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Mote:
Há quem viva só de sonho,
De saudades vivo eu,
Num dia a dia tristonho,
Porque meu sonho morreu…
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De Saudades e de Sonho
Nas minhas lembranças ponho
Perfume do meu jardim,
Há quem viva só de sonho,
Eu guardo o sonho em mim.
Tudo aquilo que foi meu
Recordo com alegria,
De saudades vivo eu,
Mas ponho nelas magia.
Nem tudo foi tão risonho,
Também vivi desenganos
Num dia a dia tristonho,
Quero esquecer esses anos.
Mas quem é que não sofreu
No seu percurso de vida?
Porque meu sonho morreu…
Não vou sentir-me perdida!
Safira |
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A noite
chegou mansa, leve e fria,
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Apossou-se
das almas sem idade
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E
roubou-lhes o sonho... sem piedade,
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Tomou
conta de tudo, até ser dia.
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Nessas
horas cinzentas e pesadas,
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Desfolhei
minhas mágoas uma a uma,
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Relembrei
desenganos e, em suma,
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Expurguei
minhas dores armazenadas.
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Depois da
madrugada, rompe o dia,
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O Sol
veste de azul o céu que olho
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E pinta de
esperança a minha vida!
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Tão longe
vão as horas de agonia…
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Choro de
emoção e o rosto molho
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Só de te
olhar… na hora da partida.
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Romântica
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Deixaste morrer a esperança
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Que é a última a morrer.
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Não perguntei a razão…
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Não me disseste o porquê.
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Saíste…
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E levaste o sonho embora!
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Mas algo tu me deixaste
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Nas cinzas ainda quentes
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Que sobre mim derramaste.
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Um sentimento de perda,
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Uma tristeza escondida.
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Fiquei sozinha, perdida,
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Saíste…
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Tudo levaste!
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O Sol também foi embora,
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Não era noite nem dia…
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Até eu fiquei de fora
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Da minha vida vazia.
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Uma vida que não presta,
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Uma mágoa tão sofrida
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É tudo aquilo que resta…
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Depois da tua partida.
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Só o amor se escondeu,
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Com vergonha de se expor.
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A amizade é dom de Deus…
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Sobrevive a qualquer dor!
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Colombina
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Laura sentia-se feliz, tudo à
sua volta estava vivo e tinha um encanto especial.
A luz que os barcos ancorados
na doca reflectiam era tão branca e intensa naquela hora do entardecer,
que a faziam sentir-se possuída, ela própria, dessa mesma luz!
Ao fim de dois meses de uma
vivência morna, despertara de novo, só porque abrira um recado dele,
guardado bem lá no fundo da gaveta dos tesouros… e logo se rasgara o véu
que veste o quotidiano e as sensações irromperam em cachão! Corre a
escrever-lhe e num atropelo de palavras intensas, diz-lhe, a terminar,
que queria de volta o homem que punha o seu coração em alvoroço,
queria-o, mais do que tudo, na vida!
Agora, já preparada para
dormir, relembra os acontecimentos do dia e repete para si, como se
falasse para ele:
“Sim, punhas o meu coração
alvoroçado, a pele em arrepios e o pensamento endoidecido, correndo e
saltitando, ora num pé ora noutro, por caminhos nunca dantes pisados, em
que tudo é verde, em que as flores desabrocham todos os dias numa
miríade de cores, enquanto se ouvem campainhas ao longe…
Eu transformava-me em duende,
tudo era magia à minha volta, só porque me dizias uma frase linda, ou me
mandavas um poema escolhido cuidadosamente para mim.
És tu que eu quero de volta,
tal como te mostraste, nu de disfarces, intenso, gentil e amoroso… o
mais encantador, o mais sedutor, que me tomou por inteiro e me deixou
sem defesas.
Quero que encontres esse homem
perdido dentro de ti, e mo dês de presente, tão cedo quanto possível.
Ficamos à espera, as duas… eu
e a outra em que me transformaste, pois não somos nada, uma sem a
outra.”
Laura
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