Depressões Póstumas do Pop Punk

Por Jorge Rocha

Marina – Parte 1

“È difícil às vezes articular palavras. Deitada aqui num canto de quarto eu me sinto realmente como um inseto. Tem algumas pessoas ali sentadas naquela sala que eu nem me consigo lembrar o nome. Mas sei que são pessoas próximas pessoas do meu convívio. É nessas horas que penso: “Será que o cara do Trainspotting, aquele que eu não consigo lembrar o nome, estava certo em sua teoria? Será que a maioria das pessoas que resolveram apenas passar pela vida não estão certas?” É estranho por que em 3 anos nunca pensei nisso antes. Bom, acho que vou levantar. Esse cheiro de azedo nesse quarto esta realmente me embrulhando o estomago de novo”.

Marina e sua poça de vômito. Eram cinco da tarde e ela, naquele dia teria ido buscar boletim final no colégio. E... mais uma vez reprovada. Já sabia exatamente o que mãe lhe diria quando chegasse em casa: “Que vergonha! 17 anos na oitava série. Você era tão inteligente, só tirava dez!” De menina exemplar na infância e na pré-adolescencia, Marina se tornara em um problema para a família logo que se tornou uma moça feita. A mãe, Dnª Soraia, vivia chorando pelos cantos, dizendo que Marina se revoltara depois da morte de seu pai, que morrera de câncer logo que Marina completou 10 anos. Nos anos seguintes Marina começou a crescer e se modificar.

“Na realidade eu nunca liguei pra morte do meu pai. Não sei por que minha mãe acha que isso me revoltou. Eu nunca gostei dele, era um repressor. Não quis ter outro filho e me tornou em uma criança solitária e repreendida. Sou o típico caso da menininha que foi exemplar demais quando criança e que resolveu tirar o atraso na adolescência”.

Marina era encarada pelos amigos como a verdadeira “modista”. Seu gosto mudava conforme a estação Punk Rock, New metal, Grunge e etc. Seu quarto era repleto de pôsteres, que variavam desde Axl Rose até Otep. E seu jeito de encarar a vida incomodava a todos.

“Às vezes viver ao extremo e tentar curtir cada momento pode ser considerado como um estilo de vida alternativo pela maioria das pessoas”.

Na realidade assim que completou 14 anos a menina, carioca desde o berço, se mudou para a Penha e ali encontrou a galera com a qual ela realmente se identificava. Dali pra frente às festas, os encontros nos shoppings, shows e na praça eram constantes. Claro que tudo num estilo bem alternativo, liberdade sexual, drogas e bebidas.

“Quando eu entrei pra galera, em 2000 a gente só tomava vinho e cerveja, depois rolou uma falta de grana coletiva e a combinação era feita entre cachaça e maconha, aí o Paulinho e o Che arrumaram emprego num clube da zona sul e começaram a trazer pra gente heroína e cocaína, mas isso só faz três meses”.

Naquela manhã Marina acordou as sete da manhã e saiu em direção ao colégio. Já sabia que estaria reprovada, sem direito a recuperação, mas ainda restava uma esperança, um milagre. Depois pegar o boletim e confirmar a sua derradeira reprovação, Marina saiu em disparada aos prantos para casa de Fabiane sua única colega. Não tinha amigas nem amigos. Tratada como a estranha da classe, a menina que guardava por trás dos piercings e dos dread-locks vermelhos uma grande beleza, faltou no total 93% das aulas do ano letivo de 2002. Foi reprovada por falta.

-E aí Mari como foi lá?—perguntou Fabianee lerdamente, com seu jeito peculiar, de quem parecia estar o tempo todo chapada. A menina limpando as lagrimas e com um semblante sério foi passando pela porta e dizendo: -Foi legal... liga o rádio. Quero ouvir DDoors e ficar doidona...—desconversou Marina. Fabiane com seu inseparável casaco de flanela observou a situação de Marina, sentada no sofá, fechou a porta e se dirigiu até a cozinha.

“A Fabi é muito estranha. Ela não fala muito. Vive o tempo todo com aquele casaco de flanela xadrez. Ela parece ter sofrido seqüelas fortes por causa do consumo de drogas. Na realidade ela vive num mundo paralelo desde que sua mãe arrumou um emprego e sua irmã se casou. Ela ficou sozinha em casa. Acho que ela deveria procurar um emprego, afinal ela já tem 20 anos. Mas eu não tenho coragem de falar isso pra ela, tenho medo de magoa-la”.

Fabiane foi até a varanda e pegou um saco com a cocaína, trouxe uma faca e colocou tudo em cima da mesa de centro. Sem dizer uma palavra ligou rádio colocou uma fita k7 velha do The Doors e começou a dançar pela sala. Ela gostava da companhia de Marina, parecia rejuvenescer toda vez que a moça estava por perto. Sofria de solidão, desde que a irmã e a mãe a “abandonaram”. A irmã mais velha de Fabiane, Fabíola se casou há dois anos, e a mãe resolveu deixar de ser só dona-de-casa e ir trabalhar na mesma época. Ela ficou só, se afundou nas drogas, engordou 15 quilos e agora perece ter o dobro da idade que tem. -Fabi, há quanto tempo você não sai daquii?—disse Marina olhando para a carreira de cocaína na mesa de vidro. -Como assim?!—perguntou Fabiane acendendoo um cigarro. -Daqui. Tipo, de dentro de casa?! -Sei lá, talvez três semanas... -Porra cara, mó verãozão e você aqui enfuurnada?—Fabiane deu um trago no cigarro, baforou, se levantou do sofá e encostou-se ao pára-peito da janela. -Ah! Foda-se, não curto verão mesmo... Euu sou gorda esqueceu? Verão é coisa pra magrinha igual você. -Sei lá, se pelo menos você tirasse esse casaco.—disse Marina depois de acabar com uma carreira de coca. Depois daquela carreira, Marina cheirou mais três. O suficiente para ficar praticamente sem sentidos. Ela nem mesmo percebeu quando Fabiane disse que Mauricio e Pedro estariam chegando a sua casa em poucos minutos. Os dois eram colegas das duas, faziam parte da turma.

“O Mauricio e o Pedro são dois tipos inseparáveis. Adoram Hardcore, roda de pogo e bandas tipo: Agnostic Front, Descendents, Riot Squad e Maniacs. Eu simplesmente desprezo eles como seres humanos, por que eles se acham o máximo e são extremamente preconceituosos com relação a tudo, menos com drogas e bebidas”.

Os dois chegaram com uma garrafa de Contini e foram logo tratando de deixar Marina mais louca do que já estava. O plano era conseguir transar com ela. Marina era muito bonita, tinha olhos castanhos claros, um rosto de menina e um corpo perfeito apesar de magro. Antes dos longos cabelos vermelhos já teria pintado o cabelo de outras duas cores: verde e roxo. O visual se completava com três piercings no rosto: um na língua, um na sombracelha e um entre a boca e o queixo, além disso, Marina tinha duas tatoos: uma bandeira do Brasil no braço direito e uma tribal na região da bacia. Resumindo, era um prato cheio para os caras da turma de “comportamento alternativo”. Pedro e Mauricio conseguiram deixar as duas completamente bêbadas com aquela garrafa de bebida. É bem verdade que Marina estava bem mais dopada que a amiga.

“São poucas as vezes que um dependente químico consegue esquecer aquilo que fez. E aquele foi um desses dias”.

Marina foi levada por Pedro para o quarto e lá os dois começaram a transar, enquanto Fabiane e Mauricio faziam o mesmo na sala. Mas a alegria de Pedro durou pouco. A menina, que já foi para o quarto desacordada, começou a vomitar quando Pedro insinuou fazer sexo oral com ela. -Puta que pariu, que nojo!!!—gritou Pedroo saindo quarto desnorteado. Ele avistou Mauricio e Fabiane que já estavam completamente nus na sala, e se silenciou. Logo em seguida perguntou: -E aí gordinha posso entrar nessa?—Fabianne respondeu positivamente.—Ta maneiro, mas antes vou colocar o som ideal.—disse Pedro se dirigindo ao rádio colocando um CD do GBH. Marina só acordou duas horas depois. No chão do quarto, com uma poça de vomito a sua volta e completamente nua, a menina tentava entender aonde estava. Ela ainda estava completamente chumbada e tonta, quando se sentou sobre o próprio vômito e começou a observar Fabiane, Pedro e Mauricio que dormiam nus no sofá da sala. Ao fundo o rádio tocava baixinho: “...Let it Be / Let it be...” Era Beatles. Marina nem conseguia se lembrar ao certo o nome dos amigos, mas se lembrava exatamente de todos os versos daquela canção, uma das poucas que ela sabia tocar no violão. Marina ficou ali por mais alguns minutos e logo depois se levantou, naquele momento pensara em tudo o que tinha passado nesses últimos três anos. Em o que realmente ela tinha se tornado. Vestiu-se, mesmo toda suja de um liquido azedo e incolor e por alguns segundos sentiu raiva da vida como nunca tinha sentido antes. Chegou até a sala e avistou a porta de saída. Sentiu que não estava bem, estava fraca, tonta, seu estomago estava embrulhado, até que... vomitou, vomitou muito, pela sala toda. Fabiane, Mauricio e Pedro acordaram assustados. -Que isso!? -Caralho, que porcaria!!! -Meu Deus que horas são! -Que mina porca cara. -Minha mãe vai chegar! Em meio a essa confusão Marina assustada abriu a porta e saiu em disparada pelo quintal da casa de Fabiane até ganhar a rua e sumir como um foguete.

“Corri sem destino e sem razão. Percebi que eram bem tarde entre cinco e seis da tarde. Aquela altura minha mãe já sabia que tinha repetido de novo. Sentia fome, sede, fraqueza e enjôo tudo ao mesmo tempo. Mas mesmo assim continuei na rua ate não agüentar mais. A última coisa que eu queria era chegar em casa e ter que encarar minha mãe. Passei na praça e fiquei com a galera andando de skate, só cheguei em casa por volta das dez da noite”.

-A partir de hoje não estou mais de brincadeira com você Marina. Vai ter que tirar todos esses piercings e vai ter que pintar esse cabelo de “preto”. Sei que não vou conseguir fazer você parar de beber, mas estou decidida a te mandar para um colégio católico em Ribeirão Preto.

“Não liguei muito para o sermão, sei que minha mãe não ia cumprir tudo o que estava dizendo, inclusive o lance de Ribeirão, eu era filha única. Ela não ia querer viver sozinha pelos próximos quatro anos. Mas ficava puta toda vez que ela vinha esculachar meu jeito de ser. Sempre fui completamente revoltada contra qualquer tipo de preconceito. Naquele dia ela disse que eu ficaria um mês de castigo e em duas semanas eu voltei para minha normal e total liberdade”.

Era semana de Natal e a turma de Marina iria até o Casarão Amarelo em Copacabana ver shows de uma galera amiga. Lá ela reencontrou um velho namorado, Rubens, o qual ela sempre foi completamente apaixonada. -Qual é cara?! Você ta sumidão! -Tive problemas Mari...—disse Rubens abraaçando a menina. -Ih to vendo virou Punk de vez.—ela abriuu sua jaqueta e analisou seu visual. Rubens estava com todos os acessórios punks necessários: cabelo moicano, Spikes, botas e roupas de couro. -É, mas to afim de sair dessa.—disse ele cabisbaixo puxando Marina para um canto.—Tá rolando um papo por aí que você é a maior puta porca, que foi fazer um bacanal com uns caras e acabou vomitado em geral... Que papo é esse? -Quem te falou isso?—perguntou Marina injjuriada. -Foi um cara lá da Penha mesmo, eu nem seei o nome. Pô Mari logo você que sempre fez questão de ficar longe desse tipo de coisa!—naquele momento Marina ficou furiosa. Ela nunca tinha sido envolvida nesses tipos de comentários e sentiu que nas semanas que esteve fora alguém fez o favor de espalhar para todos o que tinha acontecido naquela tarde fatídica.

“Pior do que ser taxada de puta perante todos é ser taxada de puta porca, mas pior que isso é saber que é tudo verdade e você nem mesmo pode se defender”

-Eles vão me pagar por isso.—resmungou Marina. -Se liga, to nem me lixando pra isso... FFoi bom eu ter te encontrado aqui. Preciso que você me acompanhe em uma parada. -Po Rubens nem vem cara. Saí do castigo hhoje. -É besteira menina... Eu to devendo uma ggrana pra uns caras aí e acho que vou vender o carro do meu pai. Tipo vou sair com ele e dizer que fui assaltado, aí levo pra uns amigos depenarem e arrumo a grana. Mas ele só vai deixar eu sair com o carro e só vai acreditar nessa história se você estiver junto.—explicou Rubens. -Cara você é louco...—relutou Marina coçaando a testa. -Po Mari preciso de você, mais do que nunnca—insistiu ele.

“Às vezes em nome do amor você faz coisas que ate Deus duvida. O Rubens foi o único amor da minha vida, embora eu nunca tenha percebido isso.”

Era uma manhã de domingo, exatamente no dia 29 de dezembro de 2002. Marina saía de casa em direção ao apartamento de Rubens que ficava na Abolição. Estava tudo combinado, ela chegaria e diria que os dois tinham combinado de ir á praia juntos, o pai de Rubens iria emprestar o carro e então o plano seria consumado. Marina estava feliz por que há muito tempo não via os pais nem ia à casa de Rubens. Os dois namoraram durante dois anos, ele foi seu primeiro namorado, era aquele namorinho de portão. Os dois moravam na mesma rua e eram adolescentes, um mundo perfeito, ate que Marina descobriu que Rubens não era dos namorados mais fiéis e que ele tinha um caso com outras duas meninas. O romance acabou, mas eles nunca se separaram completamente. Ao chegar à casa de Rubens, Marina foi recepcionada pela mãe do rapaz. -Oi minha fofinha! Mas que monte de pregoos na cara são esses. Ta ficando maluca igual o Rubens é?!—disse Dona Mirtes abraçando Marina. -É isso aí mãe ta todo mundo louco. E queem votou no Lula são os mais alucinados...—disse Rubens saindo da cozinha, pegando a mochila, as chaves do carro, abraçando Marina e saindo pela porta. -Mas... Rubens...—disse Marina querendo vvoltar para pelo menos se despedir dos pais do rapaz. -Vambora Mari!—gritou ele puxando ela pello braço. Os dois tomaram o elevador e Rubens não deu sequer uma palavra. -Podia pelo menos ter esperado eu me desppedir dos seus pais.—Rubens continuava calado e permaneceu assim. Os dois entraram no carro e Marina logo ligou o rádio e colocou um CD do The Animals, ela sabia que Rubens adorava aquela banda. -O The Animals já deu tudo o que tinha quue dar... É uma bosta!—disse ele com desdém ao volante. Ele sempre tinha um gênio ranzinza, mas naquele dia estava com um mau-humor incontrolável. Marina não ligou muito estava feliz por estar ali ao lado de Rubens. Mas sua alegria durou muito pouco. Alguns quarteirões após sair de casa o rapaz parou o carro e simplesmente disse: -Pronto, valeu. Outro dia a gente se esbaarra...—Marina não entendeu. -Como é?! -Valeu pode descer eu faço o resto.—dissee ele abrindo a porta para Marina, que desceu do carro desolada e viu o Corsa preto desaparecer nas curvas da Avenida Dom Hélder Câmara.

“Eu pensei, mesmo que inconscientemente, que nós iríamos sair mesmo como nos velhos tempos. Inocência a minha pensar que o Rubens pelo menos me levaria em casa ou que ele seria capaz de dar umas voltas comigo antes de largar no meio da rua como se eu fosse um lixo”.

Marina voltou para casa e se trancou no quarto.

“Desde os meus 12 anos vivo uma depressão eterna e constante, a diferença é que ás vezes essa depressão se torna não só psicológica mas também física”

O relógio marcava exatamente 23:12 quando o telefone no quarto de Marina tocou. Ela chegou até seu computador de cor grafite, assim como, as cortinas, armário, lençol e travesseiro, abaixou o som e atendeu: -Alô?! -Small Faces... agora sim. Esse é o verdaadeiro Rock britânico—era Rubens. -O que houve?!—disse Marina com voz embarrgada de sono. -Como assim?!—Rubens parecia feliz. -Por que esta me ligando? Aconteceu algo?? -Quero te chamar pra ir ao Garage sábado.. -Não brinca. -É sério Mari vamos relembrar os velhos ttempos!? -E como foi o lance do carro.—disse Marinna ainda com voz seria e cansada. -Foi tudo legal. Numa boa. Fui na delegaccia, meus pais saíram agora. Quando eles chegarem eu falo o que houve.—Rubens estava eufórico. -Então ta. Sábado né? -Isso! Menina esperta! De noite eu passo aí pra gente ir junto. Tchau. -Tchau...—Marina desligou e logo durmiu.... No Sábado em questão Marina estava eufórica e começou a se arrumar cedo. Camisa do Sex Pistols, saia xadrez, pulseiras, cinto, batom... tudo nos trinques, Marina estava linda para badalar. Dona Soraia como sempre demonstrou pessimismo: -Tome cuidado com esse fogo menina, você pode se machucar feio... Rubens chegou cedo, jantou com Dona Soraia e Marina, logo em seguida os dois saíram. Ele estava feliz e bem diferente do Domingo passado. -Ah! Avril Lavigne fala sério garota, só falta você ter pixado Blink 182 nessa mochila...—Rubens falava pelos cotovelos. -Não só Blink, como também: Linkin Park ee Nickelback que são muito bons...—respondia Marina em tom de ironia. No ônibus Marina reconheceu uma turma de colegas que estava indo para lá também e resolveu ir falar com eles.

“Existia alguns colegas meus da época em que eu vivia indo aos shoppings da cidade uma galera que se julgava clean, mas curtia Black Metal, coisas tipo: Venom, Rotting Christ, Hellhammer e Tormentor. Na realidade a grande maioria cresceu sendo obrigado a ir pra igreja pelos pais e depois que cresceram resolveram o odiar Jesus Cristo. Talvez seja por isso que eu me identifique tanto com eles”.

Rubens era mais radical e se mantia longe desse tipo de gente. -E aí Mari anda vomitando muito ainda?!—ssorriu Julio, um dos cabeludos da turma. -Não te interessa! Engraçadinho!—disse ella de forma ranzinza.—E aí como voces estão? -Certamente melhor que você. Você voltou com esse Punk analfabeto é?—alfinetou Roberta outra do grupo. -Não somos só amigos.—respondeu Marina. -Esse cara vai te levar pro buraco...—rebbateu Julio. -Ah foda-se! Já percebi que não sou mais popular entre vocês.—Marina voltou para sentar ao lado de Rubens. -Pô Mari calma aí...—disse Vânia indo atrrás de Marina.

“A Vaninha sempre foi minha companheiraça. Ela sempre foi mais chegada a mim do que o resto desse pessoal. Conhecemos e nos apaixonamos por Kittie e Slipknot juntas. O único problema é que ela é sóbria igual a eles.”

-Mari tenho que te falar uma coisa...—disse Vânia sentando próximo aos dois no banco da frente—Não sei se você ta sabendo mas o Fernando morreu! -O quê?! -Ele se envolveu com uma galera lá na Arggentina e tomou umas drogas meio pesadas, acabou morrendo de overdose.—Vânia contava de uma forma afobada. -Droga, não acredito...—Marina abraçou Ruubens e começou a choramingar.—E a mãe dele? -Foi ela quem me contou. Está arrasada. SSei lá, ela tinha sonhos para o filho também né?! Apesar de ser meio louca.

“O Fernando era um intelectual mal compreendido, um grande amigo. Tinha um primo argentino e foi morar com ele em Buenos Aires fazia 2 anos. Nós éramos os únicos da turma que não tinham pais, e também odiávamos eles. O Fernando ia mais longe que eu ele também odiava a mãe e os irmãos. Nós passávamos á tarde vendo Sitcoms como: Seinfield, That´s 70 Show e Will&Grace e ouvindo Galaxie 500, Belle and Sebastian eram tardes maravilhosas que passaram muito rápido, vou sentir falta disso. O lance dele ter morrido por causa do consumo de heroína me ajudou a tomar uma decisão importante que eu já estava pra tomar havia muito tempo. Decidi que queria viver, decidi que iria largar algumas drogas que não me faziam muito bem: heroína, cocaína e bebidas de alto teor alcoólico. É claro que guardei isso pra mim e não falei pra ninguém nem mesmo para o Rubens. Só comecei a recusar e dizer que não estava me sentindo bem.”

Aquela noite no Garage foi uma verdadeira festa para Marina, reencontrou alguns colegas e se divertiu como nunca, dançou, entrou na roda de pogo, pulou no mosh e terminou a noite junto com Rubens ao som de Shelter, uma das bandas que eles mais adoravam. As coisas nunca estiveram tão bem para ela. Viver nunca tinha sido tão bom e gratificante. Ao chegar em casa no Domingo de manhã Marina fez questão de contar tudo o que tinha acontecido para Dnª Soraia e logo foi durmir.