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ANO NOVO, NOVA VIDA
Na estrada, a magia prenunciada pelas montanhas. "Longe de casa, a mais de uma semana". Bahia; sul da Bahia. Nova Viçosa, mais precisamente.
O perfume da muguegada no ar. CamelBacks exalando álcool pelos quartos. Run, coca, vinho, peixe, farofa e cerveja. Um luau bem diferente (quase rave!). Uma pousada bem "Nacional". "Se você quer, tome! Quer? Quer?". Brasília, São Paulo, Minas e Bahia: um só coração.
Vôlei e caixas de cerva. Novas amizades, a transcender, a transbordar os corações. Resquícios de romances mal acabados sendo sobrepostos por novos romances novos. "Românticos são poucos, românticos são loucos desvairados", canta-se. Reggae, dança-se.
Luta, um soco anestesiante. Sumô na praia. Emoção. Sexo. Sal. Prazer. Romance. Grude. Loucura. Dança. Paixão. Sol, chuva, vento sul. "Uma caixa, uma caixa!", grita, ao longe, uma maritaca psicodélica.
Comoção em um aniversário, olhos ao mar; corações abertos, narcotizados, alucinados pelo amor e pela magia da sinceridade.
Réveillon. Uma saudade de casa inexplicável para o atual estado de embriaguez, ou talvez só mesmo explicada por este. Lágrimas. Uma coincidência inconcebível como simples "coincidência" até para o mais cético. Confissões.
"Pés-de-boi" a trotar como São Jorge. "Gabrielas" extáticas, alucinadas, dançando nuas sobre as mesas. TonTonTonTonTonTonTonTonTonTon!, grita alguém, em demente psicodelia. Mar furioso. A abóbada celeste escura, fechada. Circunlóquios eternos, naquelas horas em que nunca se conseguia atingir o assunto, em si.
"±37 Km de P. Seguro!". Coincidência na estrada. Engarrafamento. Nostalgia. Um pneu furado, e uma mentira a mais. Fotos e lembranças a mais. Duas camisinhas a menos. O Cheiro de Deus, desde Minas, e de volta a Minas, sempre acompanhando nossos passos.
Lembrança de um porto, um rio. Reminiscências de um mar. Um objetivo: aquela ilha, aquela sempre distante ilha. A inalcançável ilha.
Parque de diversões. Canteiro ao centro da avenida. Churrasco. Almoço com muito molho de pimenta. Um exército de 17 dragões, dos mais furiosos, cuspindo fogo por suas bocas, e um deles grávido de 4 meses!
Renovação. Um novo tempo. Alma lavada a sal e maresia, lavada a bebida e amizade. Impossível grafar toda a magia que pairava no ar, toda a magia que transcendia as almas naquele fim de ano.
Anamnese contínua e necessária, tanto já não mais se comenta para a saudade não cortar tanto a alma. A lembrança, porém, é fixa, alternando entre esfera consciente e inconsciente.
Fixa também é a saudade.
Ewerton Martins,
o corneteiro cronista.
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