a esmo pela floresta. A raiva, a solidão e a falta que Rowena lhe fazia acabaram por deixá-lo perturbado. Qualquer som de galho partido o despertava a noite. Durante o dia, forçava-se a cavalgar. Para onde ele não tinha a menor idéia. Uma noite, mais uma vez os gritos da sua mãe antes de morrer, ecoaram na sua mente, e então ele soube o que devia fazer: voltar à vila, matar Fortunatus e vingar sua mãe.
A casa de sua vítima era uma das maiores e mais confortáveis daquele lugar, localizada na orla da floresta. Um local muito apropriado para uma fuga, imaginou Salazar. Oculto pelas árvores, ele observou a rotina da casa durante todo o dia. E a noite, preparou-se para a sua vingança.
Dois soldados faziam a guarda no portão principal. Não foi difícil fazê-los dormir profundamente queimando algumas ervas apropriadas. Sorriu, satisfeito quando os dois homens adormeceram. O caminho estava livre. Percorreu o pátio, e entrou sorrateiramente no quarto que julgava ser de Fortunatus. Uma jovem ruiva dormia tranqüilamente, e seu rosto parecia estranhamente familiar. Salazar deixou o aposento, um tanto decepcionado. No entanto, no quarto ao lado encontrou o homem que procurava. Contemplou o seu rosto odioso, os cabelos avermelhados já grisalhos. Mas as feições eram as mesmas que ele se lembrava, apenas um pouco mais envelhecidas. Por alguns instantes, pensou em matá-lo assim, dormindo. Mas seria muito rápido...e ele precisava pagar pelo crime cometido no passado...
Ao sentir a violenta bofetada, Fortunatus despertou assustado, e quase gritou ao ver Salazar diante de si. Mas o rapaz tinha um punhal encostado em seu pescoço.
O homem deu um discreto sorriso.
Ao sair do quarto, completamente transtornado, Salazar cruzou com a filha de Fortunatus, que despertara com os gritos do rapaz. Por um instante os seus olhares se cruzaram, e então Salazar fugiu, correndo. Mesmo distanciando-se rapidamente do quarto e da casa, ele ainda pôde ouvir o pranto na voz da moça, quando esta viu o pai morto na cama "Meu pai... papai... alguém me ajude... mataram o meu pai..."
Salazar montou em seu cavalo e fugiu pela floresta. Somente muito tempo depois ele parou. Tirou da cintura o punhal ainda sujo com o sangue de Fortunatus.
"Pelo menos eu sei quem foi meu pai... já você..." a voz de Godric ecoou em sua mente, e pareciam Ter sido ditas há muito tempo "tem certeza que sua mãe não se deitava com trouxas também?"
"Você derramou o seu próprio sangue..." ouviu uma voz distante, e julgando ser a de Ídris, levantou-se e a procurou pela floresta.
"Você sabe que cometeu um dos maiores crimes..."
"Você sabe que era..."
"Paz? Você nunca mais terá paz, Slytherin..."
"Sou a sua consciência, Slytherin..."
Salazar dormiu um dia inteiro, e quando anoiteceu novamente, sentou-se sobre uma grossa raiz de árvore. Sabia que, naquele momento, não havia mais lugar algum onde pudesse ser bem-vindo. Fechou os olhos para impedir que as lágrimas escorressem, e desejou mais uma vez que Rowena estivesse ali ao seu lado. Odiou-a e a si mesmo por estarem agora tão distantes.
Tateou o pescoço, e subitamente lembrou-se da corrente que Ayrel lhe dera. Segurou-a firmemente, e então a visão de uma praia rochosa veio em sua mente, e pareceu-lhe por um instante que a moça lhe estendia a mão. "Eu não tenho mais nada a perder..." pensou, desanimado, antes de seguir viagem para a Cornualha.
Ayrel estava sentada nos rochedos da praia quando o barco se aproximou, com Salazar à frente da embarcação. Sabia, há muitos dias que ele chegaria em breve à ilha, por isso não se surpreendeu ao vê-lo. E foi com o melhor dos sorrisos que o recebeu.
Durante todo aquele dia Salazar foi apresentado à todas aquelas pessoas, forçadas ao exílio naquela ilha inóspita. E o simples fato de todos odiarem o nome Griffyndor fez com que o rapaz se simpatizasse com aquelas pessoas.
Anoitecia quando Ayrel surpreendeu Salazar observando o pôr-do-sol. Aproximou-se silenciosamente, e tocando-lhe o ombro, ofereceu um copo de vinho.
Salazar permaneceu em silêncio. Observava o mar contra as rochas, tentando não imaginar Rowena e Godric juntos. No entanto, a decepção momentânea transformou-se em raiva. Por instantes, pensou ser capaz de tomar um barco, partir para Hogwarts e acabar com os dois. No fim, chegou a conclusão de que todo o tempo em que esteve junto de Rowena, não passara de uma simples distração para a menina mimada que, no fundo, ela continuava a ser. Mal se deu conta de que Ayrel estava ao seu lado. Quando finalmente a notou, teve a impressão de que ela estaria sempre ali. Sempre por perto.
Já era noite fechada. Mesmo com a proximidade do verão, fazia frio e Ayrel estremeceu.
Ayrel já se preparava para dormir, quando surpreendeu a sombra de Salazar entrando em sua cabana. Fez menção de gritar e expulsá-lo, mas ele pediu silêncio. Trazia nas mãos uma flor.
A comunidade aceitou Salazar como um igual, e os homens já não cobiçavam mais Ayrel, em respeito ao homem que ela escolhera como seu companheiro. Naquela vila, de pessoas consideradas sem caráter pelos habitantes livres da Cornualha, a fidelidade e o respeito à mulher do próximo eram os valores máximos, e quem os desobedecesse era punido. E a partir do momento em que um homem levava uma mulher para sua cama, ela já era considerada sua esposa.
Houve festa para Ayrel e Salazar, e o rapaz quase conseguiu se sentir feliz. Mas muitas vezes, ao observar a mulher adormecida ao seu lado, imaginava como seria ter Rowena novamente em seus braços. Nesses momentos, a saudade daqueles dias de paz o sufocava. Nos últimos dias da primavera, quando o frio finalmente dava lugar ao sol, Ayrel anunciou radiante que esperava um filho de Salazar. Para ele, aquele fora o momento de maior felicidade em sua vida.
Enquanto isso, em Hogwarts, Rowena dava à luz ao primogênito de Salazar. Um menino forte e sadio, que recebeu o nome de Northan August Griffyndor.