Jorge Rocha
“Se o tormento superar e o descanso despejar, o veneno que é pior. Se o descanso germinar e o intento solfejar, a semente do melhor”. Foi assim, logo na primeira estrofe que a banda Noitibó me fez recorrer ao Aurélio. “O maior zircônio cúbico do mundo”, quarto CD da banda, segue um formato ousado no que diz respeito a nomenclatura das músicas. Cada uma tem nomes de números. As faixas 1, 3, 4 e 5 estão trocadas, assim a primeira faixa se chama “CINCO”, a quinta se chama “HUM”, a terceira se chama “QUATRO” e a quarta se chama “3”. Entenderam?
Bem, deixemos de lado as fixações numéricas e vamos ao que interessa: a música. “CINCO”, musica que abre o CD e que eu citei no inicio da matéria mostra uma evolução da banda, um Noitibó novo (mas antigo) que mistura andamentos e ritmos novos. Coisas que remetem á Drum ‘n’ Bass, uma bateria Punk 77 e guitarra Jazz, experimentos musicais que fogem a fórmula do rock que nós estamos acostumados a ouvir. O CD também tem faixas bem Samba-Rock (2) e outras nem tanto (HUM), caminhos que a banda já tinha percorrido em Cd´s anteriores.
“Sim: fé, suor, não há fim. Garçom me vê um gim que é pra isso que eu vim”. “Quatro” é uma das letras mais contagiantes do CD e tem participação nos sopros de trombone (Salles) e Sax tenor (Douglas Galvão), assim como a faixa seguinte, a instrumental “3”. Nas duas últimas faixas reaparecem o barulho das guitarras distorcidas e das viradas do Indie Rock. Coisas como: “Vamos internacionalizar a Amazônia e o Louvre” e “Duchamp verteu o meu mingau”, mostram porque o Noitibó também é respeitado pelos seres mais Punks.