Bronka - Bronka

Jorge Rocha

O pai dos burros diz que os subúrbios são bairros afastados do centro da cidade e que, originalmente, era ligado a este apenas por linha ferroviária. Bom, eu não sei se em Jacarepaguá, bairro de onde nossa banda em questão surgiu, existia linha ferroviária há tempos atrás. O que eu sei é que nas regiões mais afastadas do centro vêm surgindo nos últimos tempos muitas bandas interessadas em falar sobre problemas sociais. Nada mais normal, afinal, desde que o mundo das artes existe, muitos artistas tiram do seu dia-a-dia inspiração p/sua obra.

O Bronka, assim como boa parte dos seus vizinhos do Underground, fala sobre tudo aquilo que interfere no seu dia-a-dia. O cd em questão, o primeiro da banda, é um verdadeiro apanhado de ritmos negros que variam desde o rap até o reggae, passando pelo manguebeat de Chico Science. E você deve estar se perguntando, mas e o rock? O rock fica por conta de uma guitarra distorcida, com muito wah-wah que aparece logo no primeiro segundo do cd e só pára na última faixa. Peso e cadência aliados a um vocal fraseado dando ao Bronka proporções de um "Jimi Hendrix Experience" brasileiro do novo milênio. O cd tem 4 músicas todas escritas pelo "mc" Rafael Dverso, com algumas participações do Guitarra Tuninho. Destaque para a letra de "tenta a sorte", última faixa deste cd, que consegue fazer muito bem o seu papel de mostrar o novo rock da periferia carioca que mistura metal, hardcore e rap, sem segregação e fácil de ouvir, até mesmo por aquele ouvido mais bem desavisado, como bem diz o release no encarte: "sem a nêura (e de ser) underground, mas também sem abrir as pernas para Matrix"